UM
SISMO DEMOGRÁFICO E ECONÔMICO QUE SE APROXIMA
Franklin
Cunha
Médico
Membro
da Academia Rio- Grandense de Letras
A
diminuição das taxas de natalidade que se verifica em todo o mundo,mas
especialmente nos países ricos e em paralelo com o aumento da expectativa de
vida, estão a nos levar a uma verdadeira implosão demográfica de dimensões
comparáveis a um sismo demográfico mundial. Este terremoto demográfico entre
2020 e 2050 atingirá os países ocidentais, os quais até agora gozaram de uma
grande prosperidade econômica causada pela explosão populacional dos anos
sessenta.
A
diminuição acentuada e irreversível das taxas de natalidade conjugada com o
envelhecimento das populações, já produzem alterações importantes não somente
na vida econômica, cultural, na organização do ócio, nas políticas de saúde,
aposentadorias e pensões, na organização e administração das
cidades e finalmente na desertificação populacional do campo.
Os
países ricos que já sentem os efeitos do referido sismo, adotaram medidas
contra a acentuada implosão demográfica e promovem a natalidade, retardo da
idade de aposentadoria, aumento da produtividade pela escassa população
jovem e abriram, ( agora com seletividade), as portas para a imigração. Tudo em
vão, pois já se prevê que estas medidas serão apenas procrastinadoras. Nem
sequer o deslocamento das atividades econômicas de menor tecnologia para os
países que ainda estão livres deste sismo demográfico – México, Brasil, China,
Turquia, Indonésia – solucionará os graves problemas políticos, sociais e os
econômicos.
E
o mais pessimista dos horizontes políticos, econômicos e sociais, aponta que o
mesmo terremoto populacional atingirá os referidos países dentro de três
décadas. No Brasil, as taxas de natalidade caíram cerca de 6,3 para 2,3
filhos por mulher nos últimos quarenta anos, fenômeno que na França demorou 150
anos. No RGS as taxas de natalidade já estão abaixo da reposição populacional (
1,6 filhos) e como consequência o número de gaúchos é o mesmo há
duas décadas e logo começaremos a nos despovoar.
A
pergunta que os planejadores sociais devem se fazer é qual será a nova ordem
econômica global que deverá ser instituída para se evitar os graves
problemas previstos?
Como
a explosão demográfica neomalthusiana não mais acontecerá, torna-se óbvio que a
humanidade deverá adotar novos e urgentes padrões de produção e consumo. As
fontes de energia, de alimentos, de água, de minerais têm prazo para se
esgotar. O consumo destes insumos básicos não pode continuar e nem
podem ser fruídos de forma irracional como até agora o foram.
A
poluição e o aquecimento ambiental já produzem seus efeitos maléficos e segundo
um estudo britânico, se constituirão num desastre global que resultará em
gastos de 7 trilhões de dólares que não se sabe quem e como se pagará.
Recente
película do senador Al Gore, mostra dados aterradores do que
acontecerá em breve em nosso planeta como conseqüência de nosso estilo de vida,
de nossos hábitos de consumo e da péssima distribuição mundial de renda.
Recomenda ele que nos acostumemos a viver mais frugal e parcimoniosamente
quanto ao consumo de energia, água e comodities e cita
alguns países que já adotaram esse estilo de vida, de pobreza digna porém
mantendo bons níveis de saúde e educação.