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Caro , Dr.
Ruy, o pessoal que nos lê , devem pensar que somos muito velhos ,mas nem tanto assim , somos bem recentes do tempo do
Alka-Seltzer para azia e má digestão ;
do Biotônico Foutoura , uma espécie de fortificante para os “nelvos” ; o Fontol, que caia bem, para dores de cabeça
e ressacas depois daqueles “sambas”com
conhaque , aliás aposto que muitos não
conheceram o “abacate” nem a “gasosa” da “Celina” , agora imagina o conhaque .
Mas, deixando
um pouco o passado de lado , hoje é sábado , final de semana, e é no cotidiano
que nos deparamos com muitas situações cômicas da vida real que valem a pena registrar :
Outro dia eu
estava no barbeiro esperando a minha vez para cortar o cabelo, aliás onde eu
pago somente metade do valor, e acho desnecessário dizer do motivo , observando
o profissional dando os retoques finais no
cliente que me antecedia , quando terminou passou aquele tradicional “espanador
” para retirar o excesso de cabelos picados, pegou o espelho posicionando
de forma a que o tal senhor pudesse observar os detalhes dos acabamentos
frontais , e disse : Agora tu ta bonito !!! e o cara levantou lentamente posicionando-se
em frente a um espelho maior , e falou : Isto foi mais ou menos a última coisa
que a minha mulher falou ontem as cinco da manhã quando eu cheguei em casa “ bonito enh “ ?? e depois atirou uma
sacola de roupas e bateu a porta na minha cara .
Eu conheci um
rapaz , chamado Nicolau , que me contou um fato verídico da época que ele
serviu o exército. Contou-me ele, que em certa ocasião num inverno rigoroso ,
frio e chuvoso, estava programado uma semana de exercícios , aquelas manobras
militares de campo, numa fazenda próxima , e ele muito malandro, pensou em
arranjar um jeito de escapar da empreitada , um colega seu do “mesmo naipe” lhe sugeriu uma idéia ,
assim procurou a enfermaria do batalhão , e falou para o enfermeiro que
necessitava consultar com o médico, por que estava se sentindo muito mal , o
auxiliar mesmo desconfiado com a aparência do Nicolau , tinha como obrigação
fazer uma boa triagem antes de repassar ao médico , resolveu deixá-lo ser atendido direto. O
médico acostumado na “lida” diz:
entra soldado !! Qual é o teu problema ?? , O Nicolau diz : olha doutor ,
tentando impressioná-lo ao máximo , se eu soubesse nem teria lhe procurado ,
mais eu estou muito preocupado, tô mal, e o médico capitão , diz : então
desembucha !! que é que tu sentes ?? qual é o sintoma?? que te incomoda rapaz
?? , e o Nicolau diz : olha doutor , eu to sentindo uma dor de cabeça , e toda
vez que eu abaixo a cabeça eu também sinto um cheiro ruim e uma tonturinha . O
médico olha no fundo dos “zóios” do Nicolau , e pede então para ele curvar-se com a cabeça em direção aos joelhos
, e pergunta : sentiu aquele mau cheiro e aquela tontura que tu me falou ?? O Nicolau pensou
enrolei o doutor ele vai me baixar na enfermaria , deve ter chegado a conclusão
que é sinusite e que não posso ir para o campo , e disse: isso mesmo doutor , eu senti um cheiro ruim e
uma tonturinha leve. O doutor diz ao Nicolau : eu vou ter que te receitar um
tratamento, mas é necessário tu seguir direitinho o que eu te recomendar ta bom
meu filho ?? O Nicolau diz , pode deixar , vou fazer tudo direitinho como o sr.
mandar . Daí o médico diz : Tu vai para o alojamento lavar este “s “ vai
melhorar logo ,deve ser isto que tu sentes , este cheiro ruim e tontura vem ai
de baixo, lava isso com sabão, e esfrega com escovão de aço . E assim o Nicolau passou a semana na chuva , no barro
, sem moleza , e nada de enfermaria .
Em certa
ocasião , também numa noite de sexta-feira , muito fria de inverno, peguei um
ônibus na rodoviária da capital, em direção a nossa cidade. Acho que deveria
ser o último horário do expresso Gaúcho , e estava lotado por que muitos
estudantes retornavam para casa no final de semana. Sobrou um banco no corredor
lá no fundo , ao meu lado junto a janela , sentou-se um alemão tamanho GG , que
eu acho que tinha tomado umas quantas
Polar , e fumava aqueles cigarros “marca
diabo” sem filtro que produziam aquela fumaceira danada . Imaginem naquele
tempo era permitido fumar a bordo dos ônibus , e com os vidros fechados , o
cara fumava um atrás do outro , e eu , mais todo resto dos passageiros
fumávamos juntos de forma passiva (termo que agora esta na moda ). Mas, como
disse aquele “baita” alemão tinha
tomado umas quantas e mais um pouco, falava com um colega seu que não podia ver
o rosto, sei que se apelidava de “Chico”
, por que assim o chamava, e que sentava-se nos primeiros bancos do coletivo .
Naquela época o tempo de viajem entre POA e SCS , era um pouco maior do que
hoje, e nós todos ali naquela “câmara de
gás” , imaginem a cena . O tal do “big bag” gritava lá do fundo pro
tal de “Chico” o tempo todo . Ô Chico
!!!, eu comprei uns “croquete a baiana”
na rodoviária para levar para minha mulher , eu não sei se ela vai gostar , tão
meio apimentado , só sei que vai arder os ” zóios “ do “c ”dela , e o “Chico” nem se mexia no banco , calado,
aprecia que queria se esconder e não dava , e o resto do pessoal , algumas
senhoras , ficaram constrangidas com aquele palavreado chulo. E seguia a viajem
, mais um cigarrinho , um acesso de tosse , ai ele resolve abrir a janela do
ônibus, (naquela época as janelas eram
corrediças e podiam ser abertas) , e entra aquele ar gelado , e ele diz : Ô
Chico , tá um frio do “c “ aqui fora , de arrepiar os cabelos do “c “, mas que
barbaridade né !! mas que “p”frio !!, disse olhando para mim , que estava
quietinho ali no lado só observando com olhar periférico . Mais um acesso de
tosse , alguns outros ruídos próprios do esforço provocados , se seguiam sempre
em sequencia, mas que eram acompanhados de um odor de “chucrute com Polar “ insuportável . E segue o “carreto” um pouco
mais adiante, ele grita lá do fundo : Ô Chico !! , fala ai pro motorista que eu
preciso dar uma “m” , tô apertado ,e o Chico , calado , provavelmente esperando
ele se acalmar , e nada ,,, Ô Chico !! tu não ouviu ,eu to me “c “ , pede para
este “ fdp ”parar este ônibus , ou eu vou me “c “ todo aqui mesmo !! O
passageiros já estavam desesperados com o que poderia acontecer , imaginem eu
ali no lado , o que poderia sobrar para mim, mais um pouco o cobrador , aquele era um
ônibus “pinga pinga “ , fala no corredor “tamo” chegando na Palhoça e todo
mundo suspira aliviado . O ônibus vai estacionando e o alemão “GG” , quando
passou já estava mais para “EGG”, passa pelo corredor em direção a porta do
ônibus meio atrapalhado , segurando as calças. Na parada obrigatória eu procurei
o Chico , pelo amor de Deus , vamos trocar de lugar , não da para agüentar , se
não trocar de banco comigo eu juro que
sigo daqui a pé pra casa. Até hoje eu agradeço
a gentileza do Chico , mas tenho um trauma de viajar de ônibus , ta louco meu .