sábado, 5 de julho de 2014

AINDA O CHIMARRÃO


Oi,

lendo a história do Hermes Dutra,lembrei do meu grande amigo Edio Müller, funcionário da CooperRoque  da linha santa catarina Salvador das Missões,que gostava de mate doce e quando me oferecia eu recusava ,com a seguinte resposta:Edio mate doce é para mulher grávida quero mate amargo e prontamente ele providenciava o chimarrão e iamos cada um com a sua cuia falando sobre o serviço.

Algum tempo depois voltei na cooperativa, para comprar algumas coisas para o enxoval do meu filho e ele prontamente veio com uma cuia, é claro de mate bem doce.quando eu tomei ele prontamente me disse:Agora schwarz vamos tomar toda essa térmica de mate doce que é para mulher grávida.Demos uma gargalhada e é claro tomei toda a térmica de mate doce ,afinal tinha sido feito com todo o carinho pelo meu amigo.

Eva M.R. Müller

Médica Veterinária

CRMV/RS 5047

Coordenadora Centro de Controle de Zoonoses

Santiago
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Boa noite, Dr. Ruy. 

 

Na condição de leitor de seu Blog, envio transcrição de um tema constante na seguinte obra:

 

Vento Sul: costumes campeiros. Raul Annes di Primio. Porto Alegre: Edigal, 2000.

 

Saudações,

 

Rafael Saratt Pereverzieff

Santo Antônio das Missões (RS)

 
Hábitos e Costumes – Matear Solito

 

Raul Annes di Primio

 

Há muitos anos atrás, isto até a década de 40, uma doença que grassava impiedosamente era a tuberculose e quando chegava ao extremo era denominada tísica. Não havia tratamento, a morte era certa. Famílias inteiras tinham esse problema, aliás, bem retratado no livro “De todo o laço”, do médico Blau Souza.

 

            Como o contágio era violento e vários membros da família adquiriam a doença, comum em muitas e muitas moradias rurais, uma das medidas tomadas para evitar esse contágio, acreditavam nossos antepassados, era eliminar o uso em comum do chimarrão. Nesse sentido e com essa intenção preventiva, muitos adotaram o mate individual. Cada um com sua cuia.

 

            O visitante de outra região, quando chega em uma casa que tem esse costume e o desconhece, passa momentos de vexame. Muitas vezes o visitante se vê numa situação de matear sozinho, embaraçosa, desajeitada, inclusive para cevar o mate, em frente à família desconhecida que fica observando as dificuldades do mateador solitário, que até se autojulga contaminante ou de mau aspecto.

 

            Por outro lado, quem toma seu chimarrão em roda gosta também, na parte da manhã, ainda de madrugada, de chimarrear sozinho, para pensar e por suas “idéias em ordem”.

 

            Convivendo com famílias que adotaram o mate individual, nos acostumamos a aceitar essa discriminação, achando uma opção familiar ou individual, ainda que se tratando do chimarrão que para o gaúcho é uma bebida social.

 

            Em muitas madrugadas nos acostumamos a ver no Castelo de Pedras Altas, na volta de um prefixo de rádio amador, a família Assis Brasil, Dona Lídia, Quinquinha, e a Menina Lídia, cada uma com seu mate, e, no entanto, nunca soubemos da existência de moléstia contagiosa nessa família.

 

(Vento Sul: costumes campeiro. Raul Annes di Primio. Porto Alegre: Edigal, 2000.)