quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

HISTÓRIAS DE VIDA

Não sei onde li essa pequena fábula. Duas rãs saltavam alegres e fagueiras por entre tambos cheios de leite. Acabaram caindo em um tarro. Uma, lamentando sua má sorte, não tinha como sair, conformou-se e morreu afogada. A outra não se conformou e começou a espernear freneticamente. Lá pelas tantas o leite transformou-se em manteiga, de modo que a rã saltou para fora do tarro salvando-se. Me encantam os relatos de pessoas que nasceram em lares humildes, praticamente não tinham como se instruir, mas que deram um jeito de estudar, passando frio e fome, mas não se entregando. Quantos de nós, da região de Santa Cruz, não teriam condição de estudar em Porto Alegre, não fosse a bendita Casa da Uesc, na Capital. Semana passada recebi do sr. Renato Jackisch o seguinte mail: “Identifico-me em tantas e tantas situações relatadas em sua vivência, principalmente até o início das atividades profissionais. Com origem humilde, no interior de Sinimbu, inicialmente sem luz elétrica em casa e desde muito cedo trabalhando em todas as lides rurais que se apresentavam. Para ir ao colégio, caminhava mais de 03 km a pé e procurava nunca faltar, quer chovesse, fizesse frio ou calor. Nunca fui o aluno de melhor nota nos boletins. Havia uma colega que sempre tirava o primeiro lugar e me acompanhou de primeiro ano primário até o fim do primeiro curso de graduação. No mês que cheguei mais próximo, ela simplesmente fez média 10 em todas as matérias. Com muito esforço de meus pais e recebendo meia bolsa de estudos, consegui vir diariamente de ônibus a Santa Cruz do Sul e estudar no Colégio Mauá, onde tentaram me dar o apelido de “colono”, o que na época não era “bulling” e sim resolvia no soco. Hoje formado em Ciências Contábeis, Administração de Empresas e Direito, tendo trabalhado em todas as áreas de formação, administro a empresa Excelsior Alimentos S/A, integrante de um grande grupo empresarial com atuação a nível mundial. Mas onde quero chegar. No ano passado reunido num summit em São Paulo com os meus pares diretores e a presidente, em conversa de conhecimento, verificamos que a metade dos diretores e a própria presidente tem origem humilde, da roça, passaram muito sacrifício e chegaram aos cargos que ocupam por competência. Para nenhum deles faltou atitude, dedicação, humildade, simplicidade, disponibilidade, retidão, ética e principalmente trabalho desde muito jovem, o que hoje lamentavelmente é proibido. Trabalho nunca fez mal a ninguém. Lamentável que maus legisladores não pensam assim. “ Vou atrás de mais históricos.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

ARTIGO DO JORNALISTA E ESCRITOR JOÃO LEMES

O ano da conexão, solidão e negação (João Lemes) Este foi o ano da conexão virtual. Chegamos ao ápice tecnológico. Até o mais avesso à tecnologia precisou se conectar. Em face disso, terminamos o ano mais solitários e menos solidários. Notamos que é fácil conversar, aprender, trabalhar on-line. Difícil é resolver um velho problema do humano; a falta de afeto. Cedo ou tarde vamos descobrir que a rede não é capaz de fazer isso. Vamos notar que amigos on-line não conseguirão servir uma sopa quando estivermos na cama. Hoje é mais fácil conversar com alguém no Japão do que ouvirmos nossa esposa (o) no café da manhã. Ambos só olham o celular. Estamos com estranhos em nossa própria casa. O escritor Yuval Noah Harari diz que o teste crucial do Facebook virá quando um engenheiro inventar uma ferramenta que fizer as pessoas ficarem menos tempo comprando on-line e mais tempo com os amigos. E aí, será que o Facebook vai arriscar, vai privilegiar preocupações sociais em detrimento dos interesses financeiros? No findar de mais um ano, reflita sobre as revoluções, mas não aquelas a cargo de fanáticos religiosos, exércitos ou políticos. Falamos da revolução educacional, a única que vai nos tirar da alienação e que nos arrasta para o abismo como moscas para o mel. Marcar todas como lidas Compactar Esvaziar Recolher todas as pastas Expandir todas as pastas Abrir em nova janela

terça-feira, 29 de dezembro de 2020

SOBRE A VACINA

PORQUE AINDA NÃO TEMOS VACINA O maior desejo de todos no ano novo de 2021 é a saúde - a vacina eficaz contra o coronavírus, a queda abrupta das internações e mortes, e o instante sublime em que, de algum modo, nos toque o sentimento de que os tempos voltaram a um certo grau de normalidade. Enquanto escrevo, a vacina já está sendo aplicada na Austrália, Nova Zelândia, Estados Unidos, países da Europa e da Ásia. Aqui na América Latina, somente o Chile e o México começaram a imunização em seus territórios. E a nossa vacina para quando fica? Ninguém sabe. A data mais próxima e otimista é a de 25 de janeiro, a promessa do governador João Doria, de São Paulo, da vacina chinesa Coronavac e do Instituto Butantã. Mas ainda não dá para cravar. Seria possível, em diferentes circunstâncias, que igual ao México (PIB 40% menor do que o Brasil) e ao Chile (PIB menor do que o estado de Santa Catarina), já tivéssemos na fase da vacinação? A resposta, mais do que óbvia: claro que sim – se eles podem, nós também poderíamos. O que faltou, então? Faltou firmeza no trato da doença, faltou foco, faltou planejamento. Faltou governo. O governo brasileiro dançou o tempo todo na beira do precipício, negando a gravidade da doença e hostilizando toda experiência acumulada no combate à pandemia. A pandemia não era, pois, uma tragédia sanitária de proporções épicas, mas um incidente trivial, a ser enfrentado com um kit de cloroquina e uma cartela de vermífugos. Se era uma gripe comum, por que concentrar atenção e esforço na aquisição de vacinas? O governo operou em uma frequência única: comprar briga com todos os "dissidentes", fossem eles governantes estaduais e locais, cientistas renomados, médicos especialistas e até seus próprios ministros de Estado, para fazer prevalecer a sua extravagante concepção sobre o fenômeno. Nas redes sociais hordas de ignorantes ecoavam, com o ardor dos fanáticos, as suas certezas, ignorando avisos, sinais, pesquisas em curso, evidências médicas e científicas. Ao desprezar a Covid-19, ao considerá-la uma doença curável facilmente com um "kit" de medicamentos inócuos, inúteis, senão prejudiciais, não passou na cabecinha dos governantes a ideia de se prevenir para o pior, adquirindo com antecedência lotes de vacinas de várias procedências – a primeira a ser aprovada estaria imediatamente disponível para a vacinação. Foi isso que os países que já estão imunizando a população fizeram. O governo fez uma aposta única, exemplo deplorável de imprevisão e negligência, na vacina inglesa AstraZeneca-Oxford, e torpedeou o quanto pôde, com palavras e ações concretas, a iniciativa do governo paulista e a sua associação com o laboratório chinês Sinovac, gerando uma competição cretina, fora de hora e de propósito, na qual o grande perdedor é o povo brasileiro. Se tivesse governo, a estas alturas já teríamos milhares de brasileiros imunizados contra a Covid-19. Tivemos o grande azar de ter eclodido, justamente durante o pior governo, a mais devastadora crise sanitária do país. Olhando em perspectiva, e talvez porque Deus seja brasileiro, o estrago poderia ser ainda maior. titoguarniere@hotmail.com

quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

MEUS NATAIS

Bom, na verdade quase nunca recebi de graça nada do Papai Noel. Meu pai tinha armazém e na véspera do Natal tínhamos que distribuir encomendas e bebidas. Aos 14 anos eu já o acompanhava . Minha maior honra foi quando consegui carregar nos braços um saco de farinha Donângela de 25 quilos. Engradados de coca-cola, de madeira, deixavam colorida minha camiseta, pois a tinta se soltava. Já contei que quando entrava no Quiosque do sr. Antelmo Emmel, carregando um engradado, alguns conhecidos caçoavam de mim, numa boa: “ e aí escravo!”. Eu dava de ombros, afinal estava ajudando meu pai e trabalhar nunca foi vergonhoso. Cresci numa família que tinha alegria pelo trabalho. A mãe fazia um pinheirinho e cantávamos. Mas nem sabíamos o que era peru, champanha e essas coisas. Era cantar , jantar frugalmente , rezar e ir dormir para ir cedo na missa no dia 25. Eu era coroinha e não podia falhar. A missa das 9 era para as famílias ricas, eu ia bem cedo.. Saíamos em seguida para Boa Vista passar o dia com nossos avós e tios. Geralmente ao fim da tarde vinha uma chuvarada e meu pai nos punha dentro de sua caminhonete Dodge. Atenção jovens de 40 anos: não havia ar condicionado, nem assentos na carroceria. Íamos tomando chuva achando muita graça. Presentes? bem simples. Mas num natal, num gesto hercúleo ,minha mãe comprou uma camiseta do Inter na loja do sr. Dreyer. Eu dormia abraçado nela. Vamos para outras paragens. O RGS , a oeste de Santa Maria e Santiago, é outro departamento. No interior os costumes são muito diferentes. Gente simples, muitíssimo solidária.Pomares e jardins, flores ,não são grandes prioridades, salvo exceções. Gostam , adoram, idolatram os cavalos. Lá não há times grandes de futebol.Lá gostam de rodeio. Decidi oferecer na fazenda uma festinha de Natal. Gente pobre da redondeza e os filhos dos peões. A festa seria no galpão grande onde se guarda o maquinário. Pegamos uma carreta e escondemos um peão, vestido de papai noel, debaixo de uma lona. A piazada ansiosa pelo Papai Noel e seus presentes. Dei um grito: “ apareça Papai Noel!!!” Pois não é que o peão atirou a lona para cima e pulou para perto da criançada. Foi um alarido, mulheres correndo, estrupício total, debandada, crianças chorando. Um escarcéu.Mas terminou tudo bem. ---------------- Eu cursei o primário no Liceu São Luís em Santa Cruz. A cada fim de mês eram entregues os boletins . O professor começava pelo primeiro lugar. Quase sempre era o Telmo Kirst. Desde piá era um líder. Revelou-se, como era esperado, um grande administrador. Perda lamentável.

