quinta-feira, 30 de novembro de 2017

SAUDADES DA MINHA TERRA NATAL

Lembro-me vagamente de uma espécie de hino que escutei na meninice em minha terra natal:
Santa Cruz, ó linda terra/de fulgor e encantos mil/
salve ponto luminoso/na amplidão do meu Brasil
Procurei no Google e não a achei. Também não me recordo das demais estrofes.
Corta para a Rua Tomás Flores, 864, onde era a casa de meus pais.  Pertinho dali ficava a casa do sr.Alfredo Kliemann. Meu pai ia conversar com ele na calçada. E eu ouvia músicas maravilhosas que advinham daquele sobrado.  Só recentemente me dei conta que era a Suite Copelia  de Delibes. As partes de que mais gostava eram a Valsa e a Mazurka.
Câmeras no auditório do Colégio São Luiz. Fui, com meus pais, assistir a uma apresentação do Orquestra Estudantina (seria mesmo esse nome)? Nunca mais me esqueci de uma das lindas músicas que tocaram. Chiribiribin ( Ciribiribin! Che bel faccin, / che sguardo dolce ed assassin. / Ciribiribin! Che bel nasin, / che bel dentin, che bel bocchin). Um dos violinistas era o Guido Molz, salvo engano.
Meu Deus, e quando surgiram os filmes de Sissi, a imperatriz? Todo falado e cantado em alemão, diziam os anúncios. Minha mãe foi assistir várias vezes e voltava quase morta de tanto chorar.
Por sinal, recentemente num acesso de saudade e nostalgia, fui no You Tube ou na Netflix e assisti aos três filmes da Romy Schneider. Tive que pegar um roupão de dois metros para enxugar as lágrimas. O alemão que se falava no filme era o  de Santa Cruz.
Câmeras agora para a rua João Werlang, em cuja esquina com a Tomás Flores era a casa de comércio de meu pai. Aos domingos vinham os colonos de carroça e deixavam ali seus veículos com os cavalos. Entravam pelos  fundos e lavavam os pés no tanque. Tiravam os chinelos e tamancos e calçavam sapatos. E se iam duas quadras adiante para a Santa Missa . Minha irmã Lia e eu aproveitávamos para esconder as sombrinhas e chinelos.
Ao lado da nossa casa, onde agora mora a família do sr. Ely Fontoura, era a residência  dos padres. De vez em quando o Pe. Linn vinha jogar um Schaffkopf com meu pai e seus amigos.  Outra lembrança inolvidável era o Pe. Darupp, homem finíssimo (devia pertencer à nobreza alemã), sempre vestido impecavelmente e que vinha tomar uma cervejinha com meu pai vez por outra. Era o momento de abrir a porta da sala, com suas poltronas, que só era usada nos momentos especialíssimos. E o padre entoava as antigas canções alemãs, suave e pianíssimo. Não gritava, entoava, fazia um pequeno vibrato. Um homem fino.

Agora me lembrei do Padre Demmler, outra figuraça em sua “ Monareta”, uma pequena bicicleta a motor.. Eu tive uma infância muito feliz. Tinha pais, avós, irmãs, tios e tias, amigos amorosos. Dou-me conta que eu estava no céu e não sabia. Que o outro céu seja meio parecido...

quarta-feira, 29 de novembro de 2017

SOBRE AMIZADES

Particularmente acho o Watts excelente para curtas mensagens e alguns videos que sejam realmente interessantes. O destinatário pode ler com calma e abrir  quando lhe convier, ao contrário do telefonema que nem sempre é conveniente.
Tenho a sorte e a felicidade de ter várias " tribos" de amigos. Com alguns troco coisas filosóficas; com outros, assuntos jurídicos, e assim vai.
Ultimamente me deu uns ataques de saudade de antigos amigos que não vejo pessoalmente há mais tempo. Amanheço e, impressentidamente, pego minha SW4 e me meto na estrada para almoçar com o amigo e voltar. Gosto muito de alguns , com quem adoro passar o dia conversando, sim, o dia inteiro.
Devo muito, devo demais a meus amigos.
Penso que o primordial é que NUNCA SE DEVE PERDER UM AMIGO. 
Se alguém te sacaneou, então ele não era teu amigo. Mas não fala mal dele, nem de mal nem de bem. Deixa rolar, pode ser que mais na frente ocorra uma reconciliação ou se descubra que " a coisa não foi bem assim".
O grande filósofo santiaguense Pablyto Nicola me ensinou que o amigo para pescar talvez não seja o conselheiro ideal para teu investimento de um milhão de piastras em Miami. 
E desconfia daquele amigo cuja esposa não gosta de ti.
É bom ser compreensivo com aquele que se afasta de ti.  Só costeleia e deixa que corra.  Quando ele cansar e se voltar, sem cobranças, segue o papo de onde terminou.

