Só hoje deu tempo de fazer essas
mal traçadas sobre a “viagem ao exterior”. Como sempre o texto está
muito bom. Só acho que faltou uma coisa: O registro da passada na minha querida
Cacequi, onde a estação fervia das 11:30 hs., até as 14:00 hs. Certamente
desembarcastes do vagão e destes uma voltinha pela estação. Não sei se
chegou a tomar uma sopa no restaurante da estação (que as más línguas diziam
que era quente demais para o passageiro não ter tempo de toma-la por
inteiro....)
Era gente de todo o estado que
ali tinha de fazer baldeação. Alí se encontravam os trens que vinham de Santa
Maria para Uruguaiana e de Livramento para São Gabriel (onde se baldeava
para Bagé) e pode-se imaginar (para os que nunca viram) o entrevero que
se dava no período, com gente de cidade grande se misturando com os
interioranos.
Nós cacequienses, nos reuníamos
ali nesse horário para fazer de tudo : Comprar jornal (que era do dia
anterior), revistas e até bilhetes de Loteria. Muitas amizades ali floresceram.
Até mesmo alguns casamentos. Eram bons tempos. Nessa estação, quando guri,
vendi rapaduras de amendoim, pastéis e até chicotinhos que os detentos do
presidio local confeccionavam. Se aceitava até encomendas: O Passageiro
dava o nome da amada, levava-se o pedido ao presídio e o apenado confeccionava
o chicote colorido e muito bonito com o nome solicitado. Na outra semana
quando o passageiro passava novamente na estação o negócio era finalizado(nunca
houve calote) e eu ganhava minha pequena comissão (hoje seria exploração de
menores........). Já moço, continuei a frequentar a estação, porém com outras
intensões. Até o dia em que peguei o trem e me boleei para a cidade Grande,
onde me aquerenciei e permaneço até hoje.
Bons tempos aquele, professor! E
ainda bem que esses tempos podem voltar (através de nossas lembranças).Um abraço
Hermes Dutra