É o seguinte, amigo. Puxa um banco ,coloca mais uma lenha na lareira, ajeita teu mate e me escuta.
O Presidente foi flagrado em conversas com um notório aproveitador de vantagens mal explicadas. É claro que esse tal de dono de matadouros não poderia ter enricado assim no mais. Teve empréstimos e vantagens que até tu terias ficado cheio do dólar.
Bueno.
O Procurador da República que é o homem encarregado de fiscalizar se não existem tramóias contra nosso dinheirinho, ficou cabreiro com essa gravação que tu ouviste. Vamos concordar que aí tem jacutinga , né?
E essa autoridade de Brasília, o Procurador, tinha o seguinte caminho: ou achar que isso tudo era uma palhaçada, uma mentira, uma arapuca; ou ver melhor se aí não tinha maracutaia.
Pois bem: desde os tempos de Jesus é assim que se procede: tendo indícios, rastros, de que algo foi feito errado, o Promotor, na dúvida que seja, faz a acusação. É o que os romanos chamavam de " in dubio , pro societate" ( na dúvida, em prol da sociedade). .
Tchê, me passa o mate!
Prosseguindo: já o juiz, se está em dúvida, na hora do julgamento, opta por " in dubio, pro reo" ( na dúvida, decide em favor do réu).
Bota mais um tição no fogo, seu Januário! Tá prestando atenção?
A lei brasileira diz que sendo o presidente acusado de um crime, os nossos deputados e senadores têm que decidir só o seguinte: essa acusação é uma bobagem, saída do nada; uma briguinha de belezas, coisa sem fundamento, ou se essa acusação é acompanhada por sérios indícios de que , como de disse, que aí tem jacutinga?
Na dúvida é melhor decidir por mandar seguir o processo, dando direito de defesa ao Presidente, seguindo o livrinho das leis.
Se a maioria achar que tem que investigar, então sai o Presidente por um prazo, porque não fica bem mesmo ele ficar de chefão da tropa se ele está acusado de ter desviado umas quantas novilhas.
Pára de mexer na bomba,Januário, e me passa o mate.
Tu entendeu, vivente?