"O Advogado do Diabo"
Data venia dos ilustres
confrades.
Apresento-me, senhores, para
advogar a causa do diabo, pois a dos santos é fácil e, dela, o Estado pode se
encarregar.
Em não conhecendo os jovens,
devo defender seus princípios, os desencadeadores da, assim dita, 'ação
delitiva'. Sempre tendo em vista os direitos, dos supostos infratores, à
liberdade de reunião, expressão e, quem sabe, de culto à algum "Olímpico
Deus dos Esportes Bárbaros da Valhala da Depredação sem o Martelo do Trovão e
do Raio, somado aos Sete Flagelos e às Quatro Valkírias do Apocalipse" [e
seus cavalos bosteando a antesala do Purgatório]. Afinal o que seriam os
bretões que inventaram o culto ao deus futebol e, subsequentemente, os
hooligans, seus fiéis - torcida organizada no ramo brazuka da fé.
Divaguei, desculpem-me, volto
aos direitos como aquele ao devido processo legal e os outros de ampla defesa,
do contraditório, e por aí vai... ah! e o direito de serem representados por um
advogado, no caso eu.
Pode ser que falte aos
supostos jovens, poderiam ser idosos disfarçados, espaço para a livre
manifestação de seus pendores esportivos e artísticos, a 'sociedade' ao tratar
de politicagem e benesses [aquilo que nos tempos da 'redentora' era
assistencialismo e paternalismo] é omissa em prover as necessidades deste seu
segmento.
Os pobres cidadãos do futuro,
não recebem atenção desde o berço, no passado, quando não havia licença
maternidade e a vida era muito mais fácil, ninguém se preocupava em trabalhar
pra garantir o "um cacete de meio, seu Manoel" e o "um quar'de
quilo de guisado de segunda pros gatos, seu Joaquim" de cada dia, os pais
tinham tempo pra dedicar à educação de seu filhos.
O meu velho mesmo, depois de
uma manhã - acho que de janeiro, se não fosse julho - em folguedos sobre uma
escada encostada num poste telefônico, me deu um cascudo no cocuruto que me fez
reconsiderar a necessidade de andar surrando a gurizada da vizinhança com meu
cacetete. Aliás, acho que foi ali que se cortou o policiamento ostensivo na
quadra de casa. Arbitrariedade do comando, mas não é disso que estamos
falando...
Depois, temos que considerar
a confusão estabelecida, em algum momento obscuro, entre a educação que se tem
'de berço' [assim, com sotaque DE Bagé], aquela que 'se traz de casa' e a
'educação formal', aquela que se recebia na escola até que vieram os milicos,
desmantelaram o Estado Democrático de Direito, e tudo que crescia sob suas
axilas imaculadas, incluída aí a tal de Educação. Reformaram o ensino e
promoveram a especialização, influência da tal 'Organização de Staff'.
Pra quê Clássico, Colegial,
Científico, se dos poucos que chegam lá, muitos serão os que vão dar em nada?
Metemos uns cursos técnicos e esse povo que vá trabalhar. Tá, depois vieram
estes outros que promoveram curso técnico à faculdade, faculdade à
caça-níqueis, aluno à cliente, abriram milhares de vagas na política de
inclusão, que inclui desproporcionalmente pelo sistema de quotas, que de tão
inclusiva, inclui, inclusive, a inclusão de analfabetos funcionais. Tudo isso,
só pra aterrar um pouco o fosso salarial.
Por falar em fosso salarial,
quem comemora os US$300 [trezentos dólares?!?!] do salário mínimo, pode vir pra
cá, ofereço vagas que independem de formação, na área de 'serviços e manutenção
ambiental' [basta conseguir empurrar uma pá por baixo de um montículo de
estrume e transladá-lo ao veículo de tração humana - nos preocupamos com a
pegada da atividade pecuária, assim, chinelos havaianas que são de borracha,
nada de carbono.]
De volta ao caso. Já tratamos
da falta de opções e oportunidades de manifestação cultural da juventude e da
deficiência educacional à que está exposta, abordemos agora a questão
ambiental.
Convenhamos, carro não é
mobiliário urbano, menos ainda em avançadas horas noturnas. Incompatível com a
norma vigente, de tolerância Zero, é a presença dos automotores nos arredores
de estabelecimentos de diversões públicas onde se vendem e, absurdo, consomem
bebidas alcoólicas, além de muita cerveja e vinho.
Atentem senhores para a
qualidade do ambiente ao qual estavam expostos estes supostos jovens, que
conscientemente, e numa demonstração de tal consciência, deslocavam-se "À
PÉ". Invejosos dos bens alheios, diriam alguns, mostra da péssima
qualidade dos materias construtivos utilizados pela indústria automobilística,
diria eu, comprovadamente.
Segue-se a agressão gratuida
promovida pelos ocupantes, não identificados, de um veículo que se acercam
covardemente do grupo e recebem a merecida resposta [Digo eu: a gordinha do saco de lixo é um quadro!]
por meterem o focinho em atividade para a qual não foram convidados e, quiçás,
nem estivessem qualificados.
Aborrece enumerar a
irracionalidade pretenciosa e a sanha crítica ao suposto comportamento dos
possíveis suspeitos, não me extendo. E peço-lhes, diante do exposto, considerar
a improcedência de qualquer ação voltada à reprimir a espontânea e, até mesmo,
divertida forma de agir dos...
Ah, não! Formação de
quadrilha, também?!
Em sua sapiência, a filósofa,
Da. Lêda ['tua mãe' pros meus desafetos e 'velha' pra mim] me aconselhava
assim: "chega em casa chorando e te queixando pelo que acontece na rua,
que eu te cago à pau e - muito pior - conto pro teu pai!"
REPRESSÃO NÃO EDUCA, MAS ENSINA!
Pela ordem em vigor,
subscrevo-me
Ivan, o patético advogado.
- Saudações
ovelheiras! -
Ivan Saul D.V.M. M.Sc.Vet. - Granja Po'A Porã -
Hampshire Down
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Caixa Postal: 1396 - CEP.: 83115970 - Contenda - São José dos Pinhais - Paraná - Brasil
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