sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

STORA ENSO ENVIA ESCLARECIMENTOS

Prezado Dr. Ruy,

Como o tema eucaliptos e Pampa recentemente motivou um post do Julio Prates em seu blog, gostaria de apresentar algumas considerações e contribuir para este debate. Também aproveito para convidá-lo a visitar o empreendimento florestal da Stora Enso, a fim de conhecer as nossas atividades florestais e as práticas ambientais que a empresa adota na Fronteira Oeste. Este convite se estende a outras pessoas de sua escolha, inclusive o jornalista Prates, em data que melhor lhes convier. Acredito que esta visita seria interessante para confrontar a realidade com algumas críticas e firmar opinião sobre o assunto.
Em relação ao post “Bioma Pampa – Candentes e preocupantes considerações do jornalista Julio Prates”, permita-me discordar que seja o eucalipto um dos maiores agressores do Pampa. Creio que o capim annoni seja um problema disseminado em toda a área e preocupante. Em 2008, este capim ocupava mais de 2 milhões de hectares do Pampa (área cerca de 20 vezes maior que a autorizada para plantio de eucaliptos), segundo informações do Instituto Hórus, com o agravante de ampliar constantemente sua área de ocupação, que se dá sem licenciamento ou estudo de impacto ambiental.
O texto também cita o Aqüífero Guarani como “a maior reserva de água doce subterrânea do mundo”. Este entendimento tem sido difundido por várias pessoas na internet, mas há indícios de que seja uma visão distorcida da realidade. Por exemplo, muitas tentativas de construir poços de até 1.000 metros de profundidade fracassaram nesta região, pois o Guarani é formado por porções descontinuadas e há evidências de que, a mais de 600 metros de profundidade, a água encontrada é salina. Sugiro a leitura do artigo “Aquífero Guarani: uma concepção simplista e enganadora”de autoria do Dr. em Recursos Hídricos Sandor Grehs e do engenheiro Carlos André Bulhões Mendes, PhD em Planejamento de Recursos Hídricos, ambos professores da UFRGS. 
Também foi dito pelo jornalista Prates que o eucalipto demora 70 anos para crescer na Finlândia e que lá seria sua terra de origem. No entanto, na Finlândia não se plantam eucaliptos, pois estes não suportam as condições climáticas daquela região. O eucalipto  tem origem na Austrália e na Indonésia. Há séculos é plantado em todos os continentes e amplamente estudado pela sua importância como espécie lenhosa .
Sobre o consumo de água, a ciência já comprovou que seu consumo é semelhante ao de outras espécies florestais da Amazônia e da Mata Atlântica. A experimentação científica tem demonstrado que a relação cobertura florestal com espécies nativas ou introduzidas, como o é o caso do eucalipto, é uma relação muito mais complexa e que os seus resultados vão depender da interação de vários fatores, e não apenas do plantio ou não da floresta. Sugiro a visão de alguns especialistas contida na publicação “A Silvicultura e a Água: Ciência, Dogmas, Desafios” disponível no site do Diálogo Florestal
Para finalizar, reforço o convite para um dia de campo em meio aos eucaliptos e me coloco à disposição para outras informações.

Atenciosamente,

Itamar Pelizzaro
Assessor de Comunicação 
Stora Enso Florestal RS Ltda