Agradeço pelas manifestações de apoio ante minha post em que
narrava as vicissitudes dos produtores rurais.
Sempre tem um burraldo de apartamento a dizer: bah, vocês
andam em caminhonetões!
Ah é? Quer que a gente ande no barro, nas pedras, com tua
Cayenne ou tua BMW? O caminhonetão servia para a gente ir na cidade buscar
tonéis de diesel para o trator. Mas até nisso as “otoridades”implicam com a
gente. Não pode. Então um Caminhão tanque tem que ir na minha estância
para deixar 500 litros de óleo? Tudo
bem, só que o custo vai para o boi que eu vendo.
Esses dias eu estava matutando. Sei que é impossível,
para uns que tem menos de 40 anos, viver sem lap top e sem smartphone;na
falta desses itens essenciais as pessoas tem crises de choro, convulsões
e “ suicidal tendences”. Para alguns é como faltar energia justo na hora
da novela. Verdadeiras tragédias.
Mas, e sem comida?
Não estou falando na lagosta e no caviar.
Falo no leite, pão, na salada, na cebola, na carne.
Vamos que eu e meus colegas dos tratores e das
colheitadeiras ( e dos caminhonetões), enchamos
o saco e decidamos:
- agora vamos criar e plantar só para nossa
subsistência e o resto do tempo vamos para a cidade. Lá que é bem bom,tem passe
livre, bolsa família, Sus, Conselho Tutelar,Samu,Pequenas
Causas, cenas de bang bang ao vivo, ar condicionado de graça nos shoppings, lá
não se precisa de chuva nem de sol, tem até
remédio e consulta de grátis.
Evidentemente que a população iria sentir falta de pão, asa
de galinha, laranja, bife e até da pizza. Três ou cinco dias depois, o caos. Choro e ranger
de dentes.
Os burocratas do governo sugeririam uma intervenção nos
campos e lavouras. Para tanto nomeariam um CC, é claro.
Este, chegando nas nossas terras,
diria: cadê os 50 funcionários daqui?
Ao saber que a maioria das propriedades é tocada pela
família, providenciaria contratos emergenciais para seus apaniguados. Estes ao desembarcarem das vans, olhariam para uma bolsa
de sementes de azevém e ordenariam: atira
fora esse alpiste para canários e procura as sementes de bolinhos de
carne, de farinha e sagu. Um dos CCs, vendo um saco de sementes de soja diria: e o
que são essas bolinhas aqui?
Ao que o caseiro, palitando os dentes , observaria
respeitosamente:
- é só uma idéia... quem sabe não é melhor “vasseis” trazer
os dono de volta?
( continua oportunamente)