segunda-feira, 17 de março de 2014

POLEMICA DA VARIG- OPINIÃO FORTE DO DESEMBARGADOR.SPODE


Prezado Ruy

Evito entrar em alguns debates por razões óbvias (da profissão, bem sabes).

Em relação a este debate sobre a Varig, seria razoável dar tanto crédito a um sociólogo (sic !) ?

No caso, segundo dito aqui nestes e-mails, o Sr. Cristiano Monteiro, que estudou o tema em seu mestrado e em seu doutorado na UFRJ, foram equívocos na estratégia administrativa que levaram à quebra da companhia.

Esta Varig a que se refere o tal estudioso já não mais existia com aquela pompa há muito tempo. Aliás, como todas as demais, tiveram de se ajustar ao mercado. E a Varig estava fazendo isto.

Continuava sendo uma empresa inserida no mercado mundial (nome internacionalmente reconhecido até hoje ainda) e que mesmo sem o requinte dos tempos de ouro prestava serviços que nenhuma outra até hoje (apesar de todo este tempo e todo o avanço tecnológico acontecido de lá para cá) jamais conseguiu igualar.

Os serviços que as atuais empresas prestam é péssimo sob qualquer aspecto que se possa analisar e também estão quebradas (exceto a Azul, talvez).

O Poder Público tivesse agido com mesma complacência e vontade de ajudar como agiu com os bancos na mesma época, talvez tivesse salvado a Varig que era a maior fonte de divulgação e melhora do conceito "Brasil" no mundo inteiro. O Itamaraty jamais chegou aos pés do trabalho que a Varig sempre fez. Os nomes mais conhecidos do Brasil, até hoje, no resto do mundo ainda são a Varig e o Pelé. O resto está em degraus muito abaixo.

O que ocorreu na época em que a Varig fechou foi sim uma ação deliberada do Governo de então que precisava fechá-la para "dar" de presente as linhas que ela tinha para a Tam (da irmã do Zé Dirceu - agora se sabe porque) e para a Gol do Senhor Constantino (de quem não é necessário falar, basta ler a crônica policial), amigo íntimo do Presidente de então.

Deu no que deu: as duas companhias, não deram conta do recado, perderam praticamente todos os vôos e espaços que tinham nos aeroportos do mundo afora, entregando-os, por absoluta incompetência às empresas americanas e outras grandes da Europa.

Este foi o preço que o país e nós pobres usuários pagamos pela maracuitaia que o hoje conhecido bando de delinqüentes nos causou para beneficiar os seus apanigüados.

O mais triste de tudo é que a Tam, cujo lema era "o orgulho de ser brasileira", nem mais brasileira é. A LAN Chile já comprou mais de 50% do seu capital faz tempo.

Toda vez que ouço falar em aviação, ou me vejo socado num minúsculo espaço de avião, fico furioso com o verdadeiro crime "lesa pátria" que esta gente cometeu.

A Varig era um dos maiores patrimônios da nação e quem melhor divulgava (e bem) o país. No primeiro momento que precisou de uma ajuda foi cruelmente sacrificada por gente que não conhece e não tem história.

Como sabido, um dos insumos mais caros da aviação é o combustível. Pois é, nos últimos meses de existência a Varig era obrigada a pagar adiantado o combustível que a Petrobrás lhe fornecia. Qual a razão disto ? Esta, na verdade, foi a gota d'água para a quebra. E nada foi por acaso. Hoje todos sabemos o que estava por trás.

Desculpe pelo desabafo.

Abraço