sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

NATAL NA CASA DE MEUS AVÓS








Meus avós paternos, Rudolf Gessinger e Rosália Klafke Gessinger tinham casa de comércio em Boa Vista. distrito de Santa Cruz do Sul.  Faleceram ambos num desastre de automóvel quando se dirigiam à Missa de Ramos em Santa Cruz no ano de 1953, quando eu tinha 8 anos.Estão sepultados, lado a lado, na entrada do Cemitério Católico da cidade de Santa Cruz.

A casa do meu avô desperta-me muita saudade. Ali se vendiam víveres para os colonos, além de ferramentas, tecidos, remédios. O salão de bailes servia, normalmente, para depósito de fardos de fumo.  Na parte social da casa o que mais me fascinava era a abundância de instrumentos musicais, a começar por um piano importado, tocado pela minha tia Brunhilde. A tia Hildegard estudara  acordeon. Também havia  violinos e violões.

Quando passava  férias lá, dormia no quarto do meu tio Guido, dez anos mais velho que eu e espiava as cartas que ele mandava para sua namorada em P. Alegre, hoje sua esposa.

O Natal era comemorado dia 25 mesmo e não tinha nada dessas festas pantagruélicas que hoje se fazem dia 24.  Minhas irmãs, meus pais e eu íamos à missa bem cedo em S. Cruz e, após, embarcávamos na caminhonete Dodge 1951, rumando  a Boa Vista. A  mãe e minhas irmãs desciam na casa da avó  materna, Bertha Etges, viúva. E eu seguia com meu pai.

Não estou dizendo que o que agora vou narrar pode se aplicar aos dias de hoje. Só estou descrevendo.

Meu pai, tios e tias tinham um respeito sacrossanto pelos meus avós. Só se sentavam à mesa depois que os genitores  o fizessem. A ajudante de minha avó, sra. Anna Stuelp, servia o almoço. Rezava-se, então, em alemão, o Pai Nosso, a Ave Maria e o Glória ao Pai. Feito isso, meu avô era servido e ele escolhia  suas postas prediletas  de galinha.  Falava-se pouco durante a refeição.

Findo o almoço meus avós iam sestear sendo proibido um pio pela casa.

Liberado o horário de silêncio eu ia brincar com os Wuttke que moravam defronte.

À tardinha meu avô chamava as tias para executarem algumas peças musicais para as visitas.

Muitas dessas práticas procurei incutir nos meus filhos. Quase todos se exercitam em instrumentos musicais.
Para mim, a maior herança que se pode deixar é a perpetuação de bons usos e costumes aos descendentes
( Na foto meus avós, pai, tios e tias)