segunda-feira, 30 de abril de 2018

AINDA OS COLÉGIOS - TEXTO SABOROSO DO DES.NERIO LETTI


   -  A dra Lais Legg, é culta e experimentada psiquiatra de nomeada no RGS e Brasil, e foi aluna do Colégio Sevigné, das freiras de São José e sua opinião sobre as gurias do Sevigné e os rapazes do Anchieta coincidem com as minhas,. Já te mandei emeils sobre o tema de nossa juventude e os sonhos de namoro e de estudantes amantes apaixonados para a toda a vida e que não duravam mais do que uma noite, como a  " Rosa de Malherbe"...


No interior do famoso colégio das freiras de São José, havia uma capela notável,  um luxo de arte e de sagração, ambiente para oração e recolhimento e aí ajudei missa várias vezes, com os padres jesuitas, que iam rezar a missa pela manhã, pelas 7,00 hs e todas as internas, ( década de 50, século passado)  - ( vinham tambem externas de familias importantes e católicas)  -   com aquele uniforme que eu achava o máximo de elegância, tomavam a comunhão, na mesa da comunhão, frente ao altar e eu tive aquele momento de glória e de êxtase de colocar a patena sob o queixo daquelas lindas e apaixonantes gurias. Era tudo para mim. Tudo em Latim,. Total fizemos o Vestibular de Latim, para o Direito, da UFRGS, em 1958.

Depois, no refeitório, em mesa separada, as notáveis freiras, ofereciam um café, bem sortido, café da manhã, que valia por um almoço, nós que no internato do Anchieta, no nosso refeitóiro do Anchieta, a comida servida, infelizmente, não era boa, feita pelos  " Fritz" - jovens alemães da colônia alemã,  que faziam todo o serviço doméstico do grande colégio Ancheita, como os taifeiros da Aeronáutica,.

Para mim era uma festa, ver aquela notável capela, uma mini Notre Dame parisiense dentro de P. Alegre, repleta das gurias do Sevigné, um espetáculo. Nunca mais esqueci daquela capela nobre,. Não sei se ainda existe.. Deve estar lá, pois, agora nem é mais colégio Sevigné. Mudou de nome. Aliás, era  um colégio católico, de freiras de São José, que não tinha  nome de santo, e sim, de uma grande escritora francesa a Madame de Sevigné, que como George Sand, marcou época, no meio da intelectualidade de Paris. Basta lembrar que Frederic Chopin, foi apaixonado pela George Sand e esta o recebia em seus saraus literários famosos, onde reunia a fina flor dos intelectuais da Béle Epoque parisiense. Era a época literária, ha istória, do chamado   "Romantismo"      -  E assim  esvoaçam longe as recordações.  E  Frederic Chopin ( polonês) ao piano, tocava suas novas canções e seu gênio ressoava nos acordes das teclas dedilhadas por seus dedos sagrados, em composições que até hoje são clássicas. Muitos historiadores afirmam que a Madame George Sand, admirada por todos e disputada por todos, acabava cedendo à paixão do gênio polonês e o aceitava em sua cama para pernoitar. Que notável. Que fantástico. Lógico, que eu, em meu interior, no meu subjetivo, de jovem  que lia muito e vivia sonhando com poetas e escritores, me achava um Frederc Chopin tupininquim e tinha a aspiração máxima que alguma daquelas meninas - uma paixão de gurias, com seu uniforme - fossem  um dia, a George Sand, do guri de Antonio Prado.

 Como é bom sonhar e admirar o belo, a capela fantástica, a missa, e aquele grupo de gurias de uniformes límpidos. Meu Deus, como  a vida passa ligeiro e quanto se foi e nada se realizou, como agora, com 78 anos, vejo meus colegas morrendo e eu me aproximando da famosa chamada " hora Evarista"....E tudo ficou para trás. E ficava no ár o odor gostoso do incenso, muito bem preparado pelas notáveis freiras, cuidadosas, prestativas, tudo no lugar, tudo limpinho e assim o turíbulo, onde ia o incenso com as brasas bem acesas e ao balançar do turíbulo   subia  aquela fumaça sagrada e espalhava pela sagrada capela do Sevigné, o perfume que ainda hoje repicam em minhas papilas olfativas, pois, a vida é um incenso que entra nos pulmões e se esfuma no ar e desaparece.

"Sic transit gloria mundi"  assim passa a glória do mundo.  


Nério "dei Mondadori" Letti