A amizade não é salvo conduto para falta de educação.
Se ele engordou ou pintou os cabelos, é melhor não tocar no assunto. Se ele aparecer com uma gatíssima a tiracolo, fica frio , pode não ser a filha...

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

E AÍ, MELHOROU ?

Seja qual for sua idade, dê uma olhada no retrovisor: a coisa , em geral, melhorou ou piorou? Falo na paz, na tranquilidade, na segurança, na cultura, na saúde.  Começo reafirmando que se meus pais e meus avós estivessem vivos hoje e fossem pais de crianças ou adolescentes, iriam direto para o presídio. Onde é que se viu mandar um filho capinar, depois da aula; ou ajudar a limpar a casa? Ou levar umas chineladas na bunda depois de uma “ arte”? Ou ser obrigado a terminar de comer tudo o que estava no prato?

Hoje o adolescente , de familia pobre ,  remediada, ou rica, quase sempre quer que os pais façam tudo por ele, inclusive reclamar dos professores. Para ir a festas ou ficar de boné e capuz nos shoppings, sem comprar nada, isso ele faz sozinho.
A lixeira da rua está repleta, cercada de detritos. Nenhum morador próximo se propõe a recolocar o lixo no “ container”. O Estado que o faça.
O vento levantou umas telhas da escola, chove para dentro. Raros os pais que se oferecem para ajudar a consertar.  Deu uma zebra, enchente,atingidos recolhidos ao pavilhão de uma entidade. A maioria  deitada nos colchões e muitos reclamando da pouca maciez. E pior,  sesteando ao invés de darem uma boa faxinada no local. O balanço da praça estragou. Fica um ano assim até que o Estado venha arrumar.
Dá uma dorzinha de cabeça, fruto de um porre, lá vai o cara, com a mulher, mais os filhos e ainda o cachorro, tomar o lugar dos outros, com problemas sérios, na fila do Posto de Saúde. E ainda arma um barraco pela demora no atendimento.
Caiu uma árvore sobre o muro do sr. Euclides. Espera duas semanas  mas não move uma palha para arrumar uma motosserra e resolver o problema.
A guria passa de balada, tira más notas por não estudar: culpa dos professores.
O cara vende  seu voto e depois fica choramingando.
No trabalho é " matador" de serviço e fica brabo quando é despedido. E depois quer mil direitos , aos quais nunca fez jus, mas usa de  artifícios intimidativos.
Por isso insisto: a mudança deve começar pelo berço, pelo exemplo dos pais. Pela seriedade, tanto de patrões como de empregados, tanto de políticos como de cidadãos. Corrupção é binária: o corruptor ativo não se sustenta sem o passivo.

O resto é fruto de índole preguiçosa, incentivada pelo coitadismo e pela incessante propaganda imoral de maus costumes de que algumas de nossas TVs estão repletas e martelando dia e noite. E está na Constituição:  TV é concessão do Poder Público, só as instalações são do particular. Concessão dada em nome  do povo. E nos empurram lixo!

terça-feira, 21 de novembro de 2017

VISITANDO O GRUPO GAZETA DO SUL

Ontem tive momentos muito agradáveis na minha querida terra natal, Santa Cruz, cada vez mais linda.
Fui visitar meu querido amigo de infância André Jungblut, Diretor Presidente do Grupo Gazeta, que envolve um jornal diário circulando há 70 anos, mais emissoras de rádio AM e FM em toda a região.Presente o jornalista Igor Müller. Atualmente sou colunista do jornal.
É impressionante como Santa Cruz fervilha de progresso sem, no entanto, perder seu encanto de cidade limpa e caprichosa.
Também visitei minha irmã Cleonice e, na volta, tive o prazer de trazer um estoque de cucas, que só em Santa Cruz se encontram e aproveitar para passar no Schuster que produz a melhor linguiça do mundo. Trouxe vinte quilos.
De volta em casa separei os gomos em pacotinhos de três e coloquei no freezer.
A linguiça colonial é uma salvação: podes fervê-la na água, comer pura ou com pão, fazer carreteiro, enfim...
Um dia feliz na minha vida.

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

AINDA SOBRE AS NORMAS GALPONEIRAS

( mail recebido)
Considerações simples, mas que acabam por fazer com que a atividade funcione harmoniosamente.

Lembro dos anos 80, na fazendola do vô, na Vila Santa Rosa, Santo Antônio das Missões, do feno e cana-de-açúcar para
suplementar o gado no inverno, o roçado da mandioca, da produção das tachadas, o chiqueiro, o envio do pedaço de carne
ao vizinho quando do abate da rês, tempos que a "moeda sonante" não fazia o alarido de hoje.

