Hoje,
25 de julho, o Rio Grande celebra 190 anos de participação Alemã em sua
construção
Enquanto
o sumo da fruta escorre entre meus dedos, contemplo a variedade de frutas no
pomar que oferta múltiplos sabores durante o ano todo. Agora, por exemplo,
delicio-me com laranjas, bergamotas, nêsperas, bananas para citar algumas das
muitas espécies a sorrirem para mim e para as muitas vidas que delas extraem
energia de vida. Sumo da terra que valeu a todos o que me antecederam aqui, em
minha Heimat Santa Cruz do Sul.
Essa abundância e diversidade de vida natural é a “Schlarrafenland” dos
alemães, a “cocanha” dos italianos, com a qual tanto sonharam. Seguiram seu
sonho de liberdade, de serem donos da sua terra e dela poderem extrair o
mel.
"Etwas Besseres als den Tod finden wir überall" – “algo melhor
do que a morte encontraremos em toda parte”, já dizia uma personagem do conto
de fadas dos irmãos Grimm em Die Bremer Stadtmusikanten, em que quatro
animais, diante da iminência da morte, deixam seu lugar de viver para trás.
A mesma frase é proferida pela personagem principal no filme - Die
andere Heimat, de Edgar Wetzel, que estreou em outubro último na Alemanha. Esta
fala reflete, por um lado, a amargura de muitos alemães em face das
dificuldades para a manutenção da vida e, por outro, a determinação de fazer a
travessia do Atlântico, ao encontro da terra prometida, a convite do Império
Brasileiro.
190 anos se passaram desde que os primeiros alemães depositaram seus sonhos e
suas vidas em solo gaúcho. 190 anos de participação, de construção por algo
melhor que a morte. Em meio ao mundo predominantemente natural que lhes foi
destinado, construíram todo um mundo cultural, para o qual lhes
valeram saberes, conhecimentos, valores vindos em sua bagagem na
interação com o novo espaço de viver.
Trouxeram consigo a língua alemã a somar com inúmeras outras que são a base da
diversidade cultural do espaço rio-grandense e o enriquecem. Além de valores
como o da educação, da fé, do trabalho, do espírito de união. Edificaram
escolas, igrejas, hospitais. Fundaram jornais e editoras. Difundiram o espírito
cristão e professaram o Cristianismo de Martin Luther. Instauraram muitas
associações culturais e recreativas.
Em sua travessia acompanharam-nos igualmente conhecimentos, saberes e sabores
que, para além do cultivo da terra, contribuíram para o desenvolvimento do
lugar que lhes coube para viver. Ofícios como marceneiros, carpinteiros,
ourives, cervejeiros entre vários outros
que
aqui não existiam
.
Entre eles também vieram profissionais formados, tais como médicos, advogados,
professores, arquitetos, entre outros.
Há
190 eles trouxeram vida para nossa terra e aqui a desenvolveram. De seus
frutos, e do mel a brotar da terra, todos nós partilhamos e com eles
continuamos a construir vida, também para os que vierem depois de nós, para que
a vida em solo rio-grandense possa sempre ser melhor, muito melhor que a
morte.