A CALCINHA DA GISELE
O Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) decidiu que a publicidade de peças íntimas da Hope, estrelada por Gisele Bündchen apenas enaltecia a “sensualidade da mulher brasileira com uma pitada de bom humor”. A reunião do Conselho de Ética do Conar foi provocada por uma representação da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, através da titular da pasta Iriny Lopes.
Iriny Lopes, motivada por 40 reclamações indignadas com o uso de uma mulher (Gisele) como “objeto sexual” para acalmar uma provável reação do marido ao saber que ela tinha estourado o cartão de crédito e batido com o carro. Com calcinha e sutiã da marca Hope, Gisele dá um show de sensualidade no comercial veiculado na tevê brasileira.
Provavelmente será a bobagem do ano de uma ministra que tem uma pasta direcionada para promover políticas para as mulheres. O comercial de Gisele deveria ser usado exatamente ao contrário do que fez a senhora Iriny Lopes. É uma pena que nós homens não tenhamos um ministério como esse da dona Iriny.
Aí, sim, ela teria um exemplo de como se pode defender um sexo humilhado como fez Gisele conosco. Bastou apresentar-se em roupas íntimas e com sensualidade que o maridão aceitou tudo (no comercial).
Está na hora de se criar o Ministério do Homem. O que é um ministério a mais entre 39 existentes em vias de 40 com o projetado Ministério da Micro e Pequena Empresa? Chega de aparecer o macho tomando banho, ensaboado e sensual, nas novelas da Globo e provocando suspiros nas telespectadoras brasileiras, não levando em conta, em nenhum segundo, nossa capacidade intelectual, “enquanto” seres humanos e iguais numa sociedade moderna.
Quem vai defender do assédio feminino os garotões sarados que são tratados como meros objetos sexuais de mulheres de todas as idades? Este colunista ouviu de uma jovem senhora um longo suspiro quando um rapagão espadaúdo passou-lhe pela frente, só de sunga, bronzeado.
Ela não se conteve e disse em voz alta, após suspirar profundamente: “Isso não é tórax, é uma área de lazer!” Talvez o garotão não tenha ouvido o piropo ou não sequer fosse militante de alguma organização pela igualdade sexual. O certo é que houve um assédio explícito que poderia resultar numa queixa ao nosso ministério se ele existisse.
Um Ministério do Homem acabaria com essa agressão diária de garotas que se jactam de ter beijado dezenas de rapazes numa noite de balada. Nesta semana fomos outra vez agredidos com uma pesquisa que revelava que mulheres bonitas aceitam homens gordos desde que sejam ricos. A revolta da ministra Iriny Lopes contra o comercial da Hope foi insensata e, por isso mesmo, arquivada pelo Conar. Talvez ela não saiba por que jamais tenha se valido do expediente da sedução.
Uma mulher de calcinha e sutiã, na intimidade de um quarto, nunca será objeto sexual de um homem. É ali que está todo o seu poder de sedução que derruba governos, arranca informações de espiões treinados até para a tortura e também derrota qualquer macho na batalha dos lençóis.
Viva Gisele Bündchen! Viva a calcinha da Hope! As mulheres do Brasil precisam ser defendidas da burrice, da brutalidade do estupro e apoiadas pela liberdade de dizer que o cartão de crédito estourou e o carro está na garagem amassado. Com ou sem calcinha.
Essa tal Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres deveria utilizar essa pressa em condenar comerciais de tevê para defender meninas que se prostituem às margens das rodovias brasileiras ou são usadas como mulas para o tráfico de drogas.