As famílias maiores, por certo que fizeram com que a "cincha" fosse sempre bem apertada...

Noto que ao passar dos anos, ademais de o crédito rural ter chegado aos pequenos produtores, ao mesmo tempo,
pelo menos na região da pecuária, houve um superendividamento incompatível com o tamanho das propriedades.
Vemos, não raramente, o "mata-mata", um empréstimo para encobrir outro, o número de pessoas que continua
produzindo decaiu, e os que continuam, estão sempre com um pé na cidade, na "ilusão povoeira" das compras em
parcelas...

Enquanto isso, as tambeiras para o leite dos guaxos, os roçados, cada vez mais escassos. O capim Anonni, o espinilho,
"Maria Mol" e caraguatás, cada vez mais dando o ar de sua graça..

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Rafael Saratt Pereverzieff

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

NORMAS GALPONEIRAS

Recebi esse saboroso material de um querido amigo e leitor:

Sendo um "colhedor" de causos, adágios, história...

Interessado sempre em suas considerações sobre a administração, seja rural ou da nossa existência...

Compartilho com V. Sa. uma crônica de Blau Souza.

Um abraço do leitor,


Rafael Saratt Pereverzieff

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Regras para o Galpão e para a Vida
Blau Souza

Faz bem a solidariedade dos amigos quando sofremos duras perdas. A morte do meu irmão Jacques propiciou muitas manifestações, como a do Fernando Adauto no SulRural, em que o carinho e as recordações comoveram a mim e a todos que o conheceram. Lá está dito que Jacques vivia a Qualidade Total, e assim o era.
Assumindo a Estância do Sobrado aos dezessete anos, dobrou a sua área e com campos lotados. Tinha um raciocínio simples: sua moeda corrente era o gado. Para aumentar o rebanho, arrendava campos e quando da devolução das áreas arrendadas, vendia o gado que havia nelas e comprava campos vizinhos aos do Sobrado. O sucesso foi conseguido com muito trabalho e disciplina.
Divulgo, para proveito de outros, como ele gostaria, suas instruções aos empregados, colocadas e 20 itens pendurados na sala da estufa no galpão da estância. Foram feitas pequenas adaptações na forma, para facilitar o entendimento.
“Estância do Sobrado. Medidas a serem tomadas para o melhor andamento dos serviços:
1. Assumir com responsabilidade e boa vontade suas obrigações, sempre pronto a ajudar os colegas de trabalho.
2. Terminar com conversas, fofocas, etc., que só dividem e nada somam. Elas só desgastam a pessoa que as faz.
3. Quando estiver descontente com alguma coisa, procurar falar comigo em particular. Tenho o maior interesse e boa vontade com todos.
4. Por ocasião de temporal, independente de função, tomar as devidas providências, fechando janelas, portões, moinho, etc.
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“É impossível haver progresso
sem mudança, e quem não
consegue mudar a si mesmo
não muda coisa alguma.”
George Bernard Shaw
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5. Ter criatividade e bom-senso. Exemplo: recolher pedaços de arame, sacos
plásticos, arrancar espinhos e outras pragas.
6. Quando estragar alguma coisa, ou machucar um animal, comunicar a
administração. Jamais querer transferir para os outros, mas assumir as
faltas.
7. Procurar não pegar, sem necessidade maior, arreios, xergões, pelegos,
cordas e outras coisas dos patrões.
8. Cuidar do arreamento, poncho e demais utensílios, bem como desencilhar
em lugar apropriado e deixando tudo em ordem.
9. Procurar trazer sua cama arrumada, bem como as demais coisas dos
quartos, que devem permanecer limpos.
10. Reparar sempre se não ficou torneira mal fechada, ou a descarga do vaso
escapando, principalmente quando houver mais gente nas casas.
11. Procurar trazer os utilitários de galpão sempre limpos, nos devidos lugares
e dando a manutenção necessária a alguns implementos.
12. Não trazer cachorro para o estabelecimento sem o meu consentimento.
13. Sempre que chegar alguém, ver que é e dar o atendimento necessário,
comunicando após a administração.
14. Procurar, dentro do possível, estar por dentro das contas de bovinos e
ovinos de cada invernada.
15. Por ocasião de banho de gado, vacinação ou outros serviços nas
mangueiras, ajudar a verificar se as porteiras estão fechadas, se o corredor
está aberto e, após, se foi fechado e se foi medida a carga do banheiro.
16. Sempre que abrir porteiras, não esquecer de colocar o pino de segurança
ao fechá-las.
17. Procurar não maltratar os animais e, nas mangueiras, evitar gritaria e
cachorro. Tenho certeza que assim fazendo o gado vai ficando cada vez
mais dócil.
18. Fazer todo o empenho para terminar com rixas entre funcionários. Elas só
criam problemas para a administração.
19. Sejamos bem-educados, não cuspindo no chão, não jogando toco de
cigarro em qualquer lugar e, sempre que possível, juntando outras sujeiras.
20. Sempre: sejamos amigos. Existindo a amizade, existirá a lealdade.
Agradecido. (a) Jacques. N.B. Bebidas alcoólicas, somente se oferecidas

pelos patrões.”

