Última flor
do Lácio
Última flor
do Lácio, inculta e bela,
És, a um
tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo,
que na ganga impura
A bruta mina
entre os cascalhos vela...
Amo-te
assim, desconhecida e obscura.
Tuba de alto
clangor, lira singela,
Que tens o
trom e o silvo da procela,
E o arrolo
da saudade e da ternura!
Amo o teu
viço agreste e o teu aroma
De virgens
selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó
rude e doloroso idioma,
em que da
voz materna ouvi: "meu filho!",
E em que
Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem
ventura e o amor sem brilho!
(Olavo Bilac)
Bilac foi profético ao afirmar que a língua portuguesa é a um só
tempo esplendor e sepultura!
Como viva que é a língua reflete o momento histórico pelo qual
passa a sociedade, se aprimorando ou
se desestruturando.
No ano passado mencionei aqui neste grupo o estudo realizado
sobre a decadência no estilo de vestir masculino ocidental e a influência
político-ideológico por trás disso a partir da revolução cultural chinesa
quando os trajes tradicionais ocidentais foram substituídos por uniformes.
Dizem que o milionário Steve Jobs possuía mil calças jeans e
camisetas todas iguais.
Observa-se a decadência nas artes em geral confundindo
pornografia e pedofilia com manifestação artística.
Nem o Direito escapou dessa entropia. No meu livro
sobre a Legítima Defesa do Patrimônio - Blindagem Patrimonial de Ativos Lícitos
dediquei algumas páginas à análise da influência do gramscismo
na esfera jurídica, tanto nas decisões judiciais quanto na elaboração
legislativa relativizando os direitos fundamentais tradicionais da civilização
cristã ocidental.
Logicamente a língua não passaria incólume por tudo isso.
Acrescente-se ainda a influência das novas tecnologias, da
internet e dos aplicativos de comunicação. Esta semana pelo whatsApp alguém
solicitou minha opinião sobre um tema jurídico e escreveu assim: “uq vc acha?”
“Amo o
teu viço agreste e o teu aroma,
Amo-te, ó
rude e doloroso idioma”.
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João-francisco Rogowski