De novo recolhido ao abrigo secreto para onde já carreei um violino, muitos CDs de música erudita, livros, ouço o vento uivando. Lá fora está frio, sei porque tive que ir buscar mais uns tocos de lenha.
O verão só serve para festa - não conheço um que consiga refletir e meditar no caloraço. Basta ver a superficialidade e a alegria infantilóide dos povos dos trópicos.
Deixando isso de lado, vem de ser promovido a Desembargador um ainda jovem juiz de quem fui professor de Direito Penal I. Além de descender da lendária estirpe dos Fabrício, o rapaz é missioneiro.
E missioneiro é um povo diferente e especial, que não curva a cerviz.
Eis a carta que me mandou agorinha, sacudindo meus sentimentos,
Ruy:
Caprichei na letra, torta e feia. Afinal, o caderno era
novo. E era o primeiro dia de aula. Março de 1984. O professor de Direito Penal
I escreve no quadro: princípio da legalidade. Se vira pra turma e - olhando
como se fosse algo lá longe - diz a primeira palavra que eu anotei na Escola
Superior da Magistratura, proferida por um Mestre: jurisdictio.
Passaram mais de 28 anos, Ruy.
Parece que foi ontem.
Um abraço.
E muito obrigado.
Newton Fabrício