terça-feira, 22 de dezembro de 2020

MARCAS PROFUNDAS -TITO GUARNIERE

MARCAS PROFUNDAS No livro de Zuenir Ventura, clássico de uma época, 1968 (foi) o ano que não terminou. O ano de 2020, onde estamos, ainda não terminou, e no cenário de uma vida normal do Brasil e da humanidade, nem começou. Ventura quis dizer – e disse como ninguém – que 1968 fora uma espécie de ruptura do tempo, uma rachadura singular da história – em que os nossos sonhos, de que seríamos felizes e capazes de construir uma grande nação, pereceram no breu da noite ditatorial. O ano de 1968 foi escrito a ferro, com muita dor e sofrimento, mas na perspectiva pareceu um ponto de partida. A tempestade de 1968 seria o aviso, o prenúncio de uma certa paz, uma certa fase da vida em que todos poderiam respirar o ar puro da liberdade. 2020, não. Há honra, glória e profundo senso de humanidade no esforço ingente de médicos, enfermeiras, cientistas, na busca desesperada para diminuir o sofrimento dos contagiados pela doença. Mas com certeza eles prefeririam não ter experimentado, e encarado o olhar e o gesto emocionado de gratidão pelo pai, ou pelo filho que se recuperou. Todos nós sabemos o quanto essas pessoas são merecedoras de nosso eterno reconhecimento. Enfim, neste ano doloroso de 2020, talvez fique alguma coisa. Das guerras, e ao final, apesar de todos os cadáveres estendidos no campo da batalha, sempre se pode alegar com um avanço nos inventos humanos, para a sua mobilidade e deslocamento, ou uma conquista importante de tratamento da ferida, da sequela, da doença. Nada disso compensa os horrores da guerra. Tudo indica que logo estaremos sendo vacinados. Foi um feito e tanto. Nunca os homens se uniram, gastaram tanto dinheiro, tanta dedicação e trabalho na busca tresloucada de um remédio – alcançado em tempo impossível de se imaginar, considerados os padrões existentes. Nunca uma plêiade de homens e mulheres fez tanto pela humanidade. Mas por que não pensar que os recursos alocados poderiam ter sido alocados, por exemplo, para o saneamento básico? Nada será como antes. Não estou falando do isolamento social e de todos os efeitos que se acumulam no nosso exílio voluntário, ou os novos hábitos de higiene, o home office, a proteção facial, mas de que modo cada um de nós sairá diferente do ano que não terminou, não começou e nem deveria ter acontecido. Todas as condições de nossa coexistência comum foram dramaticamente afetadas. Não sairemos ilesos do flagelo. Os eventos deste ano tenebroso estão incorporados de forma indelével, nas nossas mentes e nos nossos corações. Alguns – talvez – sairão mais fortes e resilientes. Em outros, a pandemia deixará uma nuvem que ficará pairando sobre as cabeças, manifestando-se ameaçadoramente, conturbando nossos sonhos e os fatos da vida real. Quando nos dermos conta, naquele instante de aflição, lá estará a sombra do flagelo que nos fará companhia – inafastável – em meio ao trajeto que nos é reservado. Alguma coisa isso tudo quis dizer. Precisamos encontrar o lugar de vida, de fala, onde possamos de pronto reconhecer que não somos o centro do mundo, não somos melhores do que ninguém, e não temos a chave de todos os enigmas. titoguarniere@hotmail.com

quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

SEMANA DA IMIGRAÇÃO ALEMÃ

Eu fui verdadeiramente aquilatar o valor de ser iniciado no idioma alemão,desde o berço, ao ingressar na Faculdade de Direito da UFRGS em 1965. Como já falei nesta coluna a faculdade era um ninho de águias e havia um verdadeiro culto de muitos professores pelos grandes teóricos do direito romano-germânico. Numa das primeiras aulas um professor que falava sobre Savigny pronunciou “ Volksgeist” ( espírito do povo) assim: “volgeist”. Quando terminou a aula me aproximei do mestre e perguntei se ele se interessava em saber como se pronunciava isso em alemão. O professor, que estudara a matéria em tradução espanhola , concordou. Então lhe disse: é “ folksgaist”. O lente me agradeceu muito e desde aí muitos professores me perguntavam como se pronunciava determinado vocábulo alemão. Hoje posso dizer que numa banca de exame oral no concurso para juiz de direito o examinador e eu vivemos uma casualidade. O ponto versava sobre “ posse, propriedade e detenção”. Perguntei se poderia iniciar pelo direito romano-germânico. Golaço, nota máxima. Quer dizer: em Santa Cruz, quando ainda criança, ouvia , de vez em quando: “ alemão batata, come queijo com barata” . Em Porto Alegre saber alguma coisa de alemão era a glória. Minha mãe gostava muito de cantar hinos religiosos em alemão. Quando eu morava ainda em São Leopoldo, meus filhos estudaram no Colégio Sinodal, onde se ensinava também o alemão. Um dos filhos me disse certa vez: “ pai, eu me interesso muito mais pelo inglês, o alemão não serve para nada”. Sempre redarguia com bom humor : “ calma guri, o inglês é o alemão mal falado. Um dia o alemão te será útil”. Bingo. É engenheiro e encontrou colocação numa empresa alemã,onde mora há anos. Por isso parabenizo a todos aqueles que instituiram a “ Semana da imigração alemã de Santa Cruz”. O legado que os imigrantes nos deixaram é de infinita valia. Há milhares e milhares de publicações nesse idioma, que sempre nos será útil. Os idiomas são “ seres” vivos, em constante evolução e mutação. Basta se ver o que aconteceu no pós guerra: uma enxurrada de anglicismos e galicismos. Nada obsta, portanto, que falando em alemão e não sabendo qual um vocábulo, meta o correspondente em português e bola para frente”! -------------- Em nome da família Gessinger quero agradecer penhoradamente ao meu amigo de infância André Jungblut e aos redatores da Gazeta do Sul, pela belíssima e carinhosa matéria sobre o Padre Affonso Gessinger, conhecido também por Affonso de Santa Cruz, nascido em Boa Vista, terra linda que ele nunca esqueceu.

terça-feira, 15 de dezembro de 2020

Tito Guarniere vem com tudo

Anterior PróximoMensagem 5 de 8 Coluna Responder para o remetente Hoje 13:27 T Tito Guarniere Para: titoguarniere TITO GUARNIERE QUEM É O PIOR? Quem é o pior dentre os piores? Esta semana despediu-se Marcelo Álvaro Antônio, do Turismo. Já foi tarde, porque não há notícia de uma só iniciativa exitosa, de uma só boa ideia para o nosso turismo. Ele foi sem nunca ter vindo. O seu substituto é Gilson Machado. Se também não fizer nada ao menos a pasta estará ocupada - segundo consta - por um bom sanfoneiro. Outro, é o ex-superministro, ex-joia da coroa bolsonarista, hoje uma bijuteria barata: Paulo Guedes. Ninguém sabe se é ele que comanda a economia ou se é a economia que o comanda – falta-lhe plano, foco, bússola. Ele vai entrar em férias de 22 dias. A ausência não será muito notada e até pode acontecer alguma coisa boa na economia. Personagem a ser lembrada é Damares Alves, ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, com aquele ar de suburbana deslumbrada, com aquela cabecinha voltada para o século passado, rainha das vacuidades, poderia ser uma boa candidata ao título de pior. Mas ela é mulher, ministra da Mulher – deixem-nas em paz. O general Augusto Heleno, da Segurança Institucional, é candidato forte. Primeiro porque ninguém sabe o que ele faz – embora isso seja normal em um serviço de arapongagem. Era para ser uma espécie de moderador nas relações do Executivo com os demais poderes. Às vezes é ele que cria a balbúrdia. É fácil trazê-lo a um estado de irritação. Quando atacam o governo, o general de pijama reage como se fosse comandante de tropa em prontidão. Outro general da lista é Luiz Eduardo Ramos, ministro da Secretaria de Governo. O espaço é pequeno, então, invoco desde logo o testemunho de gente que o conhece. Ricardo Salles o chamou publicamente de "Maria Fofoca" e o agora ex-ministro do Turismo, disse que ele – o general – é um traíra. Não é homem para se ter como vizinho de porta. O Ministério do Meio-Ambiente cabe como uma luva em um governo negacionista. Ricardo Salles nega o aquecimento global, minimiza as queimadas, diz que são caboclos e indígenas que ateiam fogo nas matas, e não madeireiros e plantadores de soja. Salles trabalha nas sombras, diuturnamente, para a desconstrução das normas ambientais existentes e dos organismos de proteção ambiental. O ministro astronauta Marcos Pontes, se teve alguma iniciativa digna de registro na sua área de ciência e tecnologia foi a do uso de um vermífugo (Annita) para combater a Covid-19. Pontes é também militar – como militar gosta de se intrometer em problemas de saúde! – deve ter tomado o remédio, o que não o livrou da doença. Mas o astronauta, agora desvermizado, deu a sua contribuição para o anedotário nacional. Há dois ministros singulares a seu modo, um que todo mundo conhece – Onyx Lorenzoni - mas ninguém sabe o ministério que ele ocupa. Outro, que todo mundo conhece o Ministério - da Educação - mas ninguém sabe o nome do ministro. Bem, não há surpresa, o pior ministro de Bolsonaro é um general da ativa, cuja única virtude é a de acudir à voz do dono, e que ocupa de uma forma, digamos, doentia, o mais importante ministério durante uma pandemia. The winner is Pazuello, Eduardo Pazuello. titoguarniere@hot.mail.com

