sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

MINHAS FÉRIAS DE INFÂNCIA


Vamos combinar , antes de mais nada, uma apresentação.
Sou um ser totalmente anormal.
Fui parido em casa, na Linha Arlindo, onde meu pai tinha uma casa comercial. Uma parteira ajudou minha mãe, que nem de cama ficou. Parto normal, sem talho na barriga.
Mamei até os 9 meses quando nasceu minha irmã  Lia. A partir daí tomei leite de vaca e passei a me alimentar de linguiça crua de porco, torresmo e pão.
Não tenho nenhuma tatuagem, nunca usei tóxico, tomei muita cerveja na minha juventude e agradeço por tantas meninas que me trataram bem.
Voltando.
Aos meus  7 anos de idade, por aí, meu pai se mudou para a cidade de Santa Cruz, onde abriu uma " venda" perto da fábrica de cigarros Sudan.Um belo dia um cara encheu o saco dele para lhe vender um bilhete da loteria federal. Para se ver livre do chato, meu pai comprou o bilhete inteiro e o jogou debaixo de uma balança Filizola, dessas de balcão.
Dia seguinte retornou o chatonildo dizendo que meu pai  tirara a " sorte grande". e dê-lhe procurar o maldito bilhete até que minha mãe o encontrou.
Pronto, meu pai comprou um armazém na Tomás Flores, a casa ao lado , um caminhão Chevrolet e duas caminhonetes novas , uma dodge e uma fargo.  Emprestou uns pilas para alguns, que nunca devolveram.
Meus avós paternos Rudolf e Rosa moravam em Boa Vista, 17 kms longe da cidade, e lá tinham uma casa comercial que era também entreposto de fumo, venenos, sementes, salão de baile.
Minha avó Bertha Etges era viúva, morava com um filho, tio Lino, eram colonos, a casa não tinha luz.
Nas férias meu pai levava  Lia e eu para a casa do vô Rudolf. Mudava nossa dieta, era muito leite, queijo, essas coisas que criança não gosta.  Eu apreciava mais a casa do tio Lino . Lá  havia um açude onde pescávamos. ele tinha uma baita arma de dois canos com a qual caçávamos lebres e jacus.  Também tinha uma carroça puxada por bois, com a qual íamos buscar pasto para as vacas.
Meu vô  Rudolf e sua casa tinham um cheiro um cheiro diferente dos da vó Bertha.
Mas eu gostava mesmo era da minha casa e do meu quartinho em Santa Cruz.
Por essa razão prosaica vivia fugindo , ou de carona com o caminhão do leite, ou ia a pé mesmo. Levava 4 horas para fazer a pé essas três léguas. No caminho ia parando e tomando ou comendo alguma coisa na casa dos colonos.
Mas para as famílias essa minha rebeldia e independência era um horror, pois viviam todos em sobressalto.
Até que meu pai  me fez trabalhar com ele no armazém.
Foi ali que  aprendi muito com as manhas e artimanhas do comércio.Principalmente seus buracos  negros.
E ali se explica porque até agora nunca tomei um tufo na minha vida comercial.
Isso é outro papo, para outra hora.
Agora tenho que preparar as costeletas de cordeiro, ou seja, costeletas de Agnus Unistaldensis para um amigo que veio da Alemanha me visistar aqui na praia, na excelsa e pacífica Xangri.
Amanhã acho que retornam as hordas de espaçosos. Enquanto isso, "  carpemus diem".