quinta-feira, 26 de novembro de 2015

A MORTE AINDA EM VIDA

Talvez uma das tarefas mais complicadas seja a governança e a administração da própria vida.
Apesar de hoje se apregoar que  o certo é gastar a rodo, se enterrando na lama com dívidas pelo cartão de  crédito.Tudo pelo tresloucado raciocínio " eu tenho direito também de ser feliz e gastar bastante".
Quando , aos 16 anos, eu saí de casa para sempre, pois meu pai tinha ido mal na sua empresa,eu disse para mim mesmo. "Vou ser trabalhador, correto, leal com meus superiores e estudarei muito, muito, muito.".
Para isso eu logo deduzi que não poderia gastar minha juventude com bebidas alcoólicas e festas.Ficava recluso no meu quartinho, lendo e estudando.
Quando assumi como juiz considerei isso como um galardão, um sacerdócio e me cuidei muito, inobstante, pela pouca experiência, ter cometido alguns erros na minha vida pessoal.
As tentações espreitam de todos os lados. Sabia que as tentativas de assédio e os elogios eram para meu cargo, não para mim.
E que, se no meu cargo, fizesse algo reprovável, eu estaria manchando o honor e as galas de todo o Poder a que servia.
Ví muitas figuras proeminentes, ou pela ira, ou pela gula, ou pelo estuar da libido, ou pela ganância, despencarem fragorosamente do alto de seus pedestais, sob a desaprovação e o asco de todos.
A vida é vigilância total e absoluta sobre si mesmo.
Hoje os noticiários publicam o obituário de um notável, ainda em vida física, mas morto como pessoa.
Acabou.
Não pode se queixar se os amigos se afugentam ante sua aproximação.
Mas que é triste, é.
A morte em vida.
E para essa morte não há ressurreição.