Ruy:
Também tive uma história semelhante à tua, mas não nas paisagens da Schwarzwald (fiquei cinco dias num belíssimo hotel em Baden Baden). Minha história foi em Montevideu, 1970, cobertura do sequestro do consul brasileiro Aloysio Gomide pelos tupamaros. Com as comunicações precárias, meu desafio diário era mandar as matérias para o meu jornal (O Estado de S. Paulo), no final da tarde. Local para o envio: sede da Entel onde havia apenas três máquinas de telex e 50 jornalistas de todo mundo querendo a mesma coisa. Foi aí que já no primeiro dia botei o olho numa lorinha de olhos verdes, funcionária encarregada de atender a imprensa. Ela me atendeu e perguntei a hora que deixava o trabalho. Bingo! Bem na hora em que eu poderia estar livre, depois de passar o material. Resumindo: ficamos juntos pelos 30 dias que passei lá esperando que os tupamaros soltassem o consul (Gomide só foi solto em fevereiro de 1971). Até uma porta lateral eu consegui na Entel para entregar minhas laudas para um operador que as picotava numa fita (a gravação do texto que era inserida na máquina e seguia numa cadência automática) antes de enviá-las para a redação em São Paulo. Ela também queria "fugir" comigo para o Brasil, pois era uma simpatizante de "Los Tupas" e corria o risco de ser presa. Gostava de praia e de carnaval e não acreditava que aqui a repressão era igual à vigente no Uruguai. Incrível, mas havia uma confusão geográfica na sua cabecinha loira e revolucionária. Ela sempre queria saber sobre a praia de Ipanema de Porto Alegre... Mas o fujão fui eu, não antes sem ter entrevistado um líder tupamaro - ela marcou o encontro - na boate El Techo, na cobertura do hotel Vitória Plaza, o melhor da cidade. Nesta época estava na cadeia o guerrilheiro Pepe Mujica, atual presidente do Uruguai. Até nisso, a história se parece com a nossa...
Rogério Mendelski
Também tive uma história semelhante à tua, mas não nas paisagens da Schwarzwald (fiquei cinco dias num belíssimo hotel em Baden Baden). Minha história foi em Montevideu, 1970, cobertura do sequestro do consul brasileiro Aloysio Gomide pelos tupamaros. Com as comunicações precárias, meu desafio diário era mandar as matérias para o meu jornal (O Estado de S. Paulo), no final da tarde. Local para o envio: sede da Entel onde havia apenas três máquinas de telex e 50 jornalistas de todo mundo querendo a mesma coisa. Foi aí que já no primeiro dia botei o olho numa lorinha de olhos verdes, funcionária encarregada de atender a imprensa. Ela me atendeu e perguntei a hora que deixava o trabalho. Bingo! Bem na hora em que eu poderia estar livre, depois de passar o material. Resumindo: ficamos juntos pelos 30 dias que passei lá esperando que os tupamaros soltassem o consul (Gomide só foi solto em fevereiro de 1971). Até uma porta lateral eu consegui na Entel para entregar minhas laudas para um operador que as picotava numa fita (a gravação do texto que era inserida na máquina e seguia numa cadência automática) antes de enviá-las para a redação em São Paulo. Ela também queria "fugir" comigo para o Brasil, pois era uma simpatizante de "Los Tupas" e corria o risco de ser presa. Gostava de praia e de carnaval e não acreditava que aqui a repressão era igual à vigente no Uruguai. Incrível, mas havia uma confusão geográfica na sua cabecinha loira e revolucionária. Ela sempre queria saber sobre a praia de Ipanema de Porto Alegre... Mas o fujão fui eu, não antes sem ter entrevistado um líder tupamaro - ela marcou o encontro - na boate El Techo, na cobertura do hotel Vitória Plaza, o melhor da cidade. Nesta época estava na cadeia o guerrilheiro Pepe Mujica, atual presidente do Uruguai. Até nisso, a história se parece com a nossa...
Rogério Mendelski