Caro Ruy,
Lembro-me quando criança da capelinha com a imagem da Nossa Senhora,
sendo repassada no quarteirão entre os vizinhos, que também cultuavam
o hábito reunir-se nas casas de forma alternada para orar o terço.
Que
maravilha eram aqueles tempos em que as vizinhanças eram como membros de uma
única família, os pátios constituíam-se cercas simples e normalmente possuíam
pequenos portões de livre acesso entre as propriedades, o que facilitava as
visitações.
Há,
quando havia alguém enfermo, todos procuravam solidarizar-se, oferecendo
ajuda, um chazinho, uma palavra amiga, uma oração ao santo protetor, qualquer
coisa, com enorme prazer de servir, sem nenhum interesse oculto.
Hoje, erguem-se muros de pedra, portões eletrônicos, cercas
eletrificadas, ou então vivemos em edifícios de apartamentos, fechaduras
reforçadas, alarmes sensíveis, só olhamos pelo olho mágico, cada um na sua,
onde cumprimentar passou a ser uma obrigação, e rezar então muito raro nas
famílias, quanto mais entre os vizinhos.
Estes valores simples das comunidades de antigamente, talvez
constituíam-se na base do espírito de cidadania, na formação de sentimentos de
convivência harmoniosa, a solidariedade, menos individualismo, menos egoísmo.
As
religiões representam a base de tudo, sejam elas quais forem, direcionadas para
o bem, com objetivo de paz, são coadjuvantes para um mundo melhor, que este
sentimento de Fé raciocinada possa adentrar aos lares , trazer paz e alegria,
através da capelinha com a imagem de Nossa Senhora, que estes costumes se
perpetuem no tempo.
Abraços.
Élvio.