Tive a ventura de surgir em meio a famílias muito bem estruturadas. O prazer do meu avô Rudolf era passear pelos potreiros segurando minha mão e da minha irmã Lia. Longas caminhadas, com longos silêncios.
Meu tio materno, Lino, era colono. Ficava feliz quando me convidava a subir na carroça com dois bois ajojados buscar cana cortada para as vacas. Longos silêncios, entremeados de algumas observações.
Estudei no Kappesberg. Havia o " estudo sério" e o " estudo livre". Longos silêncios lendo Winnetou, Laranjas e Tâmaras, etc.
Nessa minha mais recente viagem ví, principalmente no Brasil, pessoas num frenesi com seus tablets. Um passageiro no voo para Lisboa passou toda a viagem freneticamente jogando no seu brinquedinho. Eu cochilava e quando despertava lá estava ele, alucinado, hiper ativo.
Nos saguões dos aeroportos as pessoas não param de mandar torpedos, falar futilidades ao celular e ainda com headphones ao ouvido.
Feito o check in não há mais perigo de overbooking. Então por que esssa ansiedade de todos se aglomerarem em frente ao portão de embarque? O avião só vai decolar ( ou descolar como se diz em Portugal), quando o último passageiro sentar. O avião ainda está taxiando e já querem se levantar.
Sei de pessoas que passam mais de dez horas por dia na frente do computador.
Eu acho que olhar para o céu, ouvir os pássaros, refletir, ler um livro, passou de moda.
A questão agora é: não posso parar; se paro eu penso; se penso, eu choro...