Nenito, o poeta, o sensível, o escritor, o pai, o filho, o observador, o intelectual, me manda :
NUM FUNDO DE CAMPO
Nenito
Sarturi
Num simples fundo de campo
É que meu canto tem vida
Na várzea nua, estendida
Pelos trevais e flexilhas...
À sombra das coronilhas
Vendo o horizonte infinito
Eu canto Pampa bendito
Na imensidão das coxilhas.
A paisagem campesina,
Por vezes branca de geada,
Nos umbrais da madrugada
Despeja réstias de sol.
Assoma-se a “maria-mol”,
Feito um ponto na planura,
Espalhando sua candura
Pelas luzes do arrebol.
Num simples fundo de campo
É que eu faço a recorrida,
Num simples fundo de campo
Acho a esperança perdida,
Num simples fundo de campo
É que meu canto tem vida!
Num simples fundo de campo
Ali, num capão de mato,
Na mansidão do regato
A energia se refaz...
E no vôo de um torcaz,
Desenhado frente ao céu,
Eu retiro o meu chapéu
Como a “saludar” a paz.
E quando a tarde, caindo,
Me convida pra o galpão,
O amargo, o fogo de chão,
O descanso após a lida.
Então encontro guarida
Nas coisas simples, no apego
E sinto, neste aconchego,
Que meu canto tem mais vida.