quinta-feira, 5 de outubro de 2023

PARTIU MEU PARCEIRO

 Eu recém chegara, como juiz de direito, promovido de Arroio do Meio, para Santiago. Fui muito bem recebido. Santiago era e é uma  cidade muito, mas muito querida. 

Tratei de baixar as pilhas de processos. 

Com tal fato fui promovido, por merecimento, para outra Comarca. Fiquei só dois anos em Santiago, mas as raízes ficaram.

Fui andando e já como Desembargador conheci o amor da minha vida.

Nova estada fiz em Santiago, desta vez casado com Maristela, minha adorada.

Uma grande amizade que fiz em Santiago foi com uma pessoa vinda de uma família antiga e nobre.

Trata-se de Ítalo Minuzzi.

Era um homem extremamente correto. Dava-se com todas as pessoas. Não pretendia nada com a política. 

Comecei a falar com ele e formamos uma dupla de tênis. Éramos inseparáveis e todas as tardes, depois da hora de expediente, íamos para a quadra. Nas duplas ele  estava muito treinado. Era de uma inteligência nata. 

Não havia necessidade de explicar as regras  do tênis, que por vezes são  esquecidas principalmente com a ética.

Nada de gritos, discussões (como é no futebol, onde reina a bagunça).

Esse meu querido companheiro era um homem exemplar. Ele começou a dar aulas de tênis para jovens e crianças, gratuitamente.

Nunca reclamava quando jogava “às verdas” e perdia. Quando uma bola era duvidosa, se era boa ou fora, ele prontamente dava contra si.

Eu ia muito seguidamente a Santiago para ver como iam nossos negócios e  o procurava tão logo chegava na cidade.

Era algo maravilhoso, porque nos sentávamos perto da quadra e íamos conversando.

Nos encontros com amigos, Ítalo  era o primeiro a se prestar para assar o churrasco. Era de uma sensibilidade muito grande. Jamais o vi ou ouvi falando mal de quem quer que fosse.

Volto  para nossa casa em Santiago e na da Fazenda.

Fiquei, por motivos de negócios, uns meses sem encontrá-lo.

Acontece que meu inesquecível parceiro estava com problemas de saúde  e teve que ser hospitalizado. 

Achei que não era algo tão grave. 

Pois é: meu amigo e atleta querido, se foi sem avisar.

Trocou de parceiro celestial. Foi para o céu.

Deverá estar ensinando tênis aos anjos.