domingo, 13 de dezembro de 2020

ARTIDO DE FERNANDO SILVEIRA DE OLIVEIRA

ARTIGO: O egoísmo e a cegueira política que deixaram o Vale do Jaguari sem voz na Assembleia Legislativa Responder para o remetente Sáb. 14:11 F Fernando Silveira de Oliveira Para: O egoísmo e a cegueira política que deixaram o Vale do Jaguari sem voz na Assembleia Legislativa *Por Fernando Oliveira Ao dedicarmos um tempo para estudarmos o motivo de existir uma representação política, podemos perceber, com muita clareza, o quanto ela é necessária pra respaldar os interesses e pleitos de um grupo, de uma cidade e até mesmo de uma região. A democracia representativa é organizada de tal forma, que esses segmentos sejam ouvidos através de seu representante eleito. Para permitir que grupos menores tenham as mesmas oportunidades, o sistema eleitoral adota métodos como a proporcionalidade e agora também as ditas sobras eleitorais. Nessa representação política, o Vale do Jaguari sempre encontrou em deputados federais de outros lugares, a parceria necessária pra que nossos anseios ecoassem no Congresso Nacional. Já na esfera estadual, a representação sempre foi nossa, própria com representantes da terra. Essa representação fazia, inclusive, com que cidades maiores como Santa Maria, encontrassem no nosso deputado estadual a voz responsável por defender os interesses macrorregionais. A região foi cada vez mais permeabilizada por candidatos de outros lugares, fazendo com que os votos sejam pulverizados, e a nossa unidade descaracterizada. O resultado? Não temos nenhum deputado estadual do Vale do Jaguari, e todos os nossos pleitos precisam ser terceirizados a parlamentares de outros lugares. Outro motivo, para falta de representação da terra, é a cegueira política que divide a região por questões partidárias e ideológicas, e deixa de lado o anseio maior que é a unidade em torno de um nome que tenha condições eleitorais de chegar a Assembleia Legislativa e defender o Vale do Jaguari como tanto precisamos que sejamos defendidos. Nas eleições de 2018 a região teve cinco candidatos, que dentro dos nove municípios somaram 35.277 votos, suficiente pra eleger um deputado. Isso não aconteceu em função da própria divisão. O candidato mais votado, dentro e fora da região, foi o ex-prefeito de Santiago, Júlio César Viero Ruivo (PP) que não alcançou uma cadeira na Assembleia por 5.996 votos. Ele totalizou 27.695 votos. Algo extremamente possível se a região tivesse se unido em torno de seu nome. No mesmo pleito, 74.276 eleitores foram às urnas no Vale do Jaguari. Se todos os eleitores dos nove municípios que formam nossa região (Mata, São Vicente do Sul, Cacequi, São Francisco de Assis, Santiago, Nova Esperança do Sul, Jaguari, Capão do Cipó e Unistalda) depositassem seus votos em candidatos da terra, poderíamos, com muita tranquilidade, termos até dois deputados estaduais na Assembleia Legislativa. A falta de unidade em um nome, as divisões locais e a pulverização de candidatos aventureiros de fora, são os motivos pra que isso não tenha acontecido. A busca por infraestrutura que possa permitir que os negócios na região possam crescer; a necessidade de boas estradas para que nossas produções agrícolas possam escoar com efetividade; e que o turismo regional possa ser um atrativo a mais, são pautas que passam permanentemente pelo parlamento estadual. Mas para isso, não podemos mais aceitar que nomes da região sejam usados pelos partidos pra captar votos só pra ajudar as legendas partidárias. Precisamos deixar esse egoísmo de lado e buscar unidade em torno de um nome, em um movimento suprapartidário que vise unicamente à ocupação desse espaço, que muitas vezes já foi nosso. Não partidos, mas a região precisa de um representante na Assembleia Legislativa. *Fernando Silveira de Oliveira, 25 anos, bacharel em Direito, estudioso de Direito Eleitoral e Vereador mais jovem eleito em Santiago nas eleições de 2020. Fernando Oliveira Santiago - RS - Brasil Fone: (55) 9.9675-3496

sábado, 12 de dezembro de 2020

MAIS UM BELO ARTIGO DE FRANKLIN CUNHA

A mão do executivo Nos meus tempos de piloto de linha aérea, vivi muitas situações que, "nos vagares de algum verão", passarei para o papel. Um episódio, no entanto, por ser tão verossímil quanto estranho, irei contar aqui e agora.. . Um dia, pilotando entre Rio e Belém um dos velhos Curtiss Comander C46 que eram como besouros - voavam contrariando as leis da aerodinâmica- ao passar pela cabine dos passageiros, fui chamado por um deles. Confundindo-me com um comissário de bordo, pediu para lhe cortar o bife do lanche. Quando descobriu que eu era o piloto, a carne já estava cortada e uma conversa inteligente e cordial tinha se estabelecido. Tratava-se de um geólogo, trabalhara no Oriente Médio numa companhia de petróleo inglesa e faltava-lhe a mão direita. Explicou-me que tinha dificuldades para executar algumas tarefas mas tantas amizades fizera ao contar a causa do defeito que, às vezes, até se divertia com ele. Revelou-me então que recém-formado, em parte por espírito de aventura e mesmo por não conseguir emprego, aceitou a oportunidade da empresa britânica que iniciava a prospecção de petróleo num país árabe. Solteiro, morava numa confortável e ampla casa e tinha a seu serviço um empregado tão eficiente quanto confiável. Eis que um dia a confiança transformou-se em sólida suspeita, quando do sumiço de seu Patek Phillip de ouro. Bela e preciosa jóia, fora comprada em Londres numa de suas viagens à sede da empresa. Com certa relutância, diante das negativas do até então honrado serviçal, mesmo assim resolveu demiti-lo e denunciá-lo à polícia. Dias depois, ao tentar se informar do destino do ex-empregado, ouviu estarrecido do comissário do dia, que o ladrão já tinha sido castigado de acordo com as leis islâmicas, isto é, sua mão fora decepada. É claro que um enorme sentimento de culpa invadiu a consciência de meu passageiro que, entre um e outro gole de café, contou-me o fim da história. Com a vaga deixada pelo infeliz ex-empregado, a desordem e a sujeira tomaram conta de sua casa e um novo caseiro foi contratado. Todos os móveis tiveram de ser deslocados para completar a limpeza e tão minuciosa ela foi feita que debaixo de um sofá foi encontrado o Patek Phillip de ouro. No mesmo dia o geólogo dirigiu-se à polícia para informar de seu terrível equívoco, pois já que não podia recuperar a mão, faria tudo para restituir a honra de quem tinha sido injustamente castigado. Revelado o fato do encontro do relógio, de imediato o acusador passou a acusado, preso, julgado e castigado como mandam as leis islâmicas: sumária e cruentamente, no mesmo dia foi-lhe decepada a mão direita. Após alcançar-lhe um Cointreau que o comissário de bordo ofereceu, despedi-me entre horrorizado e condoído com o infortunado geólogo pois meu colega de pilotagem chamava-me para iniciar o procedimento de pouso do velho Curtiss Comander C46 no aeroporto de VaI de Cães de Belém do Pará. Franklin Cunha Médico Membro da Academia Rio-Grandense de Letras

quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

PELAS CURVAS DA VIDA ||

Vários leitores sugerem que eu conte mais da minha experiência no agro. A pecuária extensiva tem uma característica que quase nenhuma outra atividade tem. Na época em que quase nenhuma empresa tem muito estoque, o pecuarista tem um estoque de milhares de cabeças, entre bois, vacas, touros, terneiros. E mais: estoque vivo. É só dar uma seca grande e pronto, teu gado emagrece. Existe, também, o problema do abigeato. O pior é que vais descobrir isso só dias depois, no momento de contagem das reses em cada invernada. É alta a frequência de raios. No que tange ao gado só resta torcer para que não se encostem nos fios do alambrado. Cansei de perder várias reses numa só tempestade. Na fazenda tu és um solitário, com teus peões. Na primeira trovoada se vai a luz, ou por raio ou por rompimento de fios. Na cidade tudo se conserta em poucas horas. No campo leva intermináveis dias. Resumo: o fazendeiro é o último a receber socorro. Primeiro vêm os da cidade e não adianta chorar. Por isso é importante ter um gerador em casa. Hoje tens que furar um poço artesiano e instalar uma enorme caixa d’água. As estiagens são endêmicas na nossa região. Há que se puxar a guaiaca e encher os campos de açudes. Hoje há empresas especializadas que vêm com maquinário apropriado. Na fazenda temos foco na pecuária de corte. Por essa razão não criamos porcos, nem que seja para consumo próprio. É mais negócio comprar essa carne no supermercado. Depois de um tempo parei de carnear gado para subsistência na fazenda. Mata o boi no chão, arrasta para o galpão, vai carneando e as moscas em volta. Achei melhor comprar carne do frigorífico, dá menos estrepolias e se mantém a higiene. As ovelhas sim, essas são de carnear mais rápido. O mesmo raciocínio tenho para as galinhas. É mais barato e menos trabalhoso comprar o milho do que plantar e designar um peão para a capina. Uma questão importante é a convivência com o capataz e com os peões. Para todos dou senhoria: seu Júlio, seu Carlos, Dona Maria. O capataz e a família moram na fazenda. Já alguns peões preferem ir dormir em casa. Sempre achei conveniente não permitir que os peões tenham seus próprios animais dentro da nossa propriedade. No que tange à esposa e filhas do capataz deve haver muito tato, cuidado e respeito. Se o capataz não está em casa , não se deve entrar.No caso de uma necessidade, conversa-se sem entrar. Para que não surja uma demanda trabalhista é melhor pagar salário para a esposa do capataz, assinando a carteira . Um dia falarei sobre o mio-mio.

