Não me faz falta o carnaval porque não sou " brasileiro" na acepção nordestina ou carioca do termo. Não fui criado no meio da batucada e sim de pianos e violinos. Fazer o que..
Não me fazem falta as " Oktoberfest" por que não sou " alemão" na versão suarenta de Blumenau . Não vim da Alemanha da cerveja e sim da do vinho, no Mosel.
Nunca entrei num CTG porque não sou gaúcho na acepção campesina. Até os 8 anos só falava alemão: sou filho de colona com comerciante. Não fui criado no galpão e sim na cozinha e atrás do balcão.
Não me fazem falta as cavalgadas por estradas e corredores pois só uso o cavalo a trabalho, na estância, para ver os terneiros abichados que só eu, por ser dono, enxergo.
Uso poncho Campomar porque de a cavalo ele é prático, mas na cidade envergo casacão. Não uso lenço ao pescoço por que hoje não degolam mais . Para montar a cavalo uso bombacha que é prática para alçar a perna e não apertar os bagos. Na cidade, onde não tem cobra, não uso botas. Só na estância para não pisar em ponta de osso ou ser mordido por uma " cascavela".
Só irei a um desfile Farroupilha quando realmente formos independentes como nação. Antes disso aproveito outros recantos.
Nunca fui no Parque da Harmonia. Mal dou conta das lides verdadeiras do campo quando vou cuidar de meus interésses lá fora.
Eu sei que a maioria das letras " gaudérias" são feitas por gente que não distingue uma vaca de um touro. Por isso me refugio na música erudita ou na popular de qualidade, o que inclui clássicos regionais de muito esmero.
Mas nada tenho contra carnaval, pagode, batuque, trios elétricos, cavalgadas, desde que não me obriguem a participar.
Assim não preciso explicar por que não me incomodo de viajar miles de quilômetros só para jogar um torneiozinho de tênis. Já joguei na geada e no sol de 50 graus.
Canso de tocar violino só para mim . Não me incomodo de ficar solito, não gosto de junção.
Gosto é gosto y hay que respechar.