O debate sobre armas está
contaminado, em alguns círculos, por paixões, raciocínios viciados, pruridos
moralistas, opiniões de quem vive em bolhas herméticas.Darei minha opinião
sempre respeitando quem discorde.
Aos 22
anos cursei a Academia de Polícia e exerci o cargo de Delegado por dois anos.
Advoguei por outros dois anos, assumi como magistrado e voltei , depois de
muito tempo , a advogar. Posso, portanto, dizer que tenho experiência sobre
armas e seu uso. Recordo que aos 12 anos, como já referi aqui na coluna, dei
meu primeiro tiro de espingarda dois canos, calibre 12 que, com o solavanco ,me
deixou caído de bunda no chão. Era uma pescaria em que meu pai e o sr. Rambo,
seu colega comerciante, faziam lá pelos lados de Pantano Grande. Também muito
atirei com a arma do meu tio Lino Etges em Boa Vista quando tinha uns 14 anos.
Na Escola de Polícia fiz o curso de Armamento e Tiro, quando aprendi até a
desmontar a antiga metralhadora INA.
Creio que até os anos 70 quase todas as
famílias tinham uma arma em seu lar.
Ocorriam
homicídios? Sim, mas em reduzidos números. Aí que quero chegar. Não é só com
revólver que se mata. Pode se matar com faca, facão, machado, enxada( como
recentemente a imprensa noticiou), ministração de venenos, pedradas,
espancamento com pernas e braços, esganadura, enforcamento e vou parando porque
faltaria espaço.
Há alguma
restrição ao aprendizado de lutas que podem ensinar quais são os golpes fatais?
Não. Algum problema de ter um automóvel que pode matar de um momento para outro
dez pessoas?
Hoje
nosso país é um dos mais perigosos do mundo. Os bandidos tem armas atualizadas,
de grosso calibre e a luta é desigual. A repressão incumbe ao Estado, por suas
polícias. Não a nós cidadãos comuns.
Ocorre
que uma Glock 380 equipara uma pessoa de 70 anos, franzina, a um bandidão
sarado de 18. Não há como designar um policial para cada casa. Mas um
tiro de alerta para cima, desferido pelo morador de dentro do seu pátio, vai
fazer o meliante desistir, na maior parte das vezes.
É
necessário treinamento para se ter uma arma? Sem dúvida. É como o treinamento
obrigatório antes de se poder dirigir veículos. É necessário pesquisar os
antecedentes e a situação psicológica do que quer portar uma arma? Sem dúvida
que sim.
O cidadão
é obrigado a portar ou comprar uma arma? Claro que não!
Concluo,
portanto, que não há motivo justo para proibir a posse de armas para o cidadão
de bem. Espero que um dia não se precise de armas, nem Exércitos, nem Polícia.
Mas enquanto isso ...minha casa é meu castelo!