terça-feira, 8 de dezembro de 2020

SOBRE MORO - TITO GUARNIERE

MORO, ÉTICA E IMPRENSA O ex-juiz Sérgio Moro não parece ligar muito para certas formalidades éticas. Tendo sido o juiz responsável pela condenação de Lula, impedindo-o de concorrer, e escancarando o caminho para a vitória de Bolsonaro, não se acanhou em aceitar o convite do novo governo, para assumir o Ministério da Justiça. Moro poderia condenar Lula – mesmo com todos os questionamentos que hoje existem a respeito de sua atuação no caso – mas ao aceitar o cargo no governo Bolsonaro, faltou-lhe o senso comum de honra e decoro. Não basta ser honesto, tem de parecer honesto. O ex-juiz deu razão a todos os seus detratores – para usar uma palavra em voga. Moro, com a sua peculiar visão ética, agora aceitou novo cargo, desta vez de diretor de uma companhia multinacional de consultoria, a Alvarez & Marsal, que vem a ser a administradora da recuperação judicial da Odebrecht, e que, a bons preços, presta serviços a outras empresas enroladas na Lava Jato, como a OAS, a Sete Brasil e a Queiroz Galvão. Ou seja, mudou de lado no balcão. Antes o juiz implacável brandia a mão de ferro, autorizando delações premiadas, grampos telefônicos, quebra de sigilo e prisões em alto estilo, inculpando e condenando a penas duríssimas dirigentes de empresas envolvidas, como a Odebrecht. Agora, é diretor de uma empresa que tem a obrigação legal de promover a recuperação de uma das empresas, a Odebrecht, e de outras, que ele – Moro – ajudou a quebrar. Diz-se que ele não tratará de assuntos de empresas e dirigentes que foram objeto de sua atuação como juiz. Há otários para todos os gostos, como aqueles que dão crédito a essa versão sebosa, ofensiva à inteligência, de que Moro foi contratado por outras e altruístas razões, que não fossem o conhecimento, por dentro e no detalhe, dos eventos relacionados com a Lava Jato. Já o Ministério da Fazenda, cujo titular é o confuso e ineficiente Paulo Guedes, contratou uma empresa de consultoria – sempre elas, empresas de consultoria! - para classificar jornalistas, economistas e professores universitários, entre detratores, neutros-informativos e favoráveis ao governo. O viés dessa lambança é abusivo e autoritário. A lista é mal feita, quase aleatória, ignora nomes relevantes de quem é contra e de quem é a favor do governo. Não serve a nenhum propósito decente, e desnuda mais uma vez o grau de ignorância e desprezo do governo em relação ao papel da imprensa. Também se soube, através do jornal O Estado de São Paulo, que alguns sites e blogs bolsonaristas são alimentados por informações diretas e exclusivas do Palácio do Planalto. Esse "privilégio" é ilegal. De tabela, os aliados do presidente faturam uma nota com a monetização de inserções no YouTube – mais de R$ 100 mil mensais. Os governantes, todos eles, adoram usar os recursos do Estado para fazer propaganda pessoal e vincular notícias de interesse do governo. No tempo de Lula e Dilma, blogs e sites notórios e conhecidos, atuavam com fervor patriótico em favor do governo. Como ninguém é de ferro, o faziam com o prestigioso patrocínio do Banco do Brasil, da Caixa e da Petrobras. titoguarniere@hotmail.com

sábado, 5 de dezembro de 2020

O SIGNIFICADO DO IDIOMA ALEMÃO - Por Lissi Bender

Na região de Santa Cruz do Sul está presente, desde o seu início, um dos idiomas mais importantes no mundo. Entre as línguas mais faladas, o alemão está em 11ºlugar. Na União Europeia a língua alemã é língua materna ou segunda língua, para nada menos que 130 milhões de pessoas. Alemão é língua oficial não somente na Alemanha, mas também na Áustria, em Lichtenstein, na Suíça, na Bélgica e em Luxemburgo. Além disso, em torno de 7,5 milhões de pessoas fazem parte de minorias de língua alemã em 42 países no mundo. Por exemplo: na França e no norte da Itália o idioma está presente. Também nos estados Unidos, na Rússia, na Argentina, no Paraguai, no Chile, entre outros países. No Brasil um milhão de pessoas falam alemão. Todos estes dados nos remetem para a importância da preservação do idioma. Preservar língua é preservar cultura, cultivar língua é promover futuro. Com a língua alemã podemos nos sentir em casa em diferentes lugares do mundo. Por meio da Língua alemã podemos acessar conhecimentos, vivenciar cultura, estudar na Alemanha em uma universidade secular de excelência, pesquisar numa instituição renomada, fazer estágios, trabalhar fora de nosso país, desenvolver nossa região. Para quem sabe ou aprende alemão, portas interessantes se abrem, seja no mundo dos estudos de formação técnica ou científica, seja no mundo do trabalho. A economia alemã é uma das mais fortes no mundo. E quando o tema é pesquisa e desenvolvimento, a Alemanha está em terceiro lugar no mundo. Todo aquele que for ampliar seu conhecimento de mundo cultural, técnico, científico na Alemanha, será também um potencial para o desenvolvimento de nossa comunidade. Com o idioma Santa Cruz poderá construir relações com empresas e instituições de países de fala alemã. Na língua alemã, presente localmente, reside a alma daqueles que a nos legaram, residem valores e tradições e, ao mesmo tempo, reside a semente para o desenvolvimento, tanto pessoal, quanto coletivo, reside um imenso potencial para o nosso progresso, tanto cultural, quanto na área da inovação. Na língua alemã reside a possibilidade de construirmos pontes com países e regiões de fala alemã. Podemos estabelecer novas parcerias, construir intercâmbios culturais, acadêmicos, comerciais, turísticos. Em meus estudos de doutoramento, voltados para uma perspectiva antropológica, cultural do alemão presente na região Santa Cruz do Sul, perguntei aos participantes de uma pesquisa, se a língua deveria ser preservada. A resposta foi praticamente unânime: língua alemã deve continuar presente. Na sequência lhes perguntei sobre formas para preservação e cultivo. Em primeiro lugar me disseram que a língua deve continuar sendo falada por quem a sabe. Seja na família, entre amigos, nos diferentes espaços da comunidade. Em segundo lugar mencionaram que as escolas devem prestigiar a língua e a cultura de origem germânica. Aliás, a escola é o meio ideal para desconstruir eventuais preconceitos. Quanto mais cedo o ser humano tem contato com outros idiomas e culturas, mais facilmente aprende a aceitar o diferente e mais facilmente aprende outras línguas. Os participantes da pesquisa, também consideraram que a língua alemã precisa de reconhecimento na, e por parte da coletividade e de mecanismos de fomento. Que é preciso a promoção de eventos culturais em que a língua esteja presente.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

