quinta-feira, 18 de abril de 2019

ARTIGO DE GILBERTO MOSMANN


CARTA ABERTA AO PRESIDENTE BOLSONARO

Gilberto Mosmann
consultor empresarial
gmosmann@gmail.com

Senhor Presidente Jair Bolsonaro, eu desgosto de seu estilo, falante e pouco atuante. Votei no senhor com vistas a livrar o Brasil de males maiores. Escutei-o pessoalmente em Porto Alegre, antes mesmo do início da campanha. Não gostei do que ouvi. Levantei-me e saí do recinto.
Exerci o cargo de Secretário Estadual de Desenvolvimento junto a dois Governadores. Suplente, assumi a Câmara dos Deputados em final de mandato, em 90 para 91. Em três sessões, comprovei-o nos Anais do Congresso Nacional, falamos os dois nos respectivos espaços chamados de Pequenos Expedientes: o senhor, sobre os militares e seus soldos; eu, sobre temas econômicos.
Se quiser realmente mudar os rumos do país, livre-se da influência de seus filhos: que cada filho cumpra o seu papel onde esteja, sem interferir no Governo Federal. Livre-se do twitter; há escritos seus que chegam às raias da infantilidade. Mudando o Ministro da Educação, falta fazê-lo com o das Relações Exteriores, que insiste na bobagem do anti-globalismo e tolamente coloca o nazismo na esquerda. Governe, ao invés de twittar; a economia aguarda as ações dos cem primeiros dias de governo, já esgotados. Desembarque da campanha, encerrada há bom tempo. Observe como o seu Vice-Presidente, equilibrado e sensato, vem sendo bem recebido em todos os plenários.
Isso é o mínimo que eu me ocorre propor. Não o afronto. Afinal, o senhor conquistou seguidos mandatos parlamentares. Chegou à Presidência pela via das redes sociais. Elas servem bem para campanhas, mas não para governar. Jânio Quadros se valia de bilhetinhos, e deu com os burros n´água.
O Governo não deve cabalar votos no Congresso com cargos e verbas. Mas, deve entrosar-se com o Parlamento. O regime democrático não se enaltece em discursos, mas vivencia-se com a atuação.
Rememorar ou comemorar o 31 de março foi péssima idéia. Porque destacar algo que, pós-recíproca anistia, deveria ficar restrito às páginas dos livros de História?
Creio no nosso país, promissor, e formulo votos que o senhor mude a si e o País.