sexta-feira, 26 de outubro de 2012

AINDA OS TRENS - DELICIOSA CRÔNICA DE HERMES DUTRA



Só hoje deu tempo de fazer essas mal traçadas sobre a  “viagem ao exterior”.  Como sempre o texto está muito bom. Só acho que faltou uma coisa: O registro da passada na minha querida Cacequi, onde a estação fervia das 11:30 hs., até as 14:00 hs. Certamente desembarcastes do vagão e destes uma voltinha pela  estação. Não sei se chegou a tomar uma sopa no restaurante da estação (que as más línguas diziam que era quente demais para o passageiro não ter tempo de toma-la por inteiro....)
Era gente de todo o estado que ali tinha de fazer baldeação. Alí se encontravam os trens que vinham de Santa Maria para Uruguaiana e de Livramento para São  Gabriel (onde se baldeava para Bagé) e pode-se imaginar (para os que nunca viram)  o entrevero que se dava no período, com gente de cidade grande se misturando com os interioranos.
Nós cacequienses, nos reuníamos ali nesse horário  para fazer de tudo : Comprar jornal (que era do dia anterior), revistas e até bilhetes de Loteria. Muitas amizades ali floresceram. Até mesmo alguns casamentos. Eram bons tempos. Nessa estação, quando guri, vendi rapaduras de amendoim, pastéis e até chicotinhos que os detentos do presidio local confeccionavam. Se aceitava até encomendas:  O Passageiro dava o nome da amada, levava-se o pedido ao presídio e o apenado confeccionava o chicote colorido e muito bonito com  o nome solicitado. Na outra semana quando o passageiro passava novamente na estação o negócio era finalizado(nunca houve calote) e eu ganhava minha pequena comissão (hoje seria exploração de menores........). Já moço, continuei a frequentar a estação, porém com outras intensões. Até o dia em que peguei o trem e me boleei para a cidade Grande, onde me aquerenciei e permaneço até hoje. 
Bons tempos aquele, professor! E ainda bem que esses tempos podem voltar (através de nossas lembranças).Um abraço

 

Hermes Dutra