Sazonalmente ocorre de algum magistrado aposentado tentar enveredar pelos caminhos da política partidária.
José Paulo Bisol, ao se aposentar, participou de programas de TV na RBS e obteve enorme visibilidade. É um homem lido e culto, mas não saberia dizer se, sem a TV e o Rádio, teria tido sucesso.
No mais, tenho visto mais decepções que sucessos.
Há alguns anos, um juiz atuante numa próspera cidade, em vias de se aposentar, me perguntou o que eu achava de ele se lançar a deputado federal. Com sinceridade disse-lhe que não teria a mínima chance.
Mas como? redargui-me ele, mas como se todo mundo me quer bem, se sou requisitado para tudo?
Contrapus que assim é com o gerente de banco enquanto ainda gerente, sempre vêm cestas de Natal à sua mesa. Aposentado, a coisa muda totalmente.
O colega não me ouviu e fez um pouco menos de mil votos.
É que a política partidária, segundo observo, tem mil atalhos, mil caminhos; exige uma paciência de Jó, sorrisos, apertos de mão. E muita, muita estrada.
A vida do juiz não tem nada dessas coisas, conquanto o enorme poder que a sociedade lhe delega, o possa levar a não ver clara a realidade política.
Soube que, recentemente, um desembargador de alta nomeada, aposentado, filiou-se a um partido político e ofereceu seu nome a uma candidatura ao Senado.
Desejo-lhe muita sorte. Sua vida é inatacável.
O problema está em passar na convenção. Tem muita gente com mil quilômetros mais de estrada na fila.
Pior: fazer votos é ciência que não se aprende na faculdade nem nos tribunais...