NUM MUNDO MARAVILHOSO

( Por Élvio Loureiro - Santa Cruz)

Com o calor de quase 30 graus de hoje a tarde, eu louco de sede , sentei-me num barzinho aqui na Av. do Imigrante de Santa Cruz, para tomar umas cervejas; prontamente  fui  atendido por uma bela loira de olhos azuis , estilo “magrela” com aproximadamente  1,80m de altura, como você sabe, muito comum aqui na nossa aldeia.

Muito simpática, veio ela ao meu encontro com um belo sorriso estampado no rosto, se posicionando ao meu lado,  perguntou-me :

Pois não !! o que é que o Sr. deseja ?

Olhei aquela bela e rara “alemoa” ao meu lado e devo confessar-lhe passou-me um monte de  boas idéias pela minha cabeça mas, o raciocínio muitas vezes não acompanha a vontade , e eu me limitei a responder que se não fosse muito incomodo eu gostaria de tomar uma cerveja .

Ela, então perguntou-me , qual a marca que o sr. deseja tomar ?

Olha, respondi , qualquer uma que esteja bem gelada !!

Ela disse-me que bem gelada estavam todas as cervejas .

Eu lhe perguntei se tinha a “ kaiser ”  , e ela me olhou com aquele sorriso maroto como se eu estivesse de gozação .

Sim minha filha, respondi ; bem gelada e barato, vai até água com sabão .

Bem, tomando a cervejinha boa, barata e gelada, observava o movimento de pessoas caminhando pela calçada, e carrões pela avenida , eram aquelas BMW, Mercedes , Land  Over, Camaro , entre outras marcas de importados e nacionais Top de Linha , que circulavam pela avenida , orgulhosamente pilotadas pelos “novos ricos da hora ” que se perfilavam naquele desfile um tanto quanto “exibicionista” , muito comum nas pequenas cidades; mas eis que na fila vem uma carrocinha de pneus, puxada por uma cavalo magro , aparência mal nutrido , estilo “ matungo “ , carregada de sucatas, e seu condutor, um rapaz , com roupas surradas , chinelos de dedo “não do tipo que não soltam as tiras ”, mas aqueles  bem “ bagaceiras ” que se deformam , que só se encontram nos “ botecos ” do interior , conduzindo os arreios de sua charrete seguia ele com um sorriso de felicidade estampado no rosto, em nada diferente as expressões daqueles que passeavam em seus carrões. Aquela cena me chamou a atenção , por que é no dia a dia , que nos deparamos com exemplos de vida , mas que  nosso  espírito de observação não reserva tempo para pensar , ou é a falta de capacidade em captar os sinais a natureza no da , e que por isso nos fazem muitas vezes seres alienados ao mundo em que vivemos .

Aquele batalhador, lutando provavelmente com extremas dificuldades para nutrir o sustento de sua família, deveria servir de exemplo, para muitos, que não dão devido valor as oportunidades e conquistas . Aquele pobre “vivente” não foi privilegiado no meio em que aleatoriamente nasceu , não teve acesso as escolas tradicionais de educação que lhe dariam condições de desenvolver sua inteligência direcionada a cultura. 

A qualidade de vida mudou muito, comparando a 50 anos atrás, estes jovens que desfilam em seus modernos automóveis, provavelmente não conheceram as dificuldades de outrora , a falta de energia elétrica , iluminação pública, água encanada, os fogões a lenha, não existiam os fogão a gás e hoje , quanto mais os fornos micro ondas; tinha que se fazer “graveto” para acender o fogo, colocar lenha para esquentar a chapa e passar o “café de saco” pelas manhãs antes de ir ao trabalho,  não são capaz de imaginar o trabalho que dava ; hoje temos o forno e o Nescafé sem falar no leite pasteurizado em caixinhas . 

Esta geração dorme confortavelmente em colchões de mola, já passou pela era dos tipos de espuma , e certamente não conheceram os colchões de “palha de milho”.

O farto  consumo de refrigerante nas refeições , enquanto naquela época uma garrafinha de Pepsi Cola de 290 ml. saciava toda família, cada gole circulava na boca fazendo-se como no vinho todos movimentos da degustação.

Se deslocam de carros, enquanto muitos utilizavam-se de longas caminhadas ou de bicicletas sem os recursos tecnológicos  existentes hoje .

O conforto da televisão de hoje , nem se compara aos tempos do rádio , sistema que segundo especialistas em comunicação jamais será superado, mas refiro-me ao acesso as inúmeras opções de programações.

Hoje qualquer um tem telefone móvel, alguns anos atrás ligações para outros municípios buscava-se a companhia telefônica solicitava-se uma ligação pela manhã, para completar-se somente a tarde.

E os computadores , a 20 anos atrás não existiam  estas opções pessoais que nos conectam com o mundo, nos atualizam a cada segundo  de tudo o que acontece  , que com um toque, em um instante enviamos mensagens para que todos possam ter acesso a um pensamento, que nos permitem pesquisar quaisquer assuntos que antes necessitávamos nos deslocar a  bibliotecas, e que ainda nos corrige os erros ortográficos quando escrevemos.

 “ Vivemos num mundo maravilhoso “ quantos poderão prestar seus testemunhos da rápida e constante evolução que estamos vivenciando no presente e que esperar para futuro próximo.

Mas, eu confesso que senti um pouco de inveja do rapaz da charrete , apesar da qualidade de vida em que provavelmente viva, muito semelhante aquela em que vivíamos a 50 anos atrás, com seu meio de transporte muito raro em nossa convivência;  talvez no mundo dele não passe qualquer tipo de preocupação e nenhum medo com o futuro , com filhos, com heranças, para ele tanto faz o governo , pouco importa se a bolsa de valores esta no negativo, se o dólar subiu ou desceu,se a Europa esta em crise, se existiu ou não o Mensalão, provavelmente ele também não se preocupe em pagar Imposto de Renda, IPTU, IPVA , cartão ,condomínio, etc.etc., sem falar dos documentos que não necessita manter atualizados , a Carteira de Identidade, CPF, Título Eleitor,CTPS, Passaporte, Cartão disso, Cartão daquilo ,etc. etc.

Vive feliz no seu mundo , sem grandes ambições, nem consumismos , comendo carreteiro, ou “cabo de relho “ ( nome de uma mistura de sobras de comidas cozidas em panela de barro ou ferro : escravos/negros), tenho certeza que ao me ver tomando “aquela cerveja” não sentiu quaisquer sentimentos  ;  a única coisa que nos difere muito , que me perdoem os coirmãos , é que ele deve sofrer muito quando o seu “Colorado” perde , de resto esta tudo muito bom .