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

DR. HERMES DUTRA COMENTA MINHA POST ANTERIOR

Prezado Ruy e confrades !

Fiz setenta anos no mês passado. Nascido na minha longinqua Cacequi, onde vivi aos até os dezoito anos.

Ao que me lembro,meu primeiro trabalho voi vender pastel na estação ferroviária, na hora da passagens dos trens. Deveria ter uns 9 ou dez anos. Meu pai, trabalhador de salario mínimo e minha mae, com 11 filhos, precisavam de ajuda. E assim comecei. Aos treze na padaria aprendi a fazer pão, que distribuia pela cidade. Aos 14 fui trabalhar com carteira assinada no engenho Ipiranga, onde fiquei até perto dos dezoito anos. Apesar da pobreza, tive uma infancia feliz, trabalhosa mas feliz.

Meu pai sempre me dizia para estudar. E segui seu conselho. encontrei bons professores no antigo ginásio que me incentivaram e me mostraram o caminho da leitura e do estudo. Consegui fazer faculdade e aqui estou hoje com tres filhos crescidos, bem encaminhados e seis amados netos. Porque estou dizendo isso ? Não é para louvação a mim mesmo (isso até me faria mal), mas é que estou cansando desse papo de vitimas da sociedade, o Governo tem que fazer isso, é obrigação do estado e por aí vai.

Tens toda razão. Por mais que queiramos que as coisas funcionem, elas só vão funcionar se todos participarem. Esperar que o pai Estado resolva tudo, além de ser uma esperança inócua, as coisas não andarão. Nós, bem ou mal, temos excelentes universidades federais, que não custam barato para o pais. Eu pergunto: Esse dinheiro não seria melhor aplicado se fosse no ensino básico, dando  então condições para que os pobres tenham uma formação decente ? Mas vai falar isso e já te caem de pau. Então continuamos com a hipocrisia: Universidade gratuita, que em geral é frequentada pelos mais aquinhoados, pois são os que passam no vestibular e o ensino básico que se lixe. Deveríamos ter escola básica obrigatória de turno integral e gratuita.

Mes passado fui visitar meu filho que faz um pos doutorado na Universidade de Louisville, no Kentuchi, nos Estados Unidos. Seus filhos estão matriculados numa escola publica, gratuíta, turno integral. Mas essa gratuidade tem preço. Tem temas aos montes para fazer em casa, além de uma disciplina rígida. Todas as segundas feira pela manhã antes da aula eles se reunem e fazem juramento à bandeira americada. Repito:Todas as segundas feira.Meu neto mais velho falou demais na aula e na segunda semana foi probido de fazer uma atividade num horario livre. Ficou sentado na sala de aula esperando os colegas voltarem.

Imagina de isso fosse aqui.

O Rogowski falou um tema interessante sobre nossa constituição. Ela tem muito a ver com tudo isso que aí está. Saímos de um governo duro para um salve-se quem puder. Hoje em dia, respeito, educação, polidez etc... são coisas que não se sabe mais. Ou se sabem não praticam. O trânsito é um bom exemplo disso. A poluição dos pequenos riachos então nem se fala. No meu condominio em  Xangri-lá tem um arroio que passa ao lado que está sempre com um monte de sacos de lixo. E quem coloca esse lixo ? São os patrões exploradores ? As grandes empresas que só visam o lucro ?

É meu amigo, os tempos andam muito duros. De vez em quando leio que a década tal foi a década disso ou daquilo. Acho que as nossas ultimas duas (ou três) décadas foram as décadas da hipocrisia. E isso que nem cheguei a falar na mãe que leva uma criança para passar a mão num marmanjo pelado e diz que isso é arte.

