Por favor, não pensem que esteja troçando.
A morte, ao fim e ao cabo, é uma libertação, creiamos ou não em alguma coisa.
Sempre amei cemitérios. Na Alemanha me comovo muito com as inscrições saudosas, inclusive aos caídos nas últimas guerras. Pobres rapazes que não tinham nada a ver com os donos da guerra, abrigados em seus bunkers.
O cemitério de Santa Cruz parece hoje um céu de tantas flores. Fui lá hoje depositar rosas vermelhas para minha mãe e rosas brancas para meu pai.
O cemitério de Santa Cruz era um jardim de tanta flor.
Percorri com minha irmã Cleonice os corredores. Tantos nomes que fizeram o esplendor de minha amada terra natal.
Fui retirar da casa paterna as últimas coisinhas para distribuir entre meus filhos. Vamos vender, não tem jeito.
Meu coração do guri que se criou ali jorra sangue sobre a estrada.... Com a venda da casa morro mais um pouco de tantas mortes que tive até aqui.
Morri um pouquinho quando venderam a casa do vô Rudolf, morri um pouco toda vez que saí de um lugar que amei.
É a vida, é a morte.
E por que o título? porque na cidade grande é muito difícil visitar um túmulo. É longe, tem assalto. É impessoal.