PELAS CURVAS DA VIDA

Incrível como o hoje Senador Luiz Carlos Heinze e eu tivemos destinos semelhantes. Heinze nasceu em Candelária, formou-se engenheiro agrônomo, foi trabalhar e morar em São Borja, tornou-se um líder, foi prefeito, deputado, senador e um grande produtor rural. Heinze tem, em cada casa, em toda região campeira, uma grande devoção. Quiseram os fados que, sendo eu juiz em Arroio do Meio, em 1973, fosse chamado ao Gabinete do desembargador Pedro Soares Muñoz, presidente do TJRS. Apresentei-me e o desembargador foi direto ao ponto. “O senhor vai ser promovido por merecimento mas estabeleço uma condição: vai ter que assumir em Santiago”. Brinquei com ele: “ o que fiz de errado para ser punido?” Respondeu que fora juiz lá, em tempos idos, e se casara com uma santiaguense. Com Santiago foi amor à primeira vista. Foi ali que conheci o Bioma Pampa, os gaúchos de raiz, seu folclore genuíno. Nas missas dominicais só iam as mulheres. De homens, só o general Heraldo Tavares Alves, o Ivo Pauli ( vindo de Santa Cruz) e eu. Ocorre que encontrei, anos mais tarde, uma santiaguense assessora concursada do TJRS, solteirinha da silva e de origem campeira. Acabei casando em segundas núpcias com ela. Me aposentei e , a par da advocacia, me interessei pela pecuária. Começamos já selecionando melhor o gado e estabelecendo regras sobre as quais vou falar depois. A par da advocacia em Porto Alegre fomos tocando a fazenda em Unistalda,município pequeno que se desmembrou de Santiago. Passamos a arrendar e depois adquirir áreas contíguas à nossa . Maristela cuidou dos ovinos e se tornou campeã em várias ocasiões na Expointer, tendo sido presidente da Associação Nacional dos Criadores Ile de France. Da minha parte fui Presidente do Sindicato Rural de Santiago. No começo houve alguns problemas, como o tipo ou raça de animais que íamos criar. Eu só não queria misturança de raças ou gado sem qualidade.Também não sabia bem se ia criar, recriar e/ou terminar. Logo cortei a terminação ( que é vender o gado gordo). Para isso teríamos que consorciar lavoura com pastoreio. Achei meu nicho criando , mas vendendo os terneiros. As vacas falhadas vendemos , mesmo magras. Sempre achei que nossa fazenda tinha que ter todas as invernadas contíguas.Ou seja, nada de muitas áreas distantes. Deu certo porque alguns vizinhos contíguos tinham pequenas áreas e queriam arrendar e/ou vender. Fomos comprando com calma e acabamos tendo uma fazenda bem organizada. (A seguir : vendavais, secas, falta de energia elétrica, perda de animais por raios)

terça-feira, 1 de dezembro de 2020

ARTIGO DE TITO GUARNIERE

TITO GUARNIERE ELEIÇÕES MUNICIPAIS Os analistas políticos, uma vez definidas as eleições, se exaurem em interpretar os resultados. É do exercício do jornalismo analisar o evento acontecido e vislumbrar os seus desdobramentos e o futuro. No caso da política, um exercício de certa futilidade, principalmente quando se arriscam prever o que ainda está lá longe no horizonte. Está mais do que na hora de que tais comentaristas abandonem de vez, ou no mínimo tornem menos esquemática, a divisão entre esquerda, direita e centro. A velha divisão das forças políticas não serve mais e não é suficiente para abranger toda a complexidade do nosso tempo. Nestas eleições de 2020, e no segundo turno, amplos contingentes do eleitorado votaram no antibolsonarismo, uns, e no antipetismo, outros. Não foi escolha pensada, ligada a alguma matriz partidária ou programática, mas o impulso de uma impressão presente, de um sentimento. Claro, os servidores públicos de todas as instâncias votaram como sempre em partidos como o PT, PSOL, PDT. No agrupamento numeroso e importante, a motivação política é singela – adesão incondicional aos partidos mais fiéis aos seus interesses de carreira. É nesse segmento que reside a maior força da esquerda. Já os fiéis das crenças evangélicas e pentecostais tendem a seguir a orientação de voto do pastor ou do bispo – não importa em que partido. Há o vasto conjunto de eleitores de credulidade excessiva. Boulos teve uma votação apreciável em São Paulo porque é de esquerda, como ele se diz, ou porque prometeu transporte coletivo público de graça para gestantes, mulheres com criança de colo e estudantes, mais um auxílio mensal permanente aos paulistanos pobres? O discurso do "novo" envelheceu rápido, diante da decepção com o governo Bolsonaro. O eleitorado repeliu supostas novidades: os políticos tradicionais, com todos os seus defeitos e desvios, se revelaram, apesar de tudo, mais confiáveis do que o pretenso novo. Até bem pouco tempo quase todos os partidos se diziam de centro-esquerda. Agora, a julgar pelas análises políticas, ela não existe mais: tudo se resume à esquerda e centro. Continua a misteriosa inexistência de partidos de direita no Brasil, embora não fosse anormal que, na posição, fossem catalogadas siglas como o DEM, o PR e o Novo. Mas onde situar o MDB e o PSD? É forçar a mão colocá-los simplesmente como de direita e esquerda. Mesmo no interior dos partidos há diferenças nada desprezíveis. No PSDB, e segundo a divisão convencional, Dória está à direita; já o perfil de Eduardo Leite, governador gaúcho, é claramente de centro-esquerda. É muito cedo antecipar 2022 tomando por base as eleições municipais. A margem de erro dessas previsões é maior do que os institutos de pesquisa, que a cada eleição erram mais – no próximo pleito estarão de volta, causando o frisson de sempre. Em São Paulo davam uma vantagem apertada de Covas sobre Boulos, mas no final foi uma vitória retumbante, com a diferença de quase 20 pontos. Em Porto Alegre, na véspera, o Ibope dava Manuela na frente de Melo, mas contados os votos o candidato do MDB ganhou por confortáveis 10 pontos percentuais. titoguarniere@hotmail.com

quarta-feira, 25 de novembro de 2020

DIEGO ARMANDO MARADONA

“El pibe de oro”. Era assim que os argentinos o chamavam: o garoto de ouro.Genial, rápido, um cérebro privilegiado para encontrar os caminhos sinuosos do futebol. Tinha tudo que precisava para não ser jogador de futebol.Pequeno, sem impulsão para enfrentar um zagueirão. Mas se colocava de tal jeito que, com sua altura que deixava a desejar, encontrava uma saída escondida e de lá cabeceava num cantinho milimétrico onde o goleiro não estava. Perigoso como uma cobra da India , passava em ziguezague, sem se dar ao luxo de uma trombada. Desculpem, trombada era comigo quando eu jogava futebol. Mais de 1,90 de altura, sem muita ou nenhuma velocidade. Eu fazia o seguinte: tinha força e, portanto, passava a bola para quem sabia, pois eu não tinha habilidade. “El pibe”, no entanto, ao meu ver, era mais jogador que o Pelé. No tempo de Pelé havia cada jogador gordo e balofo, que vou te dizer! Aquelas dancinhas contra aqueles suecos, para lá e para cá, no tempo do Pelé, redundariam ,mais tarde, numa voadora no pescoço. Também quero recordar que um dia ouvi de um alemão, muitos anos atrás, a seguinte frase: “vocês, os jogadores brasileiros e sulamericanos, são gente que não foi à escola, não estudou outro idioma, passou treinando noite e dia, são hábeis, mas não tem muita idéia de tática. Mas seu talento é tal que um jogador resolve, num átimo, sozinho, num lampejo, a parada.” “El pibe” era um desses gênios. Como a maioria, jogadores brasileiros e argentinos, incluindo os uruguaios, procedem de famílias pobres. Vou abrir parênteses. Há muitos jovens no Brasil, de famílias mais abastadas, que se dedicam ao tênis, golf, natação, etc. Garanto que, se se dedicassem ao futebol, poderiam ser bons jogadores. O problema é a faculdade, os cursos, os intermináveis estágios. Fazem bem. Melhor uma profissão segura e não uma que um “carrinho” nos joelhos tira o jogador , para sempre, do esporte bretão. O jogador de futebol, como “El Pibe”, maravilhou-se com as luzes dos restaurantes finos, as viagens de avião em primeira classe, as “ marias chuteiras”, prontas para o amor feito entre luxos e perfumes. Nada mais era caro, tudo passava a ser barato. Mulheres com dentes perfeitos, cabelos lindíssimos, saradas. Que belíssimo novo mundo. Surgem ambientes em que, além da champagne, se servem passagens para um outro mundo cheio de prazer: a cocaína, lsd e outros caminhos para o céu da felicidade. O problema , mais que a mente, é nossa carcaça. O corpo, bem ou mal, tem problemas, como hepatite, câncer, coração , etc. “Se equivocó la paloma, se equivocaba…”

BOULOS - TITO GUARNIERE

TITO GUARNIERE BOULOS Espero estar errado, mas acho que o futuro prefeito de São Paulo será Guilherme Boulos. O homem não regateia nas promessas de campanha: inclusão social, auxílio emergencial, concurso para substituir terceirizados, milagres de mobilidade urbana – passagem gratuita para gestantes, mulheres com criança de colo e estudantes – etc. e tal. Olhando na câmera, com o ar cerimonioso de quem acredita no que está dizendo, Boulos jura que vai inverter a lógica das elites que sempre governaram a capital de São Paulo – à exceção, é claro, do período em que a sua vice Luiza Erundina foi prefeita. No outro lado está o atual prefeito Bruno Covas, contido, avesso a pirotecnias, escolado na prática da responsabilidade fiscal, que tem a cara dos tucanos do PSDB. Em meio às incertezas e angústias da pandemia, é pouco provável que o eleitor paulistano prefira o discurso da seriedade fiscal, de não gastar mais do que a receita, face ao discurso do ganho imediato. Charles de Gaulle, o estadista francês, dizia que "as promessas só comprometem aqueles que as recebem". Se Boulos vencer vai ser o azar de São Paulo. Fiel à tradição dos demagogos convictos, transmite a ideia de que os problemas da metrópole só não são resolvidos por falta de "vontade política". Passa a ideia de que antes dele (à exceção de Erundina) ninguém fez nada que não fosse para servir às elites locais. Apresenta soluções prontas, acabadas, que ditas de certa maneira, parecem fáceis, e só não são adotadas por pura maldade ou desídia dos governantes. De esquerda, o candidato é adepto da crença esotérica de que os recursos públicos são elásticos, que sempre cabe um gasto novo, e que o orçamento é uma peça de decoração. Ignora olimpicamente a dura realidade: o cobertor é curto, as necessidades e demandas são ilimitadas e os recursos, dramaticamente finitos. A solução de Boulos para o déficit colossal da previdência municipal de São Paulo (R$ 163 bilhões de reais) é uma miragem: nomear mais procuradores para cobrar a dívida ativa. Ora, os bilhões da dívida ativa são incobráveis: os devedores, em medida larga, são de empreendimentos que foram à lona, empresas que faliram e acumulam passivos milionários de tributos, obrigações trabalhistas e previdenciárias, e credores de toda ordem. É preciso ser razoavelmente ignorante ou mistificador para passar esse mico adiante. As carteiras de dívidas ativas, impagáveis, só existem no papel, e não apenas em São Paulo, mas na União, estados e municípios. Boulos, levado a crer que viu o que os outros não foram capazes de ver, e que os governantes anteriores são rematados idiotas, não se pergunta porque eles não adotaram o plano, já que os recursos estavam ao alcance da mão. A promessa do candidato de uma "renda cidadã" para os paulistanos pobres, se for cumprida, atrairá para a metrópole já saturada, poluída, caótica e ingovernável, magotes de novos imigrantes. Leva anos para apurar os efeitos de um governo irresponsável do ponto de vista fiscal. E pior do que isso, leva décadas até o eleitor crédulo, que acredita em Papai Noel, descobrir que é ele mesmo quem – ao fim e ao cabo – sofre as consequências e paga a conta. titoguarniere@hotmail.com M