Abraço a todos

Hermes Dutra


TUDO SÃO OS OUTROS QUE TEM QUE FAZER

Não me levem a mal se estou errado.
O adolescente , de familia pobre ou remediada, ou rica, quase sempre quer que a mãe o leve para fazer a matrícula na escola.Ou que ela sozinha o faça. Para ir jogar futebol ou ficar de boné e capuz nos shoppings, sem comprar nada, isso ele faz sozinho.
A lixeira da rua está repleta. Veio um catador e esculhambou tudo em busca de algo que lhe serve. A lixeira cercada de detritos. Nenhum morador circunjacente se propõe a esperar o próximo catador e lhe pedir com bons modos que não mais o faça, muito menos colocar luvas e fazer o lixo retornar ao coletor. O Estado que o faça.
O vento levantou umas telhas da escola, chove para entro. Raros os pais que se oferecem para consertar às suas expensas.  Deu uma zebra, enchente,todos recolhidos ao pavilhão de uma entidade. Todo mundo deitado nos colchões e muitos reclamando da maciez. E repito,  sesteando ao invés de darem uma boa faxinada no local. Balanço da praça estragou. Fica um ano assim até que o Estado venha arrumar.
Dá uma dorzinha de cabeça, fruto de um porre, lá vai o cara, com a mulher, mais os filhos e ainda o cachorro, tomar o lugar dos outros, com problemas sérios, ao Posto de Saúde.
Caiu uma árvore sobre o muro, espera duas semanas  mas não move uma palha para arrumar uma motosserra e resolver o problema.
A guria passa de balada, tira más notas por não estudar: culpa dos professores.
O cara vende  seu voto e depois fica choramingando.
No trabalho é " matador" de serviço e fica brabo quando é despedido. E depois quer mil direitos , aos quais nunca fez jus, mas usa de  artifício intimidativo.
Não acredito em reforma alguma de cima para baixo, salvo  partes da trabalhista - aquelas que flexibilizam e não oprimem tanto o empresário.
O resto é fruto de indole preguiçosa, incentivada pelo coitadismo.
Falo isso porque trabalho desde 14 anos, me esforçava e nunca me achava explorado. Quando surgia coisa melhor, agradecia e pedia o boné. E assim fez a maoria dos amigos que conheci.

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

MAIL DO DR. ROGOWSKI


Ruy e demais amigos!

Creio que há uma sincronicidade entre as pessoas que são amigas, que se admiram e se respeitam, que se querem bem, porque essa semana estive meditando muito, precisamente sobre essa questão da vida natural e geralmente faço as minhas reflexões sob as lentes da teologia, pois, sou daqueles que precisam de uma bússola para não perder o rumo no oceano das ideias.

Uma das hipóteses em que mirei sobre a queda do homem e sua expulsão do paraíso por ter comido da arvore do conhecimento, foi a de que o Criador sabia que o conhecimento tecnológico poderia nos destruir futuramente.

Talvez Deus quisesse outra linha evolutiva para nós, centrada mais no ser do que no ter, uma vida simples e em harmonia com a natureza, distanciados dos grandes aparatos tecnológicos que criaram dependência e escravização como ocorre atualmente, em que estamos literalmente viciados em internet e toda essa parafernália hoje existente.

Basta ver que povos antigos em várias partes do mundo evoluíram bastante enquanto sociedade sem dependerem da eletrônica, povos que depois desapareceram, talvez, por terem completado o seu processo evolutivo espiritual.

Enfim, são meras reflexões, nesse campo não há certezas certas.

terça-feira, 7 de novembro de 2017

QUASE NÃO HÁ MAIS ESCURIDÃO NO MUNDO

Olhem só essa imagem do espaço. É noite, mas não escura.
Não sei porque, mas me invoco com as noites iluminadas. Acho que a mãe Natureza também não gosta.
Recentemente fiz um périplo por uma região agrícola da Alemanha
. Hospedei-me num belo Hotel, no alto de uma elevação. À noite, da sacada do meu apartamento, via um mar de luzinhas. A cada tanto uma vila, um povoado, uma cidade. Fiquei um pouco melancólico.
Isso me reporta à nossa Fazenda, em Unistalda - RS, em que há muitos capões de árvores nativas e onde, realmente, as noites são imunes à luz artificial. Recordo, agora, um episódio muito gostoso
.
Recém tínhamos adquirido uma área, contígua à nossa, do Sérgio Brum Pinto. A chamada Fazenda da Capela.
Por ela flui uma caudalosa e límpida sanga, com suas matas ciliares de  frondosas árvores nativas.
Pois num dia 31 de dezembro, uns quinze anos atrás, peguei um trator, atrelei num reboque e montei acampamento à beira do mato e da sanga. Coloquei uma lona por cima do reboque e uns colchões e estava feito nosso quarto de dormir. Maristela e o Rudolf foram de caminhonete.
Fiz fogo ao relento e sobre uma improvisada trempe assamos linguiça campeira . Tudo acompanhado com pão feito em casa.
Maristela e eu contemplando as estrelas , sem rádio, nem TV nem celular.
Fomos deitar 10 da noite sob a vigilância das corujas.
Durante a noite ouvimos roncos de bugios e o farfalhar das folhas com a ação da  tépida brisa.
Quando começou a clarear os jacus iniciaram sua festa junto com mil pássaros.
Entramos para dentro da sanga para o banho matinal natural.
Relutei muito para voltar à sede da estância, onde a internet já havia fincado o pé.....
 

