Tempo de pedir desculpas
Em alguns momentos de nossas vidas, todos nós
já falamos “coisas” inconvenientes, inapropriadas e incorretas ao outro.
Deliberadamente ou não, provavelmente até mesmo ofendemos o trabalho e a
inteligência alheia. Afinal, sempre foi mais fácil ironizar, criticar e acusar.
E até de dedo em riste.
Tirante os evidentes casos de pura maldade e
provocação, regra geral realizamos esses atos investidos de nossas “convicções
e certezas”. De boa fé. Compreensível.
Difícil - sempre foi e continua sendo – é pedir
desculpas pelos equívocos e excessos. Mas chega um momento em que superamos
essa dificuldade e, finalmente, pedimos desculpas. Um modo gentil e educado de
reconhecer os momentos, as oportunidades (ou falta de) e as razões do outro.
Assim sendo, o que já conseguimos realizar no
âmbito pessoal, deveríamos realizar no âmbito das “coisas” públicas. Creio que
é chegada a hora de isso ocorrer também na área político-ideológica.
É verdade que - no campo das correntes
ideológicas - ainda não superamos graves diferenças e equívocos conceituais
(ainda argüidos retoricamente nas disputas eleitorais) comprovadamente falidos
e sepultados, como bem demonstram experiências de outros povos.
Mas nem vou muito longe no tempo e na
história das ideologias. A título de exemplo, fico com experiências recentes e
brasileiras. Fim de reservas de mercado, privatizações de bens e serviços
públicos e leis especiais (como a de Responsabilidade Fiscal) confirmaram a
hierarquia e eficácia de princípios fiscais e econômicos sobre a vontade
pessoal e a ideologia política.
E ainda nem conversamos sobre a importância
de créditos e financiamentos internacionais, superávit primário e tecnologia de
transgênicos em tempos de exportações de commodities agrícolas.
É a hierarquia dos mesmos princípios gerais
econômicos que impedem e limitam gastos públicos em recursos humanos, serviços
e obras públicas. Aquilo que “o outro (no poder)” não fez! Inação o suficiente
para que o rotulássemos como “sem vontade política de fazer!”
Nem vou me reportar aos pecados humanos e
capitais que seduziram notórios companheiros em descaminho, a exemplo de apropriações
indébitas, corrupção, fisiologismo e “consultorias”.
Ou outras gritantes contradições, a exemplo
de políticas públicas daquilo que sempre nomeamos como nefasto, tais como esmolas
populares, financiamentos privados com dinheiro público, aparelhamento de
órgãos estatais e loteamento de fundos de pensão, alianças espúrias, e, vejam
só!, aplausos e homenagens a judicialmente processados camaradas.
E agora, companheiro, o que dizer sobre a
incapacidade reinante e predominante que faz desabar sobre nossos ombros as
mesmas pechas político-ideológicas de ontem e d’o outro?
Honestamente, creio que um bom começo de
conversa é pedir desculpas!