sexta-feira, 5 de novembro de 2021

QUANDO ESCREVO - RUDOLF GENRO GESSINGER

QUANDO ESCREVO


Normalmente acontece no intervalo entre duas tarefas. 


Às vezes no final de uma que quanto mais perto de terminar, mais demora.


Alguma coisa em certos dias é sorteada para ser interrompida.


Uma sensação que vem como um convite pra me desconectar do que for.


Do que estiver me prendendo.


Chega sutil, tateando o foco da minha atenção.


Como alguém que assopra suavemente o ouvido de uma pessoa bem próxima.


Mas, sem dizer nada, se afasta devagar e na ponta dos pés.


Começo a caminhar errático. Bagunço meu apartamento com uma facilidade incrível!


Já é madrugada de terça para quarta-feira e algumas coisas... já poderiam estar prontas.


Algumas semanas são iguais aos anos no Brasil: só começam mesmo depois do carnaval.


Hoje não vou encontrar solução pra mais nada.


Nem vou parar para escrever: fica bom o que eu escrevo troteando. 


Quando viajo também. Escuto música, que, junto com a paisagem, me alisam as ideias. 


A que não estiver pronta puxo pelo rabo. Gravo áudios que depois escuto, lapido e passo a limpo. 


No próprio celular ou numa folha de papel, só depois de pronto que meu texto vira um alvará para ter uma boa noite de sono.