segunda-feira, 9 de janeiro de 2012
SECA E IRRIGAÇÃO - ALGUMAS DÚVIDAS
Já lá vão quase 16 anos que me meti, que nem piolho em costura, no agronegócio. Desses anos, só uns 4 não foram de seca mais ou menos grave. Numa, cheguei a falar com o Érico da Silva Ribeiro, em Pelotas, para levar todo meu gado em carretas para lá, a fim de que não morresse de sede e fome. Faltando uma semana para o transporte de 400 kms, choveu.
É o seguinte: na região Centro-Oeste boa parte dos campos têm afloramento basáltico e não se prestam , de maneira boa, para a agricultura. São mais ou menos bons para o pastoreio nativo. Alguns desses campos são dobrados e cortados por pequenas sangas.
Agora vamos ao nosso caso. Minhas invernadas são todas de mais ou menos 100 ha. Cada uma tem um ou dois açudes.
Atormentado pelas constantes secas, planejei um enorme açude que seria a última salvação quando os outros secassem. Pois ele nunca encheu, em 5 anos. Nunca . E é o primeiro que seca ante o sol inclemente e o " vento da fome" que é o vento leste.
Irrigação? mas como, se é preciso que os açudes encham no inverno e às vezes nem no inverno chove?
Irrigação por gravidade não dá. É preciso que os pivôs funcionam por eletricidade. Quanto custa tudo isso?
Fiz um cálculo. Pelo preço que está o quilo de boi, a gente paga os insumos, paga a folha, mas não pode dar nenhuma zebra para sobrar um pouco.
Eu mesmo só pude fazer todo aquele alarido técnico e coisa e tal em Unistalda por causa do dinheiro que ganhava no escritório. Essa é a verdade real do meu milagre.
Acho que irrigação é importante: vejam o caso de Israel.
Mas não nos acusem de desidiosos por não a termos.
A maioria não tem capital para irrigar suas terras.
Você poderá perguntar: mas como é que fulano irrigou 400 hectares etc.?
Se forem de campo macio e houver consorciação soja e gado, tudo bem. Mas campos de pedra....