Olho para 18 anos atrás.Comecei a Pecuária Gessinger comprando alguns hectares. E fomos indo e indo, adquirindo mais áreas,aprendendo com os amigos, com os cursos, com as meditações, com os contatos.
A cada ano que passa vamos agregando novas tecnologias, a cada ano damos uma guinada para acertar os ponteiros, a cada ano vamos indo para a frente.
Mas a cada ano a distância entre P. Alegre e a estância aumenta 50 kms. A cada ano, sem embargo de ter sempre uma caminhonete mais confortável, me canso mais . Na ida, depois de 250kms paro num posto e saio me arrastando. Chego estropiado. Nem paro mais em Santiago. No máximo vou uma vez por mês jogar um tênis com aqueles amigos tão queridos. Mas nem durmo mais na nossa baita casa, com piscina e tudo, no centro de Santiago. Montada, mobiliada, com tudo , tudo. . Coloquei-a à venda. Não tenho o dom da ubiquidade e tive que optar. E optei, acertadamente, por ficar perto do escritório na capital.
Uma tentação terrível me puxa para um hedonismo: quero viajar para a Alemanha, de onde meus avós vieram, ir para Innsbruck, quero jogar vôlei em Copacabana , no Posto da frente do Hotel Miramar.
Chegando em Jaguari quase decido. Vou vender tudo, ou arrendar, e aproveitar a vida.
Ao entrar na estrada de chão que me leva à estância, abro os vidros e meus pulmões se enchem de alfazemas e perfumes do campo.
Chego na porteira e a cachorrada me escolta.
O sorriso de minha peonada, os abraços e apertos de mão.
Os cheiros, ah, os cheiros...que só uma estância tem.
O desvelo do meu pessoal, ah.. o desvelo e o cuidado no tratar comigo.
As novidades, os bichos lindos e gordos.
Ao atardecer, então...
As charlas no galpão. O olhar terno dos meus cavalos como a me dizerem " porque tardas tanto a voltar, patrãozinho?"
E agora à noitinha, uma jantinha que não tem no Maxims.
Uma galinha com arroz, frita na própria graxinha.
Que vender, que arrendar, que nada!