segunda-feira, 23 de novembro de 2020

O VOTO DOS IDOSOS

O VOTO DOS IDOSOS por Percival Puggina. Artigo publicado em 21.11.2020 Entre as tantas contradições do Direito positivo brasileiro, o voto realiza a proeza de ser, ao mesmo tempo, direito e dever. O cidadão tem o direito de votar, concedido à sua cidadania brasileira, e tem a obrigação, na mais tolerante hipótese, de encenar na cabine um arremedo de votação, fazendo-o de modo nulo ou em branco. O mesmo, porém, não vale para os maiores de 70 anos, dispensados do dever. A partir dessa idade o sujeito ganha alforria, está livre da multa por descumprimento do dever. É como se a lei lhe dissesse: “A democracia passa muito bem sem seu voto, senhor”. Convenhamos que tal norma é tão idiota quanto a que torna obrigatório o voto do pior dos eleitores, aquele que vota a contragosto, de qualquer jeito, em qualquer sujeito, sem reconhecer a importância do que faz. A história de sucessivas civilizações contém inúmeros exemplos de valorização da opinião dos idosos. A humanidade entrou pelo século XX incorporando no seio das famílias a tradição do aconselhamento pelos mais velhos, num reconhecimento do valor da experiência e da sabedoria acumulada. Abandonar essa tradição e vencê-la integra a agenda daqueles que querem derrubar, desde seus fundamentos éticos e práticos, a civilização ocidental. Recupere-se, então, uma importante e descuidada noção: o domínio dessas sutilezas que compõem o cotidiano da geração digital, ante as quais tropeçam os dedos e os neurônios dos idosos, está longe de ser sabedoria. Os conselhos dos anciãos incluem-se entre as primeiras formas de organização espontânea das sociedades primitivas, substituindo a razão do mais forte pela dos mais sábios e experientes. No antigo Egito, os anciãos eram honrados e consultados mesmo após a morte. Eles estão mencionados em livros do Antigo Testamento. Integravam a organização política de Esparta, denominados Gerúsias, e daí advêm os atuais Senados. Também em Roma, nos mosteiros medievais, na Revolução Francesa (após a derrota dos jacobinos) os anciãos cumpriram importante papel. Foi nessa natural tradição que se inspiraram os constituintes da Filadélfia para criar o Senado dos EUA e o Brasil para instituir nosso próprio Senado em 1824. Tudo isso sem esquecer algo pitoresco: foi a associação entre idade e sabedoria que fez valer ao judiciário britânico o uso das perucas brancas, vigentes durante séculos, até 2007. Diante de tantas e tais evidências, proporcionada no decurso de milênios, o desinteresse pelo voto dos idosos se revela rematada tolice. No último pleito, talvez em função da pandemia, a abstenção em Porto Alegre chegou a um terço dos votantes. A esses eu digo que no domingo passado, valendo-nos do horário prioritário dos idosos, minha mulher e eu tivemos mais facilidade e agilidade para votar do que em qualquer outra ocasião. Saímos convencidos de que se alguém pode ir ao supermercado, certamente estará mais bem resguardado num rápida chegada à sua seção eleitoral no horário apropriado. Aos que estão dispensados da obrigação, lembro: Vocês são eleitores altamente qualificados por sua experiência, pelo que testemunharam na história vivida, pelo Brasil que conheceram e pelo Brasil que conhecem. Ele precisa de vocês. * Percival Puggina (75), membro da Academia Rio-Grandense de Letras e Cidadão de Porto Alegre, é arquiteto, empresário, escritor e titular do site Conservadores e Liberais (Puggina.org); colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil pelos maus brasileiros. Membro da ADCE. Integrante do grupo Pensar+.

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

POLITICA E O ABRAÇO DO AFOGADO

Esperei deliberadamente o resultado das eleições, ao menos no primeiro turno, para expor minha tese, que até pode estar errada. Desde já vou intitulá-la de “síndrome do abraço do afogado”. Vou fazer uma breve digressão. Sempre tive muito cuidado com os banhos, tanto os do Fingerhut, no Rio Pardinho, como os das praias de mar. Por sinal só fui conhecer o mar aos 18 anos. Morador da Casa da Uesc, no Bom Fim em P. Alegre, certo dia tomei um ônibus e rumei a Tramandaí para conhecer o mar. Chegado, me hospedei num hotelzinho de madeira. Tomei uma queimada tal que saíam bifes dos ombros e da testa. Vi uma guria quase se afogando, alguém a salvou. Sempre me falaram que a pessoa que não tem treinamento vai ao encontro de quem está se afogando e recebe um abraço de terror, de pânico, de medo, de estertor e acaba levando seu salvador para a morte. Vocês devem agora estar com a mão no queixo e se perguntando: “aonde ele quer chegar?”. Na política. Quem nunca se arrependeu após eleger um político? Na campanha tudo são flores, mas com o passar do tempo começam a aflorar , por vezes, as impropriedades. Desnudam-se falta de compostura, situações vexatórias, conflitos desnecessários, falta de noção sobre a liturgia do cargo. Muitas pessoas, mesmo vendo que o político a quem deram seu voto não correspondeu, esbarram nos sofismas. Por causa das brigas que tiveram até dentro da família, com vários amigos resolvem: “agora não posso parar de apoiar meu candidato”. No caso das eleições para presidente, muitos de nós estávamos aflitos para afastar políticos nefastos. Passadas as eleições desvelou-se um quadro preocupante. O nosso vitorioso começou a mostrar um certo desequilíbrio verbal. Ao contrário do que deveria fazer com os que o ajudaram, flechadas de reprovação, demissões imotivadas. Vão correndo dias e meses e perduram certas atitudes incomodando nossa tábua de valores. De repente tu expressas nas redes sociais teu desencanto. Imediatamente começam as censuras por ser um “traíra”. “Como é que passaste para o outro lado?” Mas que lado, cara pálida? Eu acreditei ,de boa fé, num projeto que me agradava. Pegou mal nosso presidente teimar em não parabenizar Biden.O pior foi “ameaçar” os USA com o grito de “ ou é saliva ou é pólvora”. Não tem sentido a teimosia com as vacinas, assunto que cabe aos cientistas. As premissas sobre as quais fundamentei meu apoio estão ruindo.

