Nós somos a sociedade do individualismo. Cada qual enxerga apenas seu próprio umbigo. Pensamos somente em nós mesmos. Cada um quer mais para si, mais poder, mais dinheiro, mais fama, mais bens, mais direitos, mais, mais, o que interessa é levar vantagem.
Nós somos a sociedade do aluguel. Alugamos tudo, desde roupa de festa, de casamento, carro, moradia, companhia, … uns alugam a sua força de trabalho, outros, seu corpo.
Nós somos a sociedade do descartável, do joga fora; seja lenço ou caráter, latas ou virtude, sobras de alimentos ou certidão de casamento – fora com tudo.
Nós somos a sociedade da substituição e da delegação de responsabilidades. Para nossas crianças, substituímos o aconchego do lar, da família, pelas creches. Sua educação delegamos para as escolas. O amparo aos nossos idosos substituímos por asilos; no lugar de carinho e de cuidados, extremamente necessários no começo e no final da vida, sobra o abandono. Nossos padres e pastores substituímos por gurus, nossos templos, pelos Shopping Centers, nosso Deus, pelo dinheiro.
Nós somos a sociedade da destruição. Nós destruimos florestas, os animais, a camada de ozônio . Poluímos o meio ambiente, as águas, os mares, nossa alma. Destruímos valores humanos essenciais, desaprendemos o valor intrínseco das coisas, apenas reconhecemos valor naquilo que pelo dinheiro pode ser mensurado. Destruímos a identidade de nossas cidades, seus prédios históricos, tradições, diversidade linguística, a vida.
Nós somos a sociedade do barulho; tudo resolvemos no grito, seja pela imposição do alto volume do som nos carros, nos comerciais no radio e na TV, nas festas, na voz de políticos, de pastores da Igreja Universal, ou no altofalante pelas ruas. Quanto mais barulho melhor, não precisamos volver um olhar para dentro de nós e perceber o vazio que nos habita. Já desaprendemos a ouvir e a apreciar os sons da natureza, o som do silêncio.
( continua)