Mas Tchê, é verdade,
estamos desaprendendo tudo que nossos antepassados trouxeram quando migraram
para nossas regiões.
A Lua servia de orientação para agricultura,
lembro-me que se podava a parreira para frutificar em qualidade e produtividade
na primeira lua nova de agosto, eu quando guri cortava o cabelo na lua
crescente para fortificar as raízes, não deu muito certo, hoje corto na
minguante para gastar menos com o barbeiro aqui da esquina.
Mudanças de Lua, e o vento, conforme o movimento
das nuvens, já se dizia com precisão quando iria chover e se seria longa ou
passageira.
Também é verdade as laranjas de umbigo
precisavam de um grande geada para tornarem-se mais adocicadas, e o canivete
que usávamos sempre no bolso para cortar e limpar as unhas dos pés, era úteis
para descascar aquelas belas amarelinhas.
Quando se observava as formigas carregadeiras
traçando um itinerário até o ninho se dizia que estavam armazenando alimentos
para um período longo de chuvas, até o mugidos do gado no campo era sinal de
tempestade ou ventania.
E as estrelas, se guiava pelas noites escuras,
sob orientação da posição, hoje tem que estar equipado com GPS, e coisa e tal,
e tem muita gente que não acha o rumo de casa, ou se perde pelo caminho, eu
tinha um conhecido que tinha uma certa distrofia ocular, usava um óculos fundo
de garrafa, a noite se atrapalhava todo, quando avistava uma luz vermelha,
tinha que dar uma paradinha, até que se confundiu dirigindo, viu umas lanternas
da cor predileta, quis entrar e bateu na traseira de um caminhão.
A vida moderna da cidade é isso mesmo que
estamos assistindo, meio ultrapassados, o negócio é viver meio entreverado no
mato, de onde um dia saímos para dar umas voltas e se perdemos, mas que nunca
deveríamos ter saído.
Abraços - Élvio.