Já relatei aqui de vários cemitérios que povoam os sagrados campos de Unistalda. Na minha estância há vários.
Mas lá, perdida no meio de uma invernada de campo nativo, há uma tapera especial. Quando adquiri essa área , há quase 20 anos, me disseram que ali morara um casal. Ainda restam algumas paredes. A casa era de pedras superpostas, com amálgama de barro. O telhado ruiu ou foi levado pelo vento e o mato tomou conta. Ainda há uma pequena clareira que dá para uma pequena sanga, onde o casal buscava a água cristalina num reservatório pequeno de tijolos.
Ontem, na gloriosa tarde de domingo, decidi ir solito até a tal tapera.
Ao me aprochegar senti uma espécie de eletricidade que acelerou meu coração. Me deu a impressão de que via uma jovem descendo pela vereda, pelo trilhozinho, em direção à sanga, com um balde. Tinha longos cabelos negros e usava um chale de lã crua, calçava chancletas de couro.
Ia soluçando.
Apeei do cavalo e me sentei sobre uma pedra. Fechei os olhos para melhor ouvir. Percebi a voz de um homem com sotaque castelhano. Ela implorava que ele ficasse no rancho pois " diz que" andavam degolando sem piedade por aí...
Abri os olhos.
Não devia ter feito isso.
As vozes se calaram.
Que mistérios guardam esses fundos de campo....
( dedico essa crônica à sra. Professora Ana Silveira Barbosa e a todas as professoras das séries iniciais do Município de Unistalda)
As fotos são do local.