quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

O CALVÁRIO UM DIA VAI CHEGAR PARA TODOS NÓS

Na infância, na juventude, na maturidade sadia, tudo é festa. Comemos de tudo, não sentimos nada, somos imortais.
Estou aqui num apartamento  do magnífico Hospital Santa Cruz. Estou sozinho, minhas irmãs foram repousar.
Seguro a mão de   minha mãe, sedada, inconsciente, numa descida sem volta, irreversível, mas o coração, qual o capitão de um navio, tentando evitar o final. Contemplo seu rosto nobre, mas pálido. Ela está ofegante e seus braços tem equimoses de tanto picadas para colocar soro. Seus braços ,descarnados.E ela deitada inerte. E  eu  lhe cantando nossos hinos religiosos em alemão. Tomara que esteja me ouvindo.
Juro que se pudesse ofereceria eu morrer no lugar dela.
É muita agonia.
É um calvário ao final de uma vida...
Pena ela ter que pagar esse preço pela longevidade