Como disse o Rui, pobres dos
professores. A sociedade, através de supostos formadores de opinião, tenta
moldar (de forma errada por sinal) o atuar dos professores. E olhe que não se
trata de defender a volta da palmatória, mas sim estabelecer no mínimo uma relação
de autoridade para que o pobre professor consiga cumprir sua nobre tarefa que é
de transmitir conhecimentos (educação a gente traz de casa). Os pais, por sua
vez, por acomodação ou outra coisa, não se interessam mais. Largam seus filhos
na escola e os mestres que se virem. Se o doce pimpolho fizer qualquer arte,
pobre do mestre, a culpa é do professor e da escola. Esquecem os pais que a
escola, para cumprir sua função de transmitir conhecimento só será bem sucedida
se os filhos forem bem educados em casa.
Graças a Deus já consegui educar
meus três filhos. Agora me angustio com os netos. Felizmente meus dois maiores
(9 e 5 anos) estudam em uma escola particular, onde estão sendo alfabetizados
em inglês e português conjuntamente. Entram as 8:00hs., almoçam na escola e só
saem lá pelas quatro. Cada um pega sua mochila e coloca nos cabides, saem em
silêncio da sala de aula para o almoço e dá gosto vê-los fazendo apresentações,
sejam artísticas ou educacionais, utilizando modernas técnicas de informática.
Acho que já disse para os confrades que quando vou na escola, saio de lá
deprimido, pensando nas milhares de crianças que não têm acesso a uma educação
dessas.
Creio que o Estado deveria se
preocupar com o ensino das crianças, garantindo-lhes escola decente, com
professores bem pagos e exigir, dos mestres e dos administradores escolares,
eficiência no ensino para que tenhamos crianças que realmente aprendam na
escola. Mas isso é sonho de uma noite de verão. Nosso estado, que não
consegue pagar o piso salarial para seus professores, tem uma universidade
estadual que consome mais de 60 milhões por ano. Para quê ? Mas temos que
ter uma universidade estadual (afinal ”sirvam nossas façanhas de modelo a toda
terra”). Vejo com muita preocupação o futuro da geração que hoje estuda o
primeiro ou segundo grau nas escolas públicas. Queria Deus que eu esteja
errado.
Isso é que nem a questão do
produtor rural. Sabidamente o país ainda não quebrou de vez, graças a produção
agropecuária que tem garantido que o PIB caia só um ou dois por cento. Sem ela,
teríamos crescimento negativo de mais de 7 por cento ao ano. Mas essa ideologia
esquerdizante e idiota, tornou o médio e o grande produtor rural em monstros
que devem ser combatidos. Os formadores de opinião nas universidades, nas
chamadas elites intelectuais, só fazem louvar o pequeno produtor, a quem se
deve prestigiar aliás, mas jamais condenar quem produz mais. O Stédile virou um
herói para esse pessoal. Ainda hoje lí na imprensa que invadiram mais duas
propriedades rurais em nosso estado, que somadas sequer chegam a 1500 hectares.
E há até mesmo uma louvação para isso. Ninguém lembra que o produtor rural
sofre com tudo. Não tem, como o citadino, a vantagem de, se seu emprego
falhar, usa o FGTS o seguro desemprego e outras coisas. Por isso fico muito
aborrecido quando vejo e ouço falsos intelectuais e até mesmo representantes de
algumas categorias do ruralismo (a maioria sequer pegou uma enxada alguma vez)
a endeusar essa gente. Reconheço e acho necessário, que o governo
estenda a mão a quem quer plantar e não tem terra( mas esses são poucos).
E nosso Rio Grande (que nossos
confrades não quiseram opinar sobre saída para a crise, com raríssimas
exceções) continua aí. Parece que tudo está voltando ao normal, mas não está. É
bom lembrar que o Governo do Rio Grande continua arrecadando 10, gastando
12 e deve ainda 15 no choque especial. Como sair dessa crise ? O Sartori, com o
projeto da nova previdência para os servidores públicos deu um tímido passo que
começará a surtir efeito daqui a trinta e cinco anos. E o presente ? No ano que
vem, não tenham dúvida, vai faltar dinheiro de novo. O aumento de impostos vai
no máximo elevar a arrecadação de 10, pra dez e meio. Mas continuará gastando
doze e ainda devendo no cheque especial.
Façamos uma experiência: Faça de
conta que você é o estado. Como você faria para sobreviver com esses números ?