"Leio Franklin Cunha de há muito. Tenho seus livros. Também
sempre o leio quando, com bastante frequência, publica seus ensaios na
imprensa. Fazendo-o sinto um prazer complexo, difuso e todo especial.
Explico-me. É que Franklin Cunha, além de inteligente e brilhante, demonstra
ser um enciclopedista na acepção louvável da palavra. Seus textos vertem a fina
flor da matéria elaborada por horas e dias de leitura e estudo. Cintilam, aqui
e ali, pepitas de preciosidade, tanto
das ciências exatas, como das ditas humanas.
Isso me compraz nesses tempos de trevas, simplificações e mediocridades.
Aquele que gosta de ler, aprender, estudar, informar-se, tem
em Franklin Cunha um cúmplice, um camarada, um parceiro mais
experimentado e lúcido. Para o leitor menos afeito,o acadêmico Franklin é
instigante e convida para um aprofundamento intelectual.
Nos presentes textos desvela-se a vasta área ou, para se
usar um termo médico, o amplo espectro de conhecimento do escritor. Por sinal,
sempre achei que nenhum setor da ciência necessita, para sua exploração,
da “ licença” curricular legal ou regulamentar. Refiro-me a conhecer,
especular, não a exercer o ofício.
Franklin adora nos levar a empoeiradas latitudes históricas,
a venerandos escaninhos esquecidos, nos guiando gentilmente pelos milênios de
saber acumulado. Isso só pode ser feito por quem foi às fontes, abeberou-se,
digeriu e então , só então, expõe o resultado da reflexão.
Pinço alguns de seus escritos para dizer que me tocou a
ternura com que narra a morte do bebê anencéfalo. Ri com Bacharel, o cavalo do
Edgar( como deve estar fazendo Aureliano com o jumento Meritíssimo). Ao
dissertar sobre a necessidade de a mulher menstruar concluo que Chico
Buarque não reina sozinho na arte de conhecer bem a mulher. Ele tem
um parceiro: o dr. Franklin Cunha.
Franklin não tem limites em sua curiosidade. Mas não se alça
em devaneios utópicos e sem fundamento. Ao revés, baseia suas considerações e
seus escritos depois de longo e maturado processo.
Sua pena é veloz e irrequieta, seu espírito não tem limites.
Sua forma é cuidada.
Daí ser raro prazer dar boas vindas a mais um feixe de
trabalhos de alta valência intelectual."