Visto de minha janela o Guaíba está plácido, lindo, suas águas confundindo-se com o céu azul.
E nós , moradores de P. Alegre, sonhando com essa reconciliação.
Eu cheguei a tomar banho em Ipanema, logo que cheguei a P. Alegre, em l964.
Antes disso, antes que a Ponte do Guaíba ficasse pronta, várias vezes vim com meu pai usando a travessia de barcas de Guaíba a P. Alegre e vice-versa.
Saíamos de Santa Cruz noite ainda, com o caminhão, buscar Coca-Cola, da qual meu pai era o representante. Em Rio Pardo tínhamos que atravessar de balsa. Depois, tudo sem asfalto, Pantano Grande e daí para Guaíba. Lá se entrava numa fila de caminhões. Iniciada a travessia eu me maravilhava com tanta beleza. Olhava extasiado para os edifícios do centro, ansiando para um dia poder morar num lugar que tivesse elevador.
Quando tudo ia bem a viagem de 150 kms de Santa Cruz a P. Alegre durava 6 horas.
Fico matutando, como é que o caminhão aguentava?
Outra coisa: eram seis horas de ida e seis de volta e a viagem não cansava.
O caminhão não tinha rádio. Não precisava: eu cantava para meu pai.
(( FOTO ZH)