Sem árvores, sem flores, nada de
polinizadores, abelhas, pássaros, sequestro de carbono, fim da vida. Fim para a
qualidade do ar e do solo. Fim de tudo.
Tenho uma
casa em Xangri La, a uma quadra do mar, sobre três terrenos. Muitas flores,
árvores, cuidamos de manter lindo o nosso jardim, nas quatro estações do ano.
Fui notando que, tirando o verão, ninguém arrancava flores que se esgueiravam
para a calçada. No período de veraneio, muitas pessoas seguiam para suas casas
e , ao cruzarem com um galhinho para fora da cerca, o arrancavam para o jogar,
passos adiante, fora. Também decidi colocar, encostados à cerca, dois pequenos
containers, um para lixo orgânico e outro para reciclável, com amplos dizeres
para os distinguir. Amarrei-os com uma corrente contra a cerca. No verão as
pessoas passam e atiram papéis, garrafas etc., o que é um desrespeito, mas nem
sequer selecionam o coletor certo.
Um dia ví
um jovem passando e atirando uma garrafa no meu coletor orgânico. Eu estava
perto e lhe chamei a atenção. O rapaz abriu o coletor, pegou a garrafa e a
atirou aos meus pés. Quis lhe perguntar em que presídio aprendeu a ser tão mal
educado, mas claro que recolhi a garrafa e dei por encerrado o assunto. O moço
me dirigiu uns impropérios e se afastou, sob os olhares dos vizinhos que já
tinham acorrido para me auxiliar no caso de uma encrenca.
No
inverno passado decidi fazer outra experiência. Comprei vários vasos grandes de
argila, coloquei humus, plantei florzinhas neles e os deixei na frente da minha
casa, no meio fio da calçada. Foi tudo tranquilo, inclusive no começo do verão.
Chegou a bagunça do fim de ano, dormi muito pouco devido ao foguetório,
levantei seis da manhã do primeiro do ano, pois tinha ido dormir às 22 horas
(não dou a mínima pelota para as “entradas”, com seus propósitos e juras de
melhoras, janto qualquer coisa com meus afetos e vou dormir bem feliz), abri a
porta da frente e…. os vasos estavam tombados. Gente arruaceira cruzara vinda
da praia em direção aos seus albergues temporários e achara maravilha
maltratar, não a mim, mas a mãe Natureza. Levantei os vasos que, por sorte, não
se haviam quebrado e replantei as plantinhas com suas flores. Reguei-as primeiro
com minhas lágrimas e, depois, com água.
Agora em
seguida chega a hora do Planeta Atlântida. Milhares de pessoas aportam em
Atlântida, distrito de Xangri La. Já decidi deixar todas as flores plantadas
nos vasos grandes . Só vou colar um adesivo: “não nos mate por
favor,ajudamos no sequestro de carbono”. Saberão o que é isso?