Prezado Ruy
Evito entrar em alguns debates por
razões óbvias (da profissão, bem sabes).
Em relação a este debate sobre a
Varig, seria razoável dar tanto crédito a um sociólogo (sic !) ?
No caso, segundo dito aqui nestes
e-mails, o Sr. Cristiano Monteiro, que estudou o tema em seu mestrado e em seu
doutorado na UFRJ, foram equívocos na estratégia administrativa que levaram à
quebra da companhia.
Esta Varig a que se refere o tal
estudioso já não mais existia com aquela pompa há muito tempo. Aliás, como
todas as demais, tiveram de se ajustar ao mercado. E a Varig estava fazendo
isto.
Continuava sendo uma empresa
inserida no mercado mundial (nome internacionalmente reconhecido até hoje
ainda) e que mesmo sem o requinte dos tempos de ouro prestava serviços que
nenhuma outra até hoje (apesar de todo este tempo e todo o avanço tecnológico
acontecido de lá para cá) jamais conseguiu igualar.
Os serviços que as atuais empresas
prestam é péssimo sob qualquer aspecto que se possa analisar e também estão
quebradas (exceto a Azul, talvez).
O Poder Público tivesse agido com
mesma complacência e vontade de ajudar como agiu com os bancos na mesma época,
talvez tivesse salvado a Varig que era a maior fonte de divulgação e melhora do
conceito "Brasil" no mundo inteiro. O Itamaraty jamais chegou aos pés
do trabalho que a Varig sempre fez. Os nomes mais conhecidos do Brasil, até
hoje, no resto do mundo ainda são a Varig e o Pelé. O resto está em degraus
muito abaixo.
O que ocorreu na época em que a
Varig fechou foi sim uma ação deliberada do Governo de então que precisava
fechá-la para "dar" de presente as linhas que ela tinha para a Tam
(da irmã do Zé Dirceu - agora se sabe porque) e para a Gol do Senhor
Constantino (de quem não é necessário falar, basta ler a crônica policial), amigo íntimo
do Presidente de então.
Deu no que deu: as duas companhias,
não deram conta do recado, perderam praticamente todos os vôos e espaços que
tinham nos aeroportos do mundo afora, entregando-os, por absoluta incompetência
às empresas americanas e outras grandes da Europa.
Este foi o preço que o país e nós
pobres usuários pagamos pela maracuitaia que o hoje conhecido bando
de delinqüentes nos causou para beneficiar os seus apanigüados.
O mais triste de tudo é que a Tam,
cujo lema era "o orgulho de ser brasileira", nem mais brasileira é. A
LAN Chile já comprou mais de 50% do seu capital faz tempo.
Toda vez que ouço falar em aviação,
ou me vejo socado num minúsculo espaço de avião, fico furioso com o verdadeiro
crime "lesa pátria" que esta gente cometeu.
A Varig era um dos maiores
patrimônios da nação e quem melhor divulgava (e bem) o país. No primeiro
momento que precisou de uma ajuda foi cruelmente sacrificada por gente que não
conhece e não tem história.
Como sabido, um dos insumos mais
caros da aviação é o combustível. Pois é, nos últimos meses de existência a
Varig era obrigada a pagar adiantado o combustível que a Petrobrás lhe
fornecia. Qual a razão disto ? Esta, na verdade, foi a gota d'água para a
quebra. E nada foi por acaso. Hoje todos sabemos o que estava por trás.
Desculpe pelo desabafo.
Abraço