quarta-feira, 18 de novembro de 2020

PREVIDI LANÇA MAIS UM LIVRO

ESTA É UMA SEMANA ESPECIAL Já tinha decidido que não faria mais livros. Afinal, são duas antologias e 12 individuais. O problema que eu queria escrever a história do Alfredo Octávio. Há uns três anos fiz uma versão que ficou completamente sem lógica, principalmente quanto a datas. Não me restou nada além de colocar pouco mais de 100 mil caracteres no lixo. Nesta versão, que lanço agora, ne preocupei com as datas - até pode ter alguma incorreção, mas acredito que ficou fiel a vida do maior jornalista do Brasil. Quem é ou quem foi Alfredo Octávio? É um personagem que ganhou fôlego nos anos 1980. Um negócio incontrolável! Ao menos três pessoas leram o AO: o editor Paulo Palombo Pruss, o jornalista, professor e escritor Tibério Vargas Ramos e o jornalista e escritor José Antônio Pinheiro Machado, o querido Anonymus Gourmet. Elogio do Paulo "não vale" (mas ele gostou muito) - afinal apostou no projeto. O Tibério escreveu: "Eletrizante novela. Li sem parar 'Alfredo Octávio', em formato de entrevista-depoimento, transformou-se numa novela eletrizante. Honrado por ser dedicada a mim junto com os mestres Renan, González, Flávio Alcaraz, Contursi e Pinheiro." O Pinheiro Machado: Recebi, e logo "devorei" o "Alfredo Octávio". Primeiro fiquei emocionado com a tua generosa leitura d'O Brasileiro que ganhou o Prêmio Nobel. Muito obrigado! Depois, li com deleite o teu livro: muito bom. Divertido, tem uma graça envolvente. Parabéns! Receba o abraço fraterno e a gratidão do José Antonio Pinheiro Machado. Três elogios, mas vocês não queriam que eu colocasse três opiniões desfavoráveis, ok? Um pouco da história: Jamais tinha pensado em fazer uma biografia de uma personalidade, apesar de gostar do gênero. Mas a vida do Alfredo Octávio sempre me fascinou. Desde a década de 1980. Sabia de várias histórias em que foi o protagonista, mas tudo muito disperso. Sempre que pensava na vida do AO eu lembrava do livro "O brasileiro que ganhou o Prêmio Nobel", obra fantástica do jornalista José Antônio Pinheiro Machado. Li e reli o livro do Pinheiro Machado, até que decidi ir visitar o meu "biografado". Tinha certeza de que iria me contar a sua vida, sendo que antes faria uma onda – como qualquer estrela faz. Foi exatamente o que aconteceu. Passada a fase de "desconfiança", ele se abriu. ... Vocês vão conhecer algumas passagens da emocionante vida deste Mestre chamado Alfredo Octávio. Sim, algumas passagens, porque ele tem muitas histórias que não cheguei a gravar. No entanto, tenho a certeza de que os fatos relembrados por ele são extraordinários. Guevara, o líder francês Dani, os contrarrevolucionários brasileiros, a Fundação, sua vida no Burundi, fora a sua paixão por Kris, são suficientes para que todos possam traçar um relato da vida de um grande homem, um grande jornalista. ... Não contei nos 40 capítulos do livro, mas fazer constar do título "o maior jornalista do Brasil" foi uma exigência dele. Só assim autorizaria. Topei, claro, porque além das inúmeras histórias ele tinha mais de um metro e noventa de altura... ... Já tinha até planejado uma homenagem para o dia em que lançasse este livro. Iria reunir as duas personalidades: o maior jornalista do Brasil e o brasileiro que ganhou o Prêmio Nobel. Infelizmente, Alfredo Octávio não resistiu a morte de sua mãe e resolveu acompanhá-la. Uma pena. Ah, acreditem: não tenho foto dele. E nem no Google. - Portanto, no próximo dia 21, sábado, a partir das 17 horas, lanço o meu 15º livro. Sei que não pode ter ajuntamento e eu não posso passar perto desse bicho chinês. Por isso vamos ter até drive-trhu! Passa de carro que alguém te atende. Mas eu vou estar lá, de máscara e com todos os cuidados. Vai ser no Tapa's, na rua da República, 30 - quase esquina com a avenida João Pessoa. Passa lá, toma um chope ou um refri (tem um kibe maravilhoso, feito por egípcios), rapidinho, pega o livro e segue o teu rumo! Te espero!! A partir do dia 21, estará a disposição na Banca da República - na esquina da Rua da República com avenida João Pessoa. Também poderei enviar pelo Correio, sem custo adicional. Quem tiver pressa, posso mandar por Sedex, mas aí tem um custo extra de absurdos 25 reais para a EBCT. Ah, sim, o livro custa 35 reais. ao capa.jpg

terça-feira, 17 de novembro de 2020

O CAPITÃO VAI À GUERRA

TITO GUARNIERE O CAPITÃO VAI À GUERRA Era certo que Jair Bolsonaro ficaria chateado com a derrota de Donald Daqui-Não-Saio-Daqui-Ninguém-Me-Tira Trump. Ele tem por hábito dizer uma bobagem, mentira ou grosseria a cada 24 horas. Há dias que ele está inspirado e ataca em cada uma dessas categorias de intervenção. Quando ficou claro que o amigão de infância Trump tinha ido para o vinagre na eleição americana, simplesmente surtou. Numa só jornada, Bolsonaro comemorou a interrupção no Brasil da pesquisa clínica da vacina chinesa Coronavac, disse que o Brasil é um país de maricas e ameaçou declarar guerra contra os Estados Unidos. O homem estava possuído. A declaração de guerra deu frio na espinha. Não foi uma ameaça contra a Bolívia, o Peru, Trinidad-Tobago. Se uma guerra é necessária, que seja contra a Argentina – temos diferenças históricas com los "hermanos", e ao menos seria mais perto. Mas não – o homem tinha de escolher a maior potência armada do planeta como inimiga. Lembra a velha anedota da republiqueta de banana, em frangalhos, inflação a mil, o povo protestando nas ruas contra a corrupção, pedindo o fim da ditadura. No desespero da situação, os generais da inteligência militar – que, segundo Marx, Groucho, é uma contradição em termos – apresentam um plano: "Nós declaramos guerra aos Estados Unidos, eles vencem, ocupam o país e terão de dar conta do estrago. Virá dinheiro, recursos, investimentos...". O tirano foi até as amplas janelas do palácio, olhou para fora algum tempo, e se voltou para os coleguinhas: "O plano é bom. Mas e se a gente ganhar a guerra?". Se houver guerra, quero antecipar minha posição. Com a licença do meu amigo doutor Rolf, adotarei o lema: ou mato ou morro. Ou me escondo no mato ou fujo para o morro. Só irei para o front levado à força, mais ou menos como o Trump terá de sair da Casa Branca. Não faz sentido sair da quarentena da Covid-19 para entrar na guerra, que é muito mais perigosa. Bolsonaro, se declarar guerra a Biden, que peça socorro a Trump – ele conhece os códigos e segredos do Pentágono, e pode ser muito útil para o nosso lado. Mais: poderá trazer reforços importantes para as nossas tropas – caminhoneiros (a maioria deles votou em Trump nas duas eleições), policiais violentos, supremacistas brancos, uma brigada da Ku-Klux-Klan, marines desempregados, e gente assim. Porque se depender dos nossos soldados, no país de maricas, será um novo 7x1. Se o caso é de mostrar lealdade, que Bolsonaro ofereça asilo político a Trump. Afinal foi amor à primeira vista. Dizem que Trump tem umas contas a ajustar com a Justiça americana – o que vem a calhar. Trump poderia viver sob a proteção de nossa bandeira e Bolsonaro, numa reforma ministerial, poderia nomeá-lo conselheiro especial. É uma vantagem enorme imitar o modelo de perto, em carne e osso. É boa hora também de trazer Olavo de Carvalho para uma antessala do Palácio. Poderia vir no mesmo voo de Trump. Além da economia na passagem, Trump viria batendo um papo cabeça com o filósofo mais influente do regime, e de quebra chegaria ao Brasil familiarizado com os nossos palavrões mais cabeludos. titoguarniere@hotmail.com

segunda-feira, 16 de novembro de 2020

ARTIGO DE FRANKLIN CUNHA

  

DE TEMPOS VERBAIS E ELEITORAIS

A passagem do homem de um estado natural para o cultural –ato principal de sua história – está intimamente entrelaçada  com a faculdade da fala e da sua posterior organização por meio da  semântica, da sintaxe e dos tempos verbais.  O homem primitivo que vivia da caça e da pesca -  no aqui e agora -provavelmente não possuía o tempo verbal para expressar e pensar o futuro. Com  a agricultura, foi obrigado a cogitar e se preocupar com as épocas de plantar e colher e dessas necessidades surgiu o tempo verbal  futuro . Na ausência da fala, a temporalidade humana era expressa somente pelo tempo verbal presente. Em todas as línguas  há verbos ou formas do discurso que indicam ação. George Steiner afirma que a capacidade do homem  de articular um tempo verbal futuro, sua faculdade  e necessidade de " sonhar à frente ", é um escândalo metafísico e lógico. Este é o poder da linguagem: existir  antes daquilo que designa. E na linguagem dos embates eleitorais, o tempo futuro  é muito mais enunciado   do que a sofisticação verbal do tempo  incondicional. "Farei, darei " todos os candidatos o empregam, " faria, daria  ", poucos. A credibilidade ingênua gerada pela falta de visão crítica dos fatos, faz com que eleitores acreditem em quem diz " farei " do que quem diz " faria ": o "farei " é afirmativo, assertivo  e o " faria " é dubitativo pois  implica em (in)condições inexistentes. Nas tiranias modernas, os tempos verbais, a semântica e o léxico são redefinidos  numa inversão deliberadamente grotesca do significado normal e corrente deles nas democracias . Na gramática da fala totalitária, as conjugações dos verbos ocorrem num presente irreal e num futuro utópico. Desfazer o passado  real, erradicar nomes, atos,  pensamentos dos mortos indesejados  é uma ação  caraterística do horror e do terror infundidos por certos autocratas primitivos e primários  eventualmente no poder. E que – inadvertidamente – são eleitos  pelo voto consensual embora,  possivelmente pensem como aquele escritor inglês do século 19 , precursor do nazismo que disse ser " a democracia um caos povoados de urnas ".

Franklin Cunha

Médico

Membro da Academia Rio-Grandense de Letras

sábado, 14 de novembro de 2020

O GRANDE PREFEITO DE P. ALEGRE , GUILHERME SOCIAS VILELLA COMENTA

 Para minhas netas também.


Construíste uma fábula para também contar para minhas netas. Tenho duas. Uma já está na UFRGS; outra no Farroupilha.

"Tá guria, fica fria, o Brasil ainda é o melhor lugar para se progredir. Mas o vô bonito não vai dar mole para o Brasil. Podes crer."