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

AOS MEUS QUERIDOS LEITORES, ÀS MINHAS QUERIDAS LEITORAS

Claro que vocês notaram a rarefação de minhas postagens. Depois que completei um milhão de acessos, senti uma sensação de como tivesse chegado ao pico do Everest e minha missão estivesse cumprida.
Brincadeiras à parte, a verdade é que estamos num estágio, em nosso país, de estupefação. Todo mundo tem pressa, todo mundo é sábio sem sequer dominar sua língua materna, escrever para que e para quem? Por sinal isso é uma praga mundial.
A maioria das pessoas estão preocupadas em postar no seu face  o que comeram ao meio dia e de que cor devem ser as calcinhas no Ano Novo.
Eu ando muito apaixonado pelos meus leitores semanais da Gazeta do Sul, um jornal diário, de grande tiragem e que está na internet,  de Santa Cruz. Procuro burilar meus textos, dou-me o tempo.
E acho mais prático mandar meus artigos, publicados na Gazeta e no blog, por watts app, e pelo moribundo e mail, a meus conhecidos e amigos.
Então está combinado: vou escrever menos vezes, mas os textos serão mais sopesados, pensados e repensados.

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

PRONUNCIAMENTO INCISIVO DE NELSON WEDEKIN - RECOMENDO A LEITURA


A morte de Luiz Carlos Cancellier de Olivo foi um acontecimento trágico, infausto, mas não só.

Se houvesse uma só autoridade do Estado a refletir por breves momentos naquela situação, uma só autoridade com o olhar na lei, na proporção que precisa haver entre o seu ato e as suas consequências, Cancellier estaria entre nós, feliz e realizado como estava em vida, dedicando o melhor do seu talento e inteligência, de sua capacidade de trabalho, de sua vocação para o diálogo e o entendimento, prestando serviços em favor da Universidade e do País. A tragédia teria sido evitada.

Tudo está claro hoje. Os fatos que estavam sendo investigados não eram nenhum escândalo. Não havia flagrante. Não havia malas de dinheiro. Não havia licitações fraudadas nem obras superfaturadas. Não tinha nota fiscal fria nem dinheiro de caixa dois. Não estava em investigação financiamentos do BNDES a juros negativos, nem prejuízos biliardários de fundos de pensão.

Tudo parece bem mais próximo - e mesmo isso ainda está para ser demonstrado - de um conjunto de irregularidades, precariedade de controles, prejuízos possíveis que, calculados na ponta do lápis, talvez tenham alcançado a cifra de R$ 350 ou 450 mil reais. Isto em um programa que movimentou R$ 80 milhões de reais desde o seu início em 2006.

O detalhe de que os eventos investigados eram anteriores à posse de Cancellier não pareceu relevante às autoridades da operação "Ouvidos Moucos".

Também de nada valeu que Cancellier não tivesse antecedentes criminais. Era um homem de ficha limpa. Nos 59 anos que viveu ele foi preso uma única vez, no raiar daquele dia de setembro de 2017. Dormiu uma única noite na cadeia. E dali saiu para morrer 18 dias depois, consumido na voragem daquela terrível sucessão de acontecimentos.

Cancellier foi preso e os policiais que o acordaram de madrugada não souberam explicar as razões da prisão. Tentou rever na memória o que poderia ser, enquanto era conduzido de camburão ao prédio da PF, mas não passou nem perto.

Os policiais, o MPF, a juíza poderia ter tomado uma providência simples: mandar verificar onde morava o reitor. E veriam, então, que ele morava num apartamento modesto, de três quartos, num prédio modesto de quatro andares. Saberiam que ele não tem carro. E poderiam ter feito o raciocínio elementar: esse homem não tem o perfil de delinquente.

Também poderiam ter grampeado os seus telefones. Talvez o tenham feito. Como sabe esta casa, no Brasil de hoje é incalculável o número de telefones grampeados. Seriam 250 mil, 400 mil. Ninguém sabe. Mas se gravaram não tinha nada que comprometesse o reitor. Senão teriam divulgado, da mesma maneira que foi irresponsavelmente divulgada a cifra de R$ 80 milhões de reais como o valor de desvio, quando este é o valor total de todo o programa investigado desde 2006.

Aquelas autoridades, por dever de ofício, deveriam medir a extensão, a gravidade dos fatos investigados, face ao gigantismo da operação que montaram, a Ouvidos Moucos. Foram mobilizados, só da PF, 105 agentes policiais, muitos deles vindos de outros estados da Federação. Vieram agentes do longínquo estado do Maranhão, e sabe-se lá mais de onde. Não é demasiado afirmar que a operação custou mais aos combalidos cofres públicos brasileiros do que o prejuízo investigado.

