. Vivemos uma grande época de poesia, especialmente entre
os jovens. E escute uma coisa: muito lentamente, os meios eletrônicos estão
começando a retroceder. O livro tradicional retorna, as pessoas o preferem
aokindle... Preferem pegar um bom livro de poesia em papel, tocá-lo, cheirá-lo,
lê-lo. Mas há algo que me preocupa: os jovens já não têm tempo... De ter tempo.
Nunca a aceleração quase mecânica das rotinas vitais tem sido tão forte como
hoje. E é preciso ter tempo para buscar tempo. E outra coisa: não há que ter
medo do silêncio. O medo das crianças ao silêncio me dá medo. Apenas o silêncio
nos ensina a encontrar o essencial em nós.
---------
O erro é o ponto de partida da criação. Se temos medo de
cometer erros, nunca podemos assumir os grandes desafios, os riscos. É que o
erro retornará? É possível, é possível, existem alguns sinais. Mas ser jovem
hoje em dia não é fácil.
O que estamos deixando a eles? Nada. Incluindo a Europa,
que já não tem mais nada para lhes oferecer. O dinheiro nunca falou tão alto
quanto agora. O cheiro do dinheiro nos sufoca, e isso não tem nada a ver com o
capitalismo ou o marxismo. Quando eu estudava, as pessoas queriam ser membros
do Parlamento, funcionários públicos, professores... Hoje mesmo a criança cheira
o dinheiro, e o único objetivo já parece querer ser rico. E a isso se soma o
enorme desprezo dos políticos em relação aos que não têm dinheiro.