Resta, a este avô (eu) manifestar concordância quanto ao excerto do belo texto em tela.
Fico com a esperança que estando ocorrendo a tese (com o vô brabo) e a antítese (com o manso) nosso País saiba bem se haver com o que vier ocorrer tal qual a síntese hegeliana (ou mesmo a negação da negação marxista). Dizem os milenares chineses que nas crises aparecem oportunidades!
Ocorre que para que isso aconteça precisamos ter um presidente que não seja tão tolo. Um estadista.
Abraço. Bom fim de semana.
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Guilherme Socias Villela é uma exceção, até hoje, na política. Quiséramos todos haver mais estadistas
no mundo político, como esse homem probo e correto.

quinta-feira, 12 de novembro de 2020

PAPOS COM MINHA NETINHA

 


“Vô, tu votou no vô brabo de cabelo amarelo ou no vô bonito de cabelinho branco?”

Respondi que só podem votar os que moram no império chamado USA. Lá tudo é diferente.

“ E porque essa briga, vô?”

“ Porque quem ganhou vai ser quase  o rei da Terra.”

Convidei então minha perguntadora a ficar quietinha e deixar eu de novo explicar.

 Nosso planeta é um milagre quase incompreensível. Por mais que procuremos nos confins do Universo, ainda não achamos vida tal como a conhecemos na terra.

A natureza foi evoluindo, surgindo todas as formas de vida durante milhões e milhões de anos

 Até que apareceu um mamífero que não tinha o aparato bélico de outros animais. Pior , ele tinha pela frente os enormes homens de Neanderthal. Diz a história que os Sapiens cruzaram com as fêmeas de seus primos mas, ao fim e ao cabo, os exterminaram. Os Sapiens eram mais fracos que quase todos outros mamíferos. Não sabiam correr, nem subir em árvores altas, nem lutar contra os leões. Sentiam frio. As crias custavam a ficar adultas. Um canídeo leva três meses para se desmamar. Um bebê sapiens precisa de ao menos um ano para engatinhar.

Inobstante isso, o criador, colocou uma inteligência diferenciada nos demais seres vivos. Os animais de qualquer espécie nascem com uma memória. Ninguém precisa ajudar uma novilha a parir.Ela sabe o que fazer. Não precisa da parteira ou do médico. 

Começou a faltar comida dada uma multiplicação da população humana em escala geométrica.Optaram pela agricultura, mas as áreas nunca eram suficientes; havia que enxotar os demais humanos  e os escravizar ou exterminar.

“Dá um exemplo, vô”!

Roma foi, durante uma época , a dona do então conhecido mundo.  Todavia com o tempo os “ bárbaros “ suplantaram os romanos e os impérios foram se sucedendo.

Hoje temos um império que pode apagar a luz de qualquer país, quando quiser. Essa potência se deu ao luxo de tomar territórios de seus vizinhos e até de ilhas distantes. Inclusive tem à disposição um presídio extra nacional que é Guantanamo. 

“ Bah vô, tu tá contra os Estados Unidos?”

“ Não , querida ,estou a favor do Brasil onde moramos.”

 Olha só :o Presidente brabo não deu a mínima para nosso presidente. Facilitou o passaporte até para os uruguaios,  mas teu avô , para ter o visto, tem que dar um monte de informações. Só quando eu tiver oitenta anos não precisarei de visto…

“ Bah,vô….”

“ Tá guria, fica fria, o Brasil ainda é o melhor lugar para se progredir.Mas o vô bonito não vai dar mole para o Brasil.Podes crer.  ”.

( Estranhei o silêncio estridente quando da  posse do novo Ministro do STF)  




terça-feira, 10 de novembro de 2020

TRUMP

 TITO GUARNIERE 


TRUMP 


O mundo fica melhor sem Donald Trump. Vamos ter de aturá-lo ainda por algum tempo, mas a ópera bufa está no fim. 


Atrás do personagem e da autossuficiência arrogante, da ignorância tomada como virtude, do desprezo pelas normas mais comezinhas de convívio humano, da compulsão pela mentira, do cabotinismo e da fanfarronice como métodos, está – e esteve o tempo todo – um homem vulgar e um governante obtuso. A sua saída da Casa Branca será pela porta dos fundos, mergulhado na choradeira patética da derrota. 


Trump é mestre na arte de atiçar sentimentos menores, de atrair ressentidos para o seu discurso, de apontar o dedo para os "inimigos do povo" e de atribuir e transferir culpas – a empreitada fácil de viralizar a amargura das massas. É uma marca registrada do populismo. 


Mas nem sempre os astros se alinham a favor de egos superlativos, e de quem se tem na conta de invencível. Oito meses atrás, antes da pandemia, não havia no horizonte político da América nenhum nome que pudesse fazer sombra a Trump – o fenômeno político (quase disse o mito) que, do nada, enfrentando o establishment e contra todas as projeções, se elegeu presidente do país mais poderoso do mundo. 


Veio a pandemia e o seu rastro trágico de dor e luto, na América e no mundo. O acaso, o imponderável, leis fundamentais do destino dos homens, embaralhou as cartas da sucessãoTrump, se comportando como Trump, achou que a doença era passageira e menosprezou a contingência. 


Quando acordou o estrago estava feito, milhões de infectados, milhares de mortos. Em estado febril, da mesma espécie daquele que o faz insistir que ganhou a eleição de lavada, tentou vender aos americanos a ideia de que o governo havia sido eficiente no combate ao mal. Era desmentido todos os dias pela divulgação dos números funéreos de novos contágios e óbitos. 


Trump poderia alinhar algumas conquistas do seu governo. Apesar da pandemia, a economia estava em expansão, com a curva do desemprego em declínio. Foi, além dos eleitores fiéis do trumpismo, o fator mais relevante para o seu respeitável desempenho eleitoral, apesar da derrota. 


Poderia também ter exaltado que, durante o seu período de governo, os EUA não entraram em nenhuma aventura militar. Ao contrário: desenvolveu esforços reais para que os EUA se retirassem do atoleiro do Afeganistão. Mas não lhe cai bem a roupagem de pacificador. 


É caso comum, o de Trump, de empresário que arrisca a sorte na política. O problema é que o espírito animal, o instinto predatório, pode ser (e nem sempre é) uma vantagem no ambiente tóxico da concorrência. Mas os métodos da política não são os mesmos do mercado. 


Na política, trata-se de aglutinar as energias e as vontades da nação, conciliar interesses em vários espaços de atuação, ter na conta as diferentes experiências históricas. Nas democracias o líder não fala nem governa sozinho – ele deve estar aberto e sensível aos clamores dos concidadãos, aos postulados da lei e das instituições, às advertências da mídia e das vozes discordantes. 


Na política ninguém ganha na pose e no grito. Trump nunca compreendeu e nem quis compreender essa verdade elementar. 


titoguarniere@hotmail.com  

 


quinta-feira, 5 de novembro de 2020

UMA ANTIGA CRONICA POLICIAL

 Quero deixar claro que hoje a polícia é integrada por pessoas de alto gabarito e formação primorosa.

Anos atrás, no entanto, era quase praxe, ante o evento criminoso,  policiais optarem por métodos “ alternativos” para encontrar o autor. Achado o suspeito era por vezes usada a prática de  meios “suasórios” ilegais no interrogatório.

Em 1968, estando  como acadêmico do quarto ano de Direito da UFRGS ,com 21 anos, soube da abertura de Concurso para Delegado de Polícia. Fui aprovado e ingressei na Academia de Polícia, cujas aulas eram diurnas e passei para o turno da noite da Faculdade.

Havia várias matérias interessantes,  como Criminalística, Investigação,   Armamento e Tiro etc.

A maioria dos colegas de Academia era de policiais veteranos que queriam chegar ao cargo de delegado.

Eu era, por assim dizer, um piá. Mas como já tinha uma boa formação na Faculdade acabei me classificando em primeiro lugar e fui orador da turma.

Poderia, então, escolher a cidade que eu quisesse. Como  tinha pouca experiência de rua, achei mais prudente escolher uma cidade bem pequena e ordeira, não muito longínqua para não prejudicar meu último ano de Faculdade. Optei por Triunfo,  uma cidadezinha do outro lado de São Jerônimo. Comprei um Fusca usado, ia até São Jerônimo, pegava a barca e ia trabalhar na delegacia. Lá pelas 5 da tarde voltava a P. Alegre e ia para a Faculdade.

O delegado de São Jerônimo saiu e eu assumi seu lugar.

Certo dia cheguei cedo e havia um tumulto. Um supermercado havia sido arrombado à noite e levado todo o dinheiro do cofre.

Os antigos policiais começaram a conjecturar sobre suspeitos. Notei que havia no chão  um sapato, pé direito, manchado de sangue. Provavelmente o cofre caíra sobre o pé do ladrão. Perto do sapato, um chinelo novo, sem seu par. 

Pronto, tínhamos o ladrão. Bastava vasculhar os hospitais para  procurar quem estava com um pé quebrado. Na região não achamos ninguém. Meus auxiliares davam risadinhas não acreditando na polícia científica.

Liguei para um colega em P. Alegre, que contactou os  hospitais. Pronto, lá num deles  estava o nosso assaltante com a perna enfaixada. Um dos agentes quis entortar “ bem pouquinho” o pé quebrado do suspeito para facilitar o encontro do dinheiro. 

Adverti que bem mais fácil e legal  seria olhar o prontuário médico onde estava o endereço do “elemento”. 

Golaço. Não foi necessária nenhuma violência.

No dia em que me formei na faculdade pedi exoneração. Polícia não era bem minha praia na época. Muito jovem, queria  outros vôos.Só se voa, voando.

Que bom que hoje tudo mudou.