Aquelas autoridades, imprudentes, desmesuradas, ao que parece não cogitaram de abrir uma investigação normal, regular, compatível com a dimensão do episódio. Isto é, abrir o procedimento, ouvir o reitor, os outros seis presos, os demais envolvidos. E no correr do processo verificar se havia dolo e culpa, e quem eram os responsáveis, se de forma total ou em parte, e quem possivelmente não tinha nenhuma culpa.

Se seguissem a alternativa comum, teriam obtido os mesmos (e até melhores) resultados com o uso comedido, discreto de 5 ou 6 agentes da PF. Não teriam gasto uma pequena fortuna em passagens, diárias, refeições, não teriam de importar reforços de outros estados. Ninguém parou para pensar. Seguiram apenas os próprios impulsos voluntariosos. Agiram sob a influência de um corregedor buliçoso, ansioso de protagonismo, tomado de excesso de zelo.

Não havia entre os investigados nenhum condenado, indiciado. Todos eram ficha limpa. Nenhum deles poderia ser chamado de "elemento", nenhum deles reagiu, nenhum deles era perigoso. Todos trabalhavam na Universidade. Todos tinham endereço certo e conhecido. Antes de levá-los às barras do tribunal, o que seria até razoável, levaram-nos às barras da penitenciária.

No Brasil são assassinados 60 mil concidadãos por ano. Em apenas 8% deles se conhece a autoria. Então, devem existir nas ruas das cidades brasileiras, e nos grotões do País, milhares de assassinos à solta. Nenhuma autoridade teve a ideia de fazer uma operação que reunisse, digamos, 100 policiais para encontrá-los, botar atrás das grades, quem sabe uma, duas centenas deles. E se não tanto, ao menos sete, para se equiparar à operação Ouvidos Moucos.

O programa de financiamento estudantil, o FIES, já acumula mais de 55% de inadimplência. Fraudes históricas no auxílio-doença, no seguro desemprego, no seguro-defeso vêm sendo praticadas há anos, como denunciam sistematicamente, os organismos de controle. São milhões, bilhões de prejuízos causados aos cofres públicos. Vez por outra, em longos intervalos, se monta uma operação especial para barrar a pilhagem, conter os abusos, punir os responsáveis. Nenhuma dessas mini-operações chegou perto do aparato da Ouvidos Moucos. Ao que saiba, ninguém foi preso, ou está preso.

Mas lá no meu estado de S. Catarina montaram uma operação estrepitosa para elucidar o possível desvio de alguns milhares de reais, cuja única consequência visível foi a de atirar na lama a reputação de um homem de bem, homem do diálogo e da conciliação, fazendo-o sucumbir na ignomínia.

Era um caso vulgar, ainda restrito ao âmbito administrativo. Um caso em que talvez, quem sabe, possivelmente, em hipótese, poderia ter causado algum prejuízo ao dinheiro público. Um caso de "obstrução à Justiça", embora a matéria ainda estivesse em instância administrativa.

Terá sido a primeira vez em que uma suposta interferência no âmbito administrativo, se transformou, do nada, em delito, em crime. E terá sido também a primeira vez que, por tão pouco, se põe na cadeia um homem comum, e mais ainda um professor, mestre, doutor e reitor de uma Universidade.

As autoridades responsáveis pela sequência trágica de erros ouviram, à rigor, duas pessoas para montar a expedição punitiva, o corregedor da Universidade e uma única professora. O reitor havia avocado para si o processo, ato corriqueiro, chancelado pela Procuradoria, que é da União, e não da Universidade. O ato legal, comum de avocação, e o depoimento de uma professora foram as sofríveis, duvidosas, discutíveis evidências de um crime menor, mas que desbordou para um decreto de prisão temporária.

Ao que se sabe, não cogitaram de um procedimento comum, da hipótese elementar de ouvir antes as explicações do reitor e dos demais. Fizeram uma ligação direta com a operação cinematográfica, com pompa e circunstância, atirando-os às feras da opinião pública, das milícias raivosas das redes sociais, dos justiceiros de plantão.

Expuseram-no à cobertura acrítica da imprensa, que deixou passar barato e acatou quase pressurosa, sem contestar, a versão pífia das autoridades. Os meios de comunicação, ou partes deles, que com justa razão se batem pelo princípio da liberdade de imprensa, neste caso como em tantos outros, acabaram por usá-la como porta-voz de autoridades do Estado.

Ao invés de produzir provas, produziram, uma operação de nome pomposo e manchetes sensacionalistas na mídia. Ao invés de fazer justiça, causaram dano irreparável a um homem, levando-o ao desespero, à pior das vergonhas, que é a vergonha pelo que não fez.

