domingo, 13 de abril de 2014

PECUÁRIA PARA LEIGOS 2

Me sinto meio constrangido, pois  não quero ser como alguns poucos jornalistas que querem posar de  doutores em Engenharia, Direito, Medicina e coisa e tal. Só que nunca levantam a  bunda do estúdio e não convivem com a praxis.
Mas  os mails se avolumam e querem saber de mim:
- ok, tu vendes os  terneiros machos, mas e as terneiras?
Explico que a região de Santiago, Itaqui, descendo para Uruguaiana e Quaraí é useira e  vezeira em secas, geadas e medra o famigerado mio mio ( ver o que  é mio mio no Google que estou sem saco para explicar agora).  Mas o animal que não conhece mio mio é problema, pois se comer a erva está morto e sepultado. O melhor, portanto, é ficar com as fêmeas.
Sim, essas eu recrio e vão ser as minhas matrizes.
Se a terneira  chegar a novilha e falhar na prenhez e for muito boa, dou-lhe mais uma chance. Mas vaca que falhou eu descarto e, a exemplo dos terneiros, eu mesmo não as " termino". Vendo-as magras mesmo para os invernadores.
Muita coisa está escrita  nos livros sobre desmamar cedo ou precocemente. Nem sempre isso funciona na prática, dado o alto preço da ração.
De outro lado o fenômeno de profisionais liberais se apaixonarem pela Pecuária é comum.
Mas a lida é  bruta e, comparativamente com a lavoura, o resultado financeiro não é essas coisas, conquanto não se esteja tão sujeito às intempéries.E nem falo no setor de serviços que quase não precisa de estoques e insumos.

Mas o pecuarista está na contramão de muitas coisas:  temos estoque ( coisa que ninguém tem mais) e o pior: estoque vivo. Um raio te mata vinte  cabeças num zás. O  gado  que ontem de noite estava gordo, amanhã perde peso por  uma simples semana de chuvisqueiro.
Eu tenho certeza que, com a ajuda de minha turma de trabalhadores, tirei leite de pedra.
O problema é  a tentação de deixar o leite  para lá e  cambiar para a champagne sob o sol de Ibiza ...