Escreveu o professor Fernando Fontoura
“Você
faria negócios com alguém que no 4 a 4, 30 iguais do terceiro set daria fora
uma bola na linha? Se associaria com quem duvidasse sempre quando diz que a
bola foi fora e que constantemente vai ver a marca duvidando de sua
honestidade? Você faz qualquer coisa, mas qualquer coisa mesmo, para ganhar?
Prefere jogar como gosta ou jogar para ganhar? Perder é algo aceitável no seu
jogo ou uma coisa que você não admite? Tirar o outro do jogo com catimbas e
coisas extra jogo faz parte de seu repertório de táticas ou você quer ganhar
dentro do jogo?”.
Eu
jogo tênis desde 17 anos de idade. Em todos esses anos muito aprendi.
Alguns amigos começaram a jogar depois que largaram o futebol, já maduros. E parte deles, uma minoria, transplantaram para o tênis alguns princípios perniciosos e nada
éticos vindos de usos e costumes do futebol. Desconheciam que o tênis tem
seu Code of Ethics .
São várias as regras, mas todas se assentam na boa educação e no fair play. Em resumo: o tenis requer cooperação e cortesia, não sendo admitido destemperar-se, queixar-se da maneira de o oponente jogar, usar linguagem grosseira, atirar a raquete, lamuriar-se se está perdendo. Trapacear, ser desleal. Claro que essas regras, entre gente que teve pai e mãe, nem precisariam estar escritas. Mas nem todos tiveram educação em casa.
E a regra de ouro no tênis de lazer é
cada um marcar, no seu lado da quadra, se a bolinha foi boa ou se foi fora. E
aí que você mostra sua origem e seu caráter. Na dúvida, você decide contra você
mesmo. E jamais duvide de seu adversário. Se o achar antiético,
simplesmente não jogue mais com ele.
Esses dias eu aguardava por um parceiro e sentei-me
ao lado da quadra. Passou um adolescente, filho de um conhecido, e
começamos a conversar. Lá pelas tantas lhe disse: no tênis, na dúvida, a gente deve
decidir contra si. Isso em jogos não oficiais e de mero lazer. Ao que o menino
me disse:
- para aí, tio! Tu tá louco? Eu devo decidir contra mim?
Entristeci-me, pois o menino já tem inoculado o vírus da
esperteza, do jeitinho , da falta de nobreza de caráter.
Fiquei matutando: e quem sabe a Fifa adota, para
o futebol, o Code of Ethics do tênis? Quem sabe parariam um
pouco as simulações, a má-fé, a falta de camaradagem, a indução do árbitro em
erro, o costume de alguns em não titubear em quebrar um osso do
adversário.
E mais: e que tal ler esse Código nas Escolas?