Olhem o que diz minha vizinha a Psiquiatra Lais Legg
Ruy, eu estou ainda mais próxima do barulho que tu. Moro uma rua
abaixo da tua, lembras? E estou no meu terraço, tentando trabalhar, mas é
impossível concentrar-se. E digo que a tal “passagem de som” é
infinitamente melhor que o som propriamente dito, ou seja, o show. Não sou
contra a música, muito pelo contrário, eu adoro. Mas tudo tem limite! Mas o
pior ainda está por vir, que são as festas de fim de ano do Palácio Piratini,
estas, sim, ensurdecedoras e bem à minha frente, acrescidas das festas do Paula
Soares. Imagina como se sentem as pessoas doentes que moram por perto.
Aliás, vocês já repararam nas festas de agora? Impossível
conversar, pois o som é colocado lá nas alturas. E tudo é tão padronizado...
todas as festas são iguais. Quem vai a uma, vai a todas, não há mais diferença.
E a coisa vai desde as crianças, adolescentes, adultos jovens em suas
formaturas e noivos. Tudo tem que ter “promoter”, ensaios, coreografia, etc. A
espontaneidade se foi pelo ralo. As crianças são guiadas por recreacionistas,
os temas são os super-heróis americanos ou os bruxos ingleses, nenhuma delas
brinca daquilo que gostaria. Só do que está no roteiro. A felicidade, agora,
tem maestro e cardápio. Os noivos? Têm que saber dançar rumba, salsa, tango,
samba, chorinho, jazz e outros quetais, num show apoteótico, senão, ficarão de
fora da modernidade. A globalização é total. Provavelmente, na lua-de-mel, caem
exaustos, um para cada lado.
Que pena.
Abraços,
Laís Legg