O combate à corrupção não é, decididamente, um projeto de salvação nacional. Que a corrupção é uma chaga moral que precisa ser combatida, reduzida e se possível banida, todos os cidadãos de bem devem estar de acordo. Mas ela não pode presidir as preocupações nacionais, como se fosse o único problema do país, acima de todos os demais.

Em tal contexto, tecnoburocratas endurecem as medidas de controle; ouvidores e corregedores e técnicos dos órgãos de controle vasculham repartições de Estado em busca de malfeitos, ameaçando com as normas e regulamentos que só eles conhecem e interpretam a seu gosto, causando pânico em chefes e subordinados.

Agentes policiais e procuradores do MPF, tomados de espírito messiânico, movidos pela ânsia protagonista, preferem operações midiáticas, ao invés da busca metódica e paciente de provas, ao invés dos procedimentos discretos de um processo normal. Processo normal é aquele que, se for o caso, não começa pela prisão dos supostos culpados mas termina com a prisão dos culpados verdadeiros e definitivos.

Magistrados, pressionados por policiais afoitos e procuradores apressados, ansiosos por mostrar serviço, e eles mesmos influenciados pelo clima punitivo geral, admitem de plano, sem maior exame, grampos telefônicos, quebra de sigilos bancário e fiscal, prisões temporárias e outras medidas extremas que devem ser tomadas só em caso justificável, com razão muito pertinente, em um Estado Democrático de Direito.

As manifestações públicas de entidades de delegados, procuradores do MP e juízes são altamente reveladoras e preocupantes: todas elas apoiaram a operação Ouvidos Moucos. Nenhuma delas viu erro, excesso ou abuso. Se perguntarem se já estamos em um estado policial, e se fosse para responder com a régua rigorosa dessas autoridades de linha dura, de sanha punitiva, e que em tudo enxergam um malfeito, um roubo, então deveria responder que sim: já estamos num estado policial. O que não permite tal resposta de pronto, é a esperança de que existam, em igual número e talvez até em maioria, delegados, procuradores do MP e juízes que trabalham com discrição e comedimento, fazem bom uso de suas prerrogativas e cumprem com exação e equilíbrio as suas funções. Eu mesmo, devo dizer, conheço vários deles.

O fato é que o clima, o estado de espírito que domina amplos setores dessas corporações predispõe ao abuso, ao exagero, à demasia, à exorbitância. E se estamos vivendo uma escalada é porque tais abusos, tais extrapolações, quando acontecem, fica tudo por isso mesmo. A impunidade, pelo erro, pelo abuso de autoridades, é a impunidade dos novos tempos. Pois no Brasil - e isso é bom e positivo, - não se pode mais falar de impunidade dos ricos e poderosos, tão numerosos são os que foram presos, os que estão presos e os que estão para ser.

A sanha punitiva de agentes do Estado, o atropelo de normas elementares da investigação, o conteúdo draconiano das regulações e das exigências de controle, para além de produzir eventos desastrosos como o de Florianópolis e da UFSC, de outro modo, consomem as melhores energias da atividade do Estado.

E tanto mais obsessivamente se criam normas labirínticas e complexas, maior é a necessidade de controles, novos e sofisticados controles. De tal sorte - e isso é antigo e é clássico, mas nunca chegou ao ponto em que está - as atividades-meio consomem cada vez mais recursos humanos e financeiros, distanciando o ente estatal da consecução dos seus fins e objetivos. Os meios vão se imiscuindo nos fins, se confundido com eles, paralisando tudo. Eis aí uma equação essencial da indesmentível ineficiência do estado brasileiro.

Os tentáculos do Estado, de muito tempo, alcançam a sociedade civil, as empresas privadas, compondo o opressivo custo Brasil, embaraçando e asfixiando a produção dos bens e da riqueza, desestimulando as atividades econômicas. Agora, autofágicos, implacáveis e irrefreáveis, se espalham perigosamente nos entes estatais.

Esse clima punitivo, opressor, repressor, policialesco é o germe do totalitarismo.

O professor Cancellier foi um exemplo de vida, dedicada ao bem, à justiça, à liberdade e à paz entre os homens. A morte autoinfligida foi um gesto desesperado de inocência, um ato político de coragem, um grito de alerta contra a força bruta e a injustiça.

O mínimo que podemos fazer é tirar, dos episódios trágicos de Florianópolis, os ensinamentos certos. O Senado, o Congresso Nacional é um lugar ideal para refletir sobre os fatos, alinhar iniciativas de reação e resistência, levantar a voz de defesa do Estado Democrático de Direito e das liberdades civis ameaçadas. Que o exemplo de vida de Cancellier, alma cidadã e sal da terra, nos dê força e coragem. Façamos agora enquanto é tempo.

 

Nelson Wedekin/BSB/31/10/2017