Dear friend
Eu sei que tenho estado meio desaparecida de nossos
contatos, mas este ano foi um ano completamente maluco. Em janeiro fiquei
doente, tosses, bronquites etc e passei uma semana no hospital. Depois
levou mais 2 meses para eu me livrar de tudo. No ano passado compramos um
apartamento bem no centro da cidade, ( sempre foi o nosso plano) e fizemos
uma enorme reforma nele. Em maio conseguimos nos mudar. Depois ficamos 1
mês sem telefone nem internet, todas essas coisas bem brasileiras, mas
agora finalmente posso dizer que estou com tudo organizado.
Gostei muito de ler o “Travessuras de infância”. A razão por
que estou fazendo esse comentário é que eu, quando criança, deveria ter
uns nove anos, também passei um fim de semana na casa de Boa
Vista! A Lise vivia me convidando e eu estava louca para ir também. Assim,
depois de muito implorar, meus pais me deixaram ir junto. Fomos a Lise, a
Cida, a Tante Helma, o Reno e eu. Guardo ainda bem
nítida na lembrança a casa dos teus avós. Para mim foi uma aventura
inesquecível . Aquela mesa grande com todo mundo ao seu redor fazendo a
refeição, o quarto onde dormimos, a luz de lampião e as janelas com tampa.
Quando as janela foram fechadas, reinou a escuridão.
As nossas conversas no escuro até bater o sono,
que não demorou muito. Havia um matinho perto da casa onde os
velhos cipós formavam balanços para nós que nos sentíamos feito uns tarzãs,
ficávamos a nos balançar. Tudo estava ótimo até que, quase debaixo dos
nossos pés surgiu uma cobra que se afastou apavorada com os nosso gritos.
O assunto da cobra não durou muito tempo pois fomos dar uma olhada onde estavam
preparando as folhas de fumo para a secagem. É claro que a Lise e
eu também insistimos em ajudar e nos divertimos muito. O galpão estava
lotado de gente trabalhando e nós nos sentimos muito importantes podendo
ajudar.
Também havia um campinho onde tinha vacas. Para nos
manter afastados daqueles perigos, disseram que se elas vissem
alguém com roupa vermelha, atacariam. Achamos mais prudente nos mantermos
do outro lado da cerca.
Foi um fim de semana fantástico e que terminou cedo demais
para mim, pois meu pai veio de carro, acompanhado de minha mãe para demonstrar
a seriedade do resgate, dizendo que estava na hora de voltar para casa.
Eu chorei, pois não estava pronta para voltar, mas não houve jeito.
O gatinho que havia ganho, teve que ser deixado para trás,
pois minha mãe não queria saber de mais um gato. Chegava a meia dúzia de
gatos da vizinhança que viviam fazendo sujeira no nosso quintal!
Como vês, meu caro amigo, ao abrir o teu baú de
lembranças, me ajudastes a abrir o meu.
Um grande abraço,
moina