CARTA ABERTA AO PRESIDENTE BOLSONARO
Gilberto Mosmann
consultor empresarial
gmosmann@gmail.com
Senhor
Presidente Jair Bolsonaro, eu desgosto de seu estilo, falante e pouco atuante. Votei
no senhor com vistas a livrar o Brasil de males maiores. Escutei-o pessoalmente
em Porto Alegre, antes mesmo do início da campanha. Não gostei do que ouvi.
Levantei-me e saí do recinto.
Exerci
o cargo de Secretário Estadual de Desenvolvimento junto a dois Governadores. Suplente,
assumi a Câmara dos Deputados em final de mandato, em 90 para 91. Em três
sessões, comprovei-o nos Anais do Congresso Nacional, falamos os dois nos
respectivos espaços chamados de Pequenos Expedientes: o senhor, sobre os
militares e seus soldos; eu, sobre temas econômicos.
Se
quiser realmente mudar os rumos do país, livre-se da influência de seus filhos:
que cada filho cumpra o seu papel onde esteja, sem interferir no Governo
Federal. Livre-se do twitter; há
escritos seus que chegam às raias da infantilidade. Mudando o Ministro da
Educação, falta fazê-lo com o das Relações Exteriores, que insiste na bobagem
do anti-globalismo e tolamente coloca o nazismo na esquerda. Governe, ao invés
de twittar; a economia aguarda as
ações dos cem primeiros dias de governo, já esgotados. Desembarque da campanha,
encerrada há bom tempo. Observe como o seu Vice-Presidente, equilibrado e
sensato, vem sendo bem recebido em todos os plenários.
Isso
é o mínimo que eu me ocorre propor. Não o afronto. Afinal, o senhor conquistou
seguidos mandatos parlamentares. Chegou à Presidência pela via das redes
sociais. Elas servem bem para campanhas, mas não para governar. Jânio Quadros se
valia de bilhetinhos, e deu com os burros n´água.
O
Governo não deve cabalar votos no Congresso com cargos e verbas. Mas, deve entrosar-se
com o Parlamento. O regime democrático não se enaltece em discursos, mas
vivencia-se com a atuação.
Rememorar
ou comemorar o 31 de março foi péssima idéia. Porque destacar algo que,
pós-recíproca anistia, deveria ficar restrito às páginas dos livros de
História?
Creio
no nosso país, promissor, e formulo votos que o senhor mude a si e o País.