Eu sei, eu sei, “De
mortuis nil nisi bonum “. Dos mortos não se fala a não ser o bem.
Mas meu coração está
trespassado pelo falecimento do meu querido amigo desde a mais tenra infância,
em Santa Cruz,o Armando Sjoemann Jr.
Começa que quando os
pais dele viajavam para o Morro dos Conventos, onde tinham uma casa, ele reunia
uma turminha no andar de cima da casa comercial de seu pai, que era a
residência, e lá bicávamos uns
vermuthes. Naquela época nada era proibido e, por isso ele, parece que já aos
15 anos, dirigia a caminhonete de seu pai. Como é que a gente aprontava tanto e
nada nos acontecia? Só podiam ser as orações de nossas mães.
Mandico, desde guri
novo, era uma pessoa ética: não dado a
intrigas, não brigava com ninguém e poucos tinham a capacidade de agregar como
ele. Transitava por todas as “ tribos”.
Certo dia lá por 1965, o encontrei desconsolado, pois
dividia um apartamento com um conhecido, houve um problema e ele teve que sair.
A velha e boa Casa da UESC na Tomás Flores, em P. Alegre, foi o refúgio para
onde o encaminhei. No fim daquele ano me convidou para, em dezembro, irmos para
a casa de seus pais em Morro dos Conventos. Lá conheci minha
primeira esposa. Em homenagem ao Mandico, demos o nome de Armando ao nosso
primogênito.
Foram semanas de nós
mesmos fazermos comida, longos passeios e de noite sempre uma chegada na Boite
do edifício Criciuma, onde só tínhamos dinheiro para uma coca-cola e nada mais.
Mas sempre arranjávamos uma menina para dançar e bater um papo.
O tempo passou, cada
um tomou seu rumo. Mas, quando nos encontrávamos, depois de anos, era como se fosse ontem que a gente tinha conversado.
Simplesmente emendávamos a conversa como se não tivesse sido interrompida.
Pessoa próxima a mim
me relatou que, estando ele numa roda onde alguém começava a fazer um comentário desairoso
sobre pessoa que ali não estava, Mandico falara:
- vamos parar com
isso, não vamos falar de quem não está aqui, mesmo porque não nos interessa!
Lá se vai mais um
contemporâneo dessa época maravilhosa e de ouro de Santa Cruz, dos Gi-Cos, dos
“ footings”, do glamour, do ensino de excelência, das amizades perpétuas!
Mandico vai fazer
sucesso lá no Céu!
Me lembrei agora de um
trecho da canção “Everytime we say goodbye, I die a little.” ( cada vez que dizemos adeus, eu morro um pouco).
Morri mais um pouco
com essa partida.