sexta-feira, 5 de maio de 2023

PASSANDO POR FRITZ E FRIDA

 Podem perguntar a qualquer um. 

Quem nasceu em Santa Cruz e, por contingências, teve que sair, nunca se esquece desse maravilhoso lugar.

Sempre me vêm as lágrimas quando passo pelo viaduto Fritz e Frida.  

Venho lá de longe, de onde está nossa  fazenda em Unistalda e onde temos, bem pertinho, uma casa em Santiago. 

De madrugada saímos descendo a serra para passar por Jaguari, São Vicente, São Pedro, Santa Maria. 

Aí  opto para seguir, não por São Sepé, mas pelo  caminho que leva a Santa Cruz,  até chegar a Porto Alegre, onde também moramos.

São seis horas de viagem, se não houver alguma tranqueira.

Por vezes penso em entrar na cidade e ver como vão meus parentes. Quase nunca dá. E somos poucos. Uma irmã é falecida; a outra mora em Porto Alegre. Meus pais são falecidos. 

É muita saudade.

Gosto de parar ao passar pelo estabelecimento do  sr. Schuster, sempre ao lado de sua querida esposa. É aquela conversa boa, sempre falamos em alemão e compro um monte de linguiça. O papo vai sobre o gado, a falta de chuva, etc.

O sr. Schuster é uma pessoa carinhosa, pois esse dias cheguei atrasado (ele fecha ao meio dia), mas me viu da janela de sua casa. Me acenou e assim pude comprar suas iguarias.

Pronto: não faltaria por bom tempo esse alimento tão gostoso e prático.  

Embarquei na  caminhonete, respirei fundo, e falei com minha mulher: eu não tinha como ficar entre meus amigos de infância e juventude. O destino me mandou para outras plagas, onde também  me dei bem.

Próxima parada:  uma bela confeitaria, 

Não conheci ninguém no recinto, mas aquilo parece ser  a Alemanha, de tanto cuidado e capricho. 

Sigo em frente, remoendo muitas coisas.

Minhas aulas de violino com a Senhora Amália Eidt. Rigorosa até na postura com o instrumento, inclusive os pés. 

Era uma senhora bem magrinha, super caprichosa na sua casa. Se eu tocasse um tom diferente do que estava na pauta, ela interrompia com muita delicadeza. Detalhe: eu vinha com o violino e ela mandava eu o  afinar. Não se contentava facilmente. Assim faço hoje com meus filhos que tocam algum instrumento.

A propósito sempre me lembro, ao passar por Santa Cruz, das minhas tias Brunhilde e Hildegard, ambas falecidas. Nas minhas férias eu ia a Boa Vista na casa de meus avós paternos. As duas eram exímias em vários instrumentos, inclusive a cítara.

Tia Hildegard era muito alegre e tocava gaita. Tia Brunhilde, quando solteira, me dava também aulas de solfejo.

Não tenho como agradecer essas queridas tias.

Bom, passei por Santa Cruz. 

Cessem as lágrimas e reminiscências.

“Siga el corso”