A primeira neblina\o
fim do mormaço\o alívio da chuva que veio dos céus\ as folhas maduras caindo do
espaço\ e as mãos levantadas num graças a Deus.
Se a seca resseca\ e
a geada cresta\ a fé que ainda resta nos faz renascer\ e os sóis de outono que
espiam nas frestas\ aparam arestas e nos fazem crescer ( De uma composição
minha com letra de Nenito Sarturi)
Ouço The Lark
Ascending em La Simphonie des Oiseaux ( a Sinfonia dos Pássaros), que
coleta peças que remetem à Natureza. Obras de Dvorak, Schumann, Camile
Saint-Saens, Mozart ( Die Zauber Flöte) e outros mais.
Ótimo para meditar no
meu refúgio marítimo. Em cidade muito grande há barulho, protesto, fechamento
de vias, filas, engarrafamentos, crimes a granel. Nas pequenas, assaltantes
estouram as caixas eletrônicas (não sei porque dizem OS caixas) . Aí vai
ficando impossível de viver. Então optei por de vez em quando me refugiar no Litoral, onde não há assalto
frequente e sequencial, nem barulho. Isso de março a fim de novembro.
Como já disse, fui um
caçador de pássaros. Mas já estou entrando com Habeas preventivos junto às
cortes celestiais. Alegarei “erro de proibição" ( Verbotsirrtum), ou
qualquer outra filigrana para, ao fim e ao cabo, só passar poucos séculos
no purgatório. Nunca vi tantos pássaros
na vida, como aqui. Pode até que haja, mas eu não vi. Esses aqui de
Xangri La perderam o medo dos humanos.Caminho na praia e as aves só se afastam
bem pouquinho à minha passagem. “ Lo juro por la leche de mi madre” que quando
toco violino os bichinhos vêm escutar. O que está me surpreendendo é meu súbito
encantamento pelo outono que, como disse, já está aí. O calendário está
defasado. Há uma cor diáfana no dia, algo como se houvesse uma cortina
translúcida. Nem calor, nem frio. Para dormir, apenas uma leve coberta. Tudo isso conduz a
uma alegria inebriante de estar em paz, sem
incômodos como carros com som alto, calor massacrante ou gente estressada no entorno.
Não é por nada que
tanta gente, após uma vida de suor e labor, retira-se para uma fase sabática de
só aproveitar o que ainda resta de bom.
Um alerta, porém:
assim como há os esquimós que adoram morar nos seus iglus e os que acham
muito lindo acampar no meio dos mosquitos, é melhor deixar uma árvore enraizada
no lugar. Se preferir mudar e experimentar tenha calma, a adaptação
demora. E é indispensável